Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O mercado de trabalho em 2016

Ricardo Lacerda

Na semana passada foram apresentados os primeiros dados sobre o mercado de trabalho em 2016. A taxa de desocupação de janeiro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE atingiu 7,6%, frente a 5,3% de janeiro de 2015.
Também foram publicados os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Em janeiro foram cortados 99.694 empregos formais e nos últimos doze meses (fevereiro 2015- janeiro 2016) a perda de postos formais alcançou 1.590.822. Nesse período, o estoque de emprego formal se retraiu em 3,86%. Com o agravamento da crise, ficou para trás o período em que a taxa de geração do emprego formal havia descolado do nível de atividade econômica. Em 2015 e nesse início de 2016, emprego e PIB caem solidariamente.
Ainda que 7,6% não seja uma taxa elevada para os padrões brasileiros (ver Gráfico 1), a desocupação nas regiões metropolitanas pesquisadas cresceu em uma velocidade acentuada nos últimos doze meses espelhando a deterioração do mercado de trabalho, que tem sido abrangente, tanto em termos geográficos quanto em termos setoriais.


Fonte: IBGE-PME

Regiões metropolitanas
A taxa de desocupação de algumas regiões metropolitanas já estava em crescimento de forma sistemática desde meados em 2014, na série que compara com o mesmo mês do ano anterior, mas foi em dezembro daquele ano que ela começou a crescer na média das regiões metropolitanas.
Em 2015, a partir de fevereiro, as taxas de desocupação ganham forte impulso e desde então tivemos doze meses seguidos de incremento desse indicador em todas as regiões metropolitanas pesquisadas, sempre na comparação com o mesmo mês do ano anterior, fato inédito na série iniciada em 2002.
Nas regiões metropolitanas de Recife e Salvador, cujas taxas são historicamente mais elevadas do que nas demais, a desocupação de janeiro superou 10% da População Economicamente Ativa (ver Gráfico 2). Chama especialmente a atenção a situação da Região Metropolitana de Recife, cuja taxa de desocupação saltou de 6,7% para 10,5% entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016. Recife e região foram extremamente prejudicados com a finalização do primeiro bloco de investimentos do Complexo Portuário-Industrial de Suape sem o consequente início da segunda etapa.



Fonte: IBGE-PMC
Ocupação e desocupação
Na comparação entre janeiro de 2016 e janeiro de 2015, o número de pessoas ocupadas sob qualquer tipo de vínculo no mercado de trabalho encolheu 643 mil. As vagas de emprego formal no setor privado reduziram em 381 mil, equivalentes a uma queda de 3%, mas proporcionalmente a maior queda ocorreu no número de empregados sem carteira de trabalho 8,2%.
Estranhamente, o número de pessoas trabalhando por conta própria ou empregadores, como alternativa à queda nos vínculos empregatícios, não teve o crescimento que poderia se esperar. O contingente de pessoas trabalhando por conta própria aumentou em apenas 15 mil e o de empregadores se retraiu em 72 mil.
A queda na ocupação foi bem mais intensa entre os adolescentes, nas faixas de 10 a 17 anos, mas atingiu fortemente os jovens entre 18 e 24 anos. Entre os trabalhadores na faixa de 25 a 49 anos, a retração foi menos acentuada. A única faixa em que a ocupação aumentou foi de 50 anos ou mais. A redução na ocupação atingiu quase que igualmente pessoas de ambos os sexos. Todos os grupos de anos de escolaridade foram alcançados, ainda que a redução tenha sido maior na faixa de pessoas com 8 a 10 anos de instrução, que, grosso modo, corresponde a pessoas com ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto.
A deterioração acelerada do mercado de trabalho é a face mais dura da crise econômica atual. As dificuldades políticas, ao postergar decisões e minar a confiança das famílias e investidores, somente acentuam a sua gravidade e ampliam sua duração.


