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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 23 de abril de 2018

A recuperação econômica esfriou no 1º trimestre de 2018?


Ricardo Lacerda
A publicação recente dos principais indicadores de evolução da atividade econômica trouxe preocupação sobre os riscos de que a retomada da economia brasileira tenha esfriado nesse início de 2018. Os desempenhos setoriais ruins nos dois primeiros meses do ano parecem mesmo sinalizar uma atenuação do crescimento que se apresentava com perspectivas mais robustas no segundo semestre de 2017. As consultorias especializadas se apressaram para rever para baixo as projeções para o crescimento do PIB de 2018, mas a mediana das estimativas permaneceu relativamente alta, de 2,76%, para 2018, mantendo-se a taxa de 3% para 2019.
Os dados sobre a evolução do mercado de trabalho têm se apresentado relativamente piores do que os de volumes de atividades setoriais, com a continuidade da queda no contingente de pessoas ocupadas com vínculos formais (nos resultados da Pnad Contínua) e a desaceleração de certa intensidade na expansão dos vínculos informais. 
A desaceleração do ritmo de crescimento do nível de atividade fez acender o sinal de alerta sobre a possibilidade, mesmo relativamente remota, de que a retomada da economia se revele muito mais frágil do que a prevista anteriormente. Ainda mais quando aumentaram a instabilidade e a imprevisibilidade do cenário político interno e, no cenário externo, apesar de o ritmo de crescimento econômico se manter robusto, o ambiente político apresentou forte deterioração e a espiral do protecionismo ensaia seus primeiros episódios.
Voo de galinha
Para os analistas menos otimistas, parte expressiva do crescimento de 2017 foi causada por fatores não recorrentes, que não deverão voltar a se repetir em 2018 e anos seguintes, como a liberação de recursos do FGTS e os fortes incrementos da produção agrícola e das vendas externas.
A continuidade do crescimento da economia brasileira em 2018 estaria basicamente assentada na expansão do consumo, mas a manutenção do incremento desse componente da demanda estaria sob risco.  Diante do súbito esfriamento do mercado de trabalho, a sustentação do ritmo de incremento do consumo, e assim, do conjunto da economia brasileira, estaria à mercê dos impactos positivos da redução dos juros nominais, impulso quase solitário sobre o nível de atividade nesse momento.
Moderação
A perspectiva mais pessimista sobre a evolução de nossa economia não é a dominante, pelo menos não é ainda. A avaliação mais aceita até o momento é de que a desaceleração na evolução dos indicadores nos meses de janeiro e fevereiro pode simplesmente refletir uma correção em relação aos resultados acima dos esperados no período imediatamente anterior. O ritmo do crescimento tendencial nem seria aquele mais elevado do final do ano passado, nem tampouco a quase estagnação desse início de 2018. Nessa perspectiva, deverá prevalecer um resultado intermediário. Vai ser necessário aguardar; somente a publicação dos resultados setoriais dos próximos meses deverá apontar o cenário que deverá prevalecer.
Indústria, serviços e varejo
No acumulado de janeiro e fevereiro, a produção física da indústria de transformação recuou 2,6%, em relação a dezembro de 2017, e as atividades de serviços recuaram 3,29%. Mesmo os índices de confiança setoriais sobre o futuro passaram a apresentar maiores oscilações. O volume de vendas no varejo, até o momento, manteve a trajetória de crescimento.
No acumulado de janeiro e fevereiro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Banco Central (IBC-BR) recuou 0,56%, em relação dezembro de 2017. A linha continua dupla no Gráfico mostra a evolução do IBC-BR no acumulado de dois meses, na série livre de efeitos sazonais. Nessa série fica evidente a desaceleração do ritmo de crescimento nos resultados de janeiro e fevereiro, depois da aceleração entre outubro e dezembro de 2017. A linha pontilhada, por sua vez, mostra a comparação com os mesmos bimestres do ano anterior: depois de acelerar até outubro de 2017, o IBC-BR na média bimestral manteve até janeiro taxas de crescimento em patamar superior a 2%, e em fevereiro recuou para 1,8%.
Finalmente a linha contínua simples apresenta uma perspectiva de prazo mais largo, com a taxa do crescimento acumulado em doze meses, em comparação aos dozes meses anteriores. Essa série sinaliza que o ritmo de aceleração de crescimento do IBC-BR perdeu ímpeto nos últimos resultados, mas se mantém relativamente elevado.
Em síntese, constatou-se um esfriamento do crescimento do nível de atividade econômica nesse início de 2018. Aparentemente, houve uma correção em relação ao crescimento mais robusto do último trimestre de 2017; mas pode não ter sido apenas isso.

Fonte. BCB


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