Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O IDH e outros indicadores



Ricardo Lacerda

O debate sobre desenvolvimento remete aos fundadores da economia política, desde os fisiocratas e Adam Smith, no século XVIII, a David Ricardo e Karl Marx, no século XIX. É no século XX, em plena grande depressão dos anos trinta, que foi elaborado o primeiro indicador abrangente de desenvolvimento dos países e regiões, o PIB. A medição do Produto Interno Bruto foi desenvolvida pelo economista Simon Kuznets, em 1934, e foi adotada de forma generalizada pelos países no após segunda guerra mundial. A série do PIB brasileiro se inicia em 1947. O PIB e o seu derivado, o PIB per capita, se estabeleceram como medidas do nível de bem estar das sociedades.

IDH e IPM

O Índice do Desenvolvimento Humano- IDH foi elaborado em 1990 pelo paquistanês Mahbubul Haq com a colaboração do Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen, com o intuito de focar nas pessoas, e não na riqueza gerada, o parâmetro de avaliação do desenvolvimento econômico e social. Assim como o PIB eo PIB per capita têm importantes limitações e imperfeições, dentre as quais duas se destacam: não levar em conta as desigualdades de renda entre as pessoas e não descontar da valoração da riqueza os impactos negativos (as externalidades negativas) gerados pela atividade econômica sobre o bem estar, o IDH também as tem.

Do ponto de vista formal, a principal limitação do IDH, diferentemente do que ocorre com o PIB per capita, é que um índice de 0,800 não significa que um país ou estado apresenta o dobro do desenvolvimento humano de outro com 0,400. Em outras palavras, o valor do índice em si não tem grande significado, a não ser que o IDH de 0,800 é bem melhor do que o de 0,400. Isso decorre do caráter multidimensional do IDH que procurou traduzir em um único indicador o poder aquisitivo, o desenvolvimento educacional e as condições de saúde de uma população. Para superar tal limitação, foram criadas faixas de IDH indicando se um país se encontra em situação de alto, médio ou baixo desenvolvimento humano. As faixas não consideram os valores absolutos do IDH e sim a posição relativa na escala dos países.

Desde 2010, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em seu Relatório de Desenvolvimento Humano, vem adotando, ao lado do IDH, o índice de Pobreza Multidimensional – IPM que confere, segundo a instituição, uma visão mais adequada das privações que as famílias estão sujeitas, incluindo variáveis como o acesso a saneamento e as condições ambientais. Atua, portanto, no sentido de orientar as políticas públicas na superação das privações que afetam as parcelas mais pobres da população.

IDH Sergipe

A primeira medição do IDH dos estados brasileiros foi elaborada em 1998, com dados fornecidos pelo censo demográfico de 1991, a partir do cálculo dos IDHs municipais (IDH-M). Em 1991, Sergipe apresentava o IDH-M de 0,597, na 3ª posição do Nordeste, atrás de Pernambuco e Rio Grande do Norte.  Naquele ano, nosso estado se situava em 2º lugar em renda, 3º lugar em educação e 3º lugar em longevidade.

Com os dados do censo demográfico de 2000, o PNUD voltou a calcular o IDH-M. Sergipe, como os demais estados, avançou nas três dimensões. O IDH-M de 2000 referente a Sergipe alcançou 0,682, mas sua posição no ranking ao longo da década de noventa recuou para o 5º lugar, com a ascensão da Bahia e do Ceará aos 3º e 4º lugares, respectivamente. O PNUD efetuou outra medição com dados de 2005, com o IDH de Sergipe atingindo de 0,742, o 2º da região Nordeste, depois da Bahia. 

Em 2009, o Banco Central do Brasil, utilizando a metodologia do PNUD, calculou a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar os IDHs dos estados brasileiros referentes ao ano de 2007, mostrando conquistas importantes. Sergipe apresentou o IDH de 0,770, a 1ª posição no ranking regional, seguido pela Bahia e Rio Grande do Norte. Sergipe se apresenta como 2º lugar em renda, depois do Rio grande do Norte, 1º em escolaridade e 2º em longevidade, depois da Bahia. Em 2013, o PNUD publicará o IDH-M com os dados do censo demográfico de 2010, que poderão ser comparados com os resultados de 2000, também calculado com dados censitários.



Fonte:Boletim Regional do Banco Central do Brasil. Janeiro de 2009


Do ponto de vista prático, a ampla disseminação do IDH constitui em ganho importante por que colocou no centro do debate democrático o desenvolvimento humano e o IDH passou a orientar as políticas públicas em um número crescente de países. A sua força e a sua debilidade decorrem de sua simplicidade. Se o IDH permite a comparação entre os países e regiões, ele se apoia em apenas algumas poucas das variáveis que podem ser consideradas relevantes na avaliação do desenvolvimento humano.

Com muito caminho ainda a trilhar, Sergipe, a exemplo de outras unidades da federação, vem avançando a passos firmes no desenvolvimento humano, seja quando são consideradas as dimensões do IDH, seja em outras dimensões de privações das famílias mais pobres.



Publicado no Jornal da Cidade em 27/08/2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O pior já passou (?)