Publicado no Jornal da Cidade, em 28/02/2016 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O consumo e o PIB em 2015

Ricardo Lacerda

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), indicador aproximado do PIB, despencou 4,1% em 2015. O resultado é muito ruim e também incomum.
Desde os anos oitenta, somente em 1981, no início da crise da dívida externa que soterrou os países em desenvolvimento não exportadores de petróleo em todo o globo, e, em 1990, quando o presidente Fernando Collor suprimiu a liquidez do sistema econômico visando derrubar uma inflação que extrapolava mil por cento ao ano, a queda do nível de atividade da economia brasileira havia atingido a casa de 4%.
Tivemos nesse período ainda mais três resultados negativos no PIB. Em 1983, na sequência da segunda maxidesvalorização cambial promovida pelo então ministro Delfim Netto, quando o PIB caiu 3,4%. As outras duas quedas anuais do PIB brasileiro ocorreram em 1992, ano da crise política do impeachement do presidente Collor, de 0,5%, e, em 2009, em meio ao furacão da crise financeira internacional, de 0,1%.
A verdade é que não há, até o momento, uma explicação satisfatória para a dimensão da queda do PIB de 2015, superior a 4%. Para deixar claro, não me refiro às causas dos desequilíbrios macroeconômicos, em torno das quais há intensa polêmica, e sim ao que provocou o número tão desastroso de 2015.
O consumo despenca
Do ponto de vista das variáveis de dispêndio (consumo das famílias, consumo do governo, investimento e saldo externo de bens e serviços), a economia brasileira começou a perder o chão no terceiro trimestre de 2013 (ver Gráfico 1).
Há um novo rebaixamento na evolução das variáveis a partir do segundo trimestre de 2014: o consumo das famílias entrou em estagnação; a FBCF iniciou o período de quedas sucessivas de dimensões colossais que permanece até o último resultado conhecido; e as exportações de bens e serviços voltam a desabar, depois das quedas em 2012, como reflexo do fim do ciclo longo de valorização das commodities. 
É no primeiro trimestre de 2015, todavia, que a economia brasileira a inicia sua queda livre. Por que a queda foi tão acentuada?
O ajuste e a queda do consumo
Diante da urgência em realizar os ajustes macroeconômicos, tornou-se inviável sustentar o nível de atividade por meio do estímulo ao consumo das famílias e dos gastos correntes do governo.
A partir do primeiro trimestre de 2015, o consumo das famílias, que responde por cerca de 60% da demanda agregada da economia, passa a apresentar quedas sucessivas e cada vez mais maiores. Depois de cair 1,5%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o consumo das famílias se retrai 3%, no segundo trimestre, e 4,5% no terceiro trimestre de 2015. Desde 2003 que o consumo das famílias não apresentava queda.
As despesas correntes do governo, por sua vez, passam a apresentar evolução negativa desde o último trimestre de 2014, ainda que as quedas não tenham sido tão acentuadas quanto as do consumo das famílias.


Fonte: IBGE. CNT.
Comércio varejista
Os resultados do comércio varejista espelham bem a evolução negativa do consumo. O volume de vendas no varejo apresentou queda em 2015, o que não acontecia também desde 2003. A retração nas vendas atingiu 4,3%, na média do ano, mas foi se acentuando trimestre a trimestre.
Depois de cair 0,8% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo trimestre de 2014, o volume de vendas no varejo se retraiu 3,5%, no segundo trimestre, 5,7% no terceiro trimestre e fechou 2015 com uma queda de 6,9%, no quarto trimestre.
Como mostra o Gráfico 2, a piora ao longo do ano foi generalizada entre as atividades comerciais, abrangendo as vendas no setor de supermercados, hipermercados e alimentos, vestuário e calçados, móveis, eletrodomésticos e combustíveis. Entre as atividades pesquisadas, apenas o segmento de produtos farmacêuticos e cosméticos fechou o ano no azul, mesmo assim o resultado positivo encolheu a cada trimestre.


Fonte: IBGE. PMC

Alguns fatores cruciais como a deterioração do cenário externo, a agudização da crise de confiança e principalmente os efeitos diretos e indiretos das medidas ajuste sobre o poder de compra das famílias explicam a maior parte da queda de cerca de 4% do PIB em 2015.
Os impactos de algumas dessas medidas sobre a redução da renda das famílias podem ter atingido seu pico e deverão a ser atenuados nos próximos trimestres, notadamente aqueles decorrentes dos aumentos das tarifas públicas e da depreciação da paridade cambial.
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior (na série livre de efeitos sazonais), o IBC-BR acelerou a queda até meados de 2015 (ver Gráfico 3). Na segunda metade do ano, a retração do IBC-BR continuou intensa, mas não mais crescente. É possível que nos próximos trimestres o ritmo de piora seja decrescente até que, finalmente, cheguemos ao fundo do poço.



Fonte: BCB. Obs: Série livre de efeitos sazonais.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A produção industrial em 2015

Ricardo Lacerda

O ano de 2015 foi pródigo em números ruins para o setor industrial. E os resultados somente se agravaram no seu transcurso. A produção industrial brasileira despencou 8,3%, retração superior mesmo à enfrentada em 2009, em pleno furacão da crise financeira internacional. O índice de dispersão da queda do setor industrial alcançou 100%, o que significa que todas as atividades industriais reduziram o volume de produção, ainda que em graus bem variados. Em todas elas, com a exceção da fabricação de produtos alimentícios, a produção continuou caindo no quarto trimestre, em relação ao terceiro, na serie livre de efeitos sazonais.

A produção industrial despencou porque faltou renda e confiança às famílias, as empresas investiram menos, adquirindo menos bens de capital, a depreciação do real encareceu os componentes importados e o acesso ao crédito se tornou mais caro e mais difícil.

O mercado externo também não foi favorável. As exportações do setor industrial despencaram 9,2% quando medidas em dólar, ainda que tenham aumentado quase 10% em quantidade e mais do que isso quando convertidas em moeda nacional, mesmo descontando a inflação do período, o que não deixa de ter o seu significado sobre o nível da atividade industrial interna. O que o setor industrial poderia ter ganhado no mercado externo pela depreciação do real foi atenuado pela perda de vitalidade no crescimento econômico na economia mundial e foi muito mais do que contrabalançado pelos efeitos da queda da renda sobre o poder de compra interno, inclusive aquela parcela da queda da renda decorrente da depreciação da moeda nacional.

Renda e crédito

Ainda que a retração da produção tenha atingido a todas as atividades industriais, quatro cadeias produtivas parecem ter sido especialmente atingidas: a metal-mecânica, liderada pela indústria automobilística; a têxtil-confecção, incluindo calçados; a cadeia produtiva que abrange os setores vinculados à construção civil, incluindo produtos metalúrgicos e fabricação de móveis; e a cadeia eletro-eletrônica.

Nessas cadeias produtivas, quatro entre as cinco mais importantes na estrutura industrial brasileira, a maioria das atividades apresentou queda no volume de produção superior a 10%. Em algumas delas a retração foi muito mais acentuada, como na fabricação de automóveis e na de produtos de informática.

Aquelas atividades cuja demanda é mais sensível ao crédito ou ao grau de confiança no futuro foram mais fortemente atingidas do que as atividades mais dependentes da renda corrente, embora essas também tenham sofrido quedas acentuadas.

Uso dos bens

A tabela apresentada traz a variação do nível de atividade dos segmentos industriais segundo o uso dos bens, na comparação entre 2015 e 2014. Uma primeira observação é que o volume da produção física da indústria geral acelerou a queda ao longo de 2015, na comparação de cada trimestre com o mesmo trimestre do ano anterior. Assim, o volume da produção física da indústria geral se retraiu 5,6% no primeiro trimestre de 2015 em relação ao primeiro trimestre de 2014. Nessa série, a contração se acentuou para 6,2%, no segundo trimestre, e apresentou quedas muito mais expressivas nos terceiro e quarto trimestres do ano, -9,3% e  -11,8%, respectivamente.

Em quase todas as categorias de uso, as quedas do nível de produção se acentuaram na segunda metade do ano, sinalizando o quão mal o setor industrial está iniciando o ano de 2016.