Ricardo Lacerda

O ministro Guido Mantega deve ter respirado aliviado. Na semana que passou foram publicados indicadores que deram alento ao seu otimismo arraigado. Os dados sobre emprego e rendimentos referentes ao mês de julho, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do MTE, o resultado das vendas no varejo do IBGE e o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), referentes a junho, sinalizam que o mecanismo econômico pode ter começado a operar no sentido de acelerar o crescimento, depois de meses da baixa rotação que frustrava a esperança de que as medidas que vinham sendo adotadas tivessem eficácia.
Os resultados de junho e julho podem ser os primeiros sinais de que o ritmo de crescimento alcançou um patamar sustentado acima de 3% ao ano, deixando para trás o período de descrença e desânimo dos agentes econômicos.
Indicadores
A expansão do volume de vendas no varejo atingiu 1,5% em junho na comparação com maio, livre de efeitos sazonais, no melhor resultado desde janeiro (ver Gráfico 1).  Na comparação com junho de 2011, o volume de vendas no varejo atingiu 9,5% e nos últimos doze meses cresceu 7,5%. O mais significativo é que a aceleração do crescimento nas vendas não se limitou aos setores recentemente incentivados pela redução de impostos, como alguns analistas apostavam que o resultado de junho revelaria. A expansão das vendas no varejo foi abrangente, atingindo nove dos dez setores pesquisados. Aponta-se que as melhorias nas condições do crédito finalmente superaram os entraves à reaceleração das vendas no varejo. 
O comportamento do mês de junho confirmou que o consumo das famílias continua sendo uma das forças que empurram para cima o crescimento econômico, sepultando algumas crenças pouco aderentes com a realidade de que seu poder de empuxe já teria chegado ao limite.
 Fonte: IBC-BR, Banco Central do Brasil. Volume de vendas no varejo, IBGE.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

100 mil acessos

Na semana que passou, o blog Cenários de Desenvolvimento completou 100 mil acessos desde sua criação em maio de 2008. O recorde de acesso se deu em maio último, 12 mil e quebrados, uma média diária superior a 400.

Atribuo  à greve dos sistema federal de ensino superior e, em menor grau, às ferias escolares, a queda abrupta que ocorreu em junho e em julho, quando o acesso diário caiu para a faixa de 120 a 150. Agora em agosto os acessos começam a se recuperar, tendo atingido  280 no dia de ontem. (P.S. 358 acessos no dia 14.)

Enfim, acredito que superados os eventos que contiveram a demanda, retornaremos em breve ao patamar de abril e maio, com possibilidade de retomar a trajetória de expansão dos acessos.  Penso que mudanças estruturais no mercado, como o aumento da audiência do facebook frente à visitação de blogs, e restrições do lado da oferta que limitam o crescimento da produtividade do blog, não têm sido os principais limitantes da expansão (rsrsrs).

Gracias a todos!






segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O que esperar de 2012 e 2013



Ricardo Lacerda

É notório o empenho do governo brasileiro em deixar para trás o baixo dinamismo em que se arrasta a economia brasileira. Desde meados de 2011, quando ficou claro que a deterioração do cenário europeu contaminaria as perspectivas de crescimento doméstico,o governo fez uso de um amplo leque de ações com o propósito de aquecer a economia por meio do aumento da demanda das famílias e das empresas preservando, todavia, os gastos públicos.

Apesar dos reiterados anúncios do Ministério da Fazenda de que a retomada da economia já estaria em curso, sinais mais consistentes são ainda esparsos e convivem com a piora de alguns indicadores. A persistente turbulência na Zona do Euro, de desfecho imprevisível, e a titubeante recuperação do nível de atividade da economia americana, somadas a restrições internas, têm segurado a reaceleração do nível de atividade, gerando dúvidas sobre o que é possível esperar da economia brasileira no segundo semestre de 2012 e em 2013.

Estímulos

As medidas de estímulo ao crescimento contemplaram todo um arsenal de instrumentos para recuperar a capacidade de endividamento das famílias, para desonerar o consumo, reduzir o custo dos empréstimos e elevar a competitividade da produção interna frente aos produtos importados.

Vários instrumentos foram utilizados para alcançar esse objetivo: desvalorização cambial, desonerações tributárias e redução do custo do dinheiro, prioridade de fornecimento interno nas compras públicas.


domingo, 5 de agosto de 2012

Ocupação em Aracaju e em alguns dos maiores municípios sergipanos



Ricardo Lacerda

Os dados sobre a estrutura da ocupação da força de trabalho nos municípios sergipanos em 2010 oferecem um cenário que confirma alguns fatos já conhecidos, mas traz também novidades. Assim, reafirma-se o perfil acentuadamente comercial do município de Itabaiana, que lidera em termos de participação da força de trabalho ocupada nessa atividade, 23,7%, quase uma em cada quatro pessoas ocupadas no comércio ou em reparação de veículos.

O município agrestino também se situa entre os primeiros na ocupação de pessoas nas atividades de transporte e armazenagem, 6% da força de trabalho local, mas quem lidera em termos proporcionais é Carmópolis, com 9,7% das pessoas dedicadas a esta atividade, certamente por conta da demanda gerada pela Petrobras. Alerta-se que as informações dizem respeito ao local de residência das pessoas e não do município onde desenvolvem as atividades.

Uma síntese da composição da ocupação em 2010 nos vinte principais municípios nesse critério se encontra na Tabela 1. A Lista completa para os 75 municípios sergipanos pode ser acessada no endereço eletrônico que se segue. http://www.4shared.com/office/wb_byCLT/Anexo-_Ocupao_Municipios_2010.html.

Setorial

Entre os vinte municípios selecionados, Poço Redondo, Porto da Folha e Poço Verde contam com as maiores participações de sua população ocupada no setor agropecuário. Itabaianinha, Tobias Barreto, Nossa Senhora do Socorro, Capela e Itaporanga apresentam as participações mais elevadas no setor industrial, sendo que na indústria de transformação Itabaianinha e Tobias Barreto lideram, enquanto na construção civil são os municípios da região metropolitana, Nossa Senhora de Socorro e São Cristóvão, seguidos por Canindé do São Francisco, Itaporanga e Capela, que abrigam as maiores proporções de trabalhadores ocupados (ver Tabela 1).


Fonte: Censo demográfico de 2010