O volume de produção física de bens de capital caiu 25,5% em 2015 mas no último trimestre do ano, na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a queda foi ainda mais intensa, 32%. Entre os bens intermediários, o aprofundamento da crise foi proporcionalmente maior, passando de um recuo de 5,8% no terceiro trimestre para uma contração de 9,6%, sempre na comparação com os mesmos trimestres do ano anterior.

A queda na produção de bens de consumo não duráveis não ficou circunscrita ao setor automobilístico. Os demais setores de não duráveis recuaram 24% em 2015 e seguiram a tendência de acentuar a queda nos dois últimos trimestres do ano, assim como nas atividades produtoras de bens de consumo semiduráveis.

O ritmo de retração na produção física dos bens de consumo não duráveis, mais dependente da renda corrente do que do crédito, foi quase constante ao longo dos trimestres, recuando 9,5% na média do ano.

A evolução da atividade industrial nos próximos trimestres vai depender da evolução dos mesmos fatores que explicaram a queda acentuada em 2015: renda, confiança, crédito, comportamento do câmbio e do cenário externo. Até onde a vista alcança, as melhores apostas são de que as medidas de ajustes serão aprovadas ajudando a restabelecer o nível de confiança e de que os efeitos de perda do poder de compra decorrentes da depreciação da moeda já ficaram para trás, enquanto os ganhos de competitividade começarão a serem sentidos no futuro próximo.


Tabela. Taxa de crescimento do volume de produção física da indústria segundo o uso dos bens, em relação ao mesmo período do ano anterior. (%)
Categorias
Trimestres
2015
2 º
3 º
4 º
Bens de capital
-17,8
-22,0
-30,5
-32,0
-25,5
Bens de capital, exceto equip. de transp. Industrial
-12,4
-17,7
-25,0
-28,5
-20,9
Bens intermediários
-2,4
-2,9
-5,8
-9,6
-5,2
Peças e acessórios p/ equipamentos de transporte
-13,2
-14,2
-21,1
-25,0
-18,2
Bens de consumo duráveis
-15,6
-12,4
-18,9
-27,6
-18,7
Bens de consumo duráveis - exceto automóveis
-16,1
-12,7
-19,6
-24,0
-18,2
Automóveis para passageiros
-15,8
-13,1
-18,9
-29,9
-19,4
Bens de consumo semiduráveis
-7,0
-8,1
-12,4
-15,7
-11,0
Bens de consumo não duráveis
-8,1
-10,9
-9,6
-9,3
-9,5
Gasolinas para automóvel
-8,3
-7,3
-7,1
0,4
-5,5
Indústria Geral
-5,6
-6,2
-9,3
-11,8
-8,3
Fonte: IBGE: PIM



 Publicado no Jornal da Cidade, em 14 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O roteiro do ministro Nelson Barbosa

Ricardo Lacerda
O ministro Nelson Barbosa deverá enfrentar dificuldades de várias ordens para realizar as tarefas que se atribuiu nesse início de 2016. Com o nível de atividade da economia brasileira despencando, deterioração do quadro fiscal e enfrentando cenário externo muito adverso e que envolve elevado grau de incerteza, o ministro se propõe executar uma política econômica a partir da adoção de dois eixos de atuação, cada um deles com algumas questões mais urgentes e outras questões de caráter estrutural (ver Quadro abaixo).

O primeiro eixo de atuação diz respeito à situação fiscal do país; o segundo eixo trata de estancar a queda do nível de atividade econômica e apontar para a retomada do crescimento mesmo que a médio prazo. Como se sabe, não é fácil lidar com esses dois problemas simultaneamente, como ficou patenteado no ano passado quando não se conseguiu tratar satisfatoriamente nem de uma coisa nem de outra.

O tamanho do ajuste

A situação fiscal do Brasil se agravou muito nos dois últimos anos. Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2015, a dívida bruta do governo saltou 14,5 pontos de percentagem como proporção do PIB. É muito para um período tão curto. Em 2015, a relação divida bruta/PIB aumentou 9 pontos percentuais.

Economistas de fora do governo, que defendem um ajuste fiscal mais duro, já afirmaram em público que mesmo os cortes mais elevados propostos pelo ex-ministro Joaquim Levy não seriam suficientes para estacar a deterioração do quadro fiscal.


Com o PIB despencando 3,8%, como deve ter ocorrido em 2015, e a projeção de nova queda para 2016, o corte nas despesas públicas necessário para estabilizar essa relação e depois reduzi-la progressivamente teria que ser brutal.  

A tarefa imediata de Nelson Barbosa exige transitar entre essas duas prioridades: conter a deterioração do quadro fiscal e impedir que o nível de atividade continue despencando nos próximos meses.

As medidas mais urgentes são aquelas que visam sinalizar o estancamento da deterioração do quadro fiscal por meio da aprovação de medidas já em tramitação no congresso nacional como a Desvinculação da Receita da União (DRU) e a CPMF.

O Ministro em sua apresentação na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) em 28 de janeiro último assinalou que o governo federal praticamente repetiu em termos nominais em 2015 o mesmo gasto de custeio de 2014, o que equivale a uma redução de mais de 8% em termos reais.

A CPMF e a DRU são apresentadas como medidas de transição para impedir novas perdas de receita e para flexibilizar despesas que hoje são muito engessadas, apenas 8,5% do gasto primário da União são contingenciáveis.

O ajuste mais estrutural somente seria alcançado por meio de um amplo processo de reforma fiscal que contemplaria, entre outras prioridades, mudanças importantes no sistema previdenciário. O Ministro defendeu inclusive o estabelecimento de um teto legal para o gasto público primário enquanto proporção do PIB.

Nível de atividade

A queda muito acentuada do nível de atividade econômica em 2015 decorreu de uma série de fatores, dentre os quais poderíamos relacionar como os mais importantes a redução do poder de compra das famílias associada em grande parte ao realinhamento dos preços monitorados e à depreciação do real, os efeitos da intensa queda nas cotações de nossas principais commodities no mercado internacional e a deterioração do quadro fiscal. Some-se a este cenário uma situação de paralisia política para completar o abalo na confiança na economia por parte dos agentes de mercado e das famílias.

Entre as forças alinhadas para estancar a queda do nível de atividade, a proposta do Ministro centrou-se na expansão em caráter emergencial do crédito, inclusive com a utilização de recursos do FGTS para lastrear investimentos em infraestrutura e para garantia nas operações de financiamento ao consumo. Outro eixo de atuação fundamental é destravar os investimentos por meio de concessão em segmentos de infraestrutura, notadamente rodovias e energia. O terceiro vetor apoia-se no crescimento das exportações decorrente da forte desvalorização da paridade de nossa

QUADRO: PRIORIDADES DA POLÍTICA ECONÔMICA.
REUNIÃO DO CDES 28/01/2016
¾   Completar as medidas de ajuste fiscal
¾   Iniciar um processo de reforma fiscal
¾   Estabilizar e recuperar o nível de renda e de emprego com:

·       incentivo ao investimento e às exportações

·       reformas institucionais para aumentar produtividade
Fonte: Apresentação do ministro Nelson Barbosa na reunião do CDES em 28/01/2016

O ano de 2015 não teve sucesso em realizar a transição pretendida para o crescimento, mas não foi perdido. A correção dos preços monitorados (notadamente energia elétrica e combustível) e o realinhamento do câmbio foram executados, provocando uma mudança de grande magnitude no sistema de preços relativos da economia brasileira que deverá mover no médio prazo placas tectônicas do sistema produtivo.

O ônus dessa inflexão já foi pago, em sua maior parte, o bônus está demorando mais do que previsto, em função da crise de confiança interna e da deterioração recente do cenário internacional.
As chances do trabalho Ministro ser exitoso dependem de um grande número de variáveis mas, certamente, a mais importante, que precede todas as demais, é a capacidade do governo formar uma maioria suficientemente sólida no congresso nacional para aprovar as medidas propostas pelo Ministro, sem o que não haverá roteiro a ser executado.
   

Nelson Barbosa, Ministro da Fazenda.
Publicado no Jornal da Cidade em 07/02/2016