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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Rio de Janeiro e vínculos precários retardam a recuperação do emprego formal no Sudeste


Ricardo Lacerda

A região Sudeste, a mais industrializada do país, é também a que vem apresentando nos últimos doze meses a maior discrepância entre os comportamentos do emprego formal e do emprego informal. Na comparação entre os quatro trimestres de 2017 e os de 2016, a ocupação total naquela região apresentou incremento de 1%, enquanto o pessoal ocupado no setor privado com carteira de trabalho assinada recuou em 2,8%; portanto, 3,8 pontos percentuais de diferença entre as evoluções dos dois agregados.
Se a situação do mercado de trabalho no Nordeste foi a que mais se deteriorou no período, pois, além de apresentar a queda mais acentuada no emprego formal, foi a única região em que a ocupação total caiu nessa comparação, na região Sudeste as evoluções da ocupação formal e da informal registraram as divergências mais acentuadas.
Empregos celetistas
Para dados mais recentes é necessário recorrer ao Cadastro de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho. Nos doze meses concluídos em fevereiro de 2018, vinte das vinte e sete unidades da federação registraram saldo positivo na geração de empregos regidos pela CLT. Entre as cinco regiões, apenas o Sudeste apresentou retração no estoque do emprego formal celetista.
Nessa série acumulada em doze meses, o emprego formal no conjunto do país somente passou a apresentar saldo positivo no último mês de janeiro, mas os resultados são muito diferentes entre as regiões. O Centro-Oeste vem apresentando incremento no estoque de emprego, na soma de doze meses, desde agosto de 2017; a região Sul, desde novembro; o Norte, desde dezembro; a região Nordeste, somente a partir de janeiro do corrente ano. No Sudeste, o acumulado até fevereiro ainda amargou a retração de 17.550 empregos formais.
Despenca o emprego formal no Rio de Janeiro
Os sete estados que apresentam saldo negativo na geração de emprego nos doze meses encerrados em fevereiro são Acre e Pará, na região Norte; Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas, no Nordeste; Rio de Janeiro, no Sudeste; e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste.
Em conjunto, tais estados perderam 88.829 empregos formais, dos quais 71.058 eram empregos da economia fluminense, ou seja, cerca de quatro em cada cinco empregos perdidos nos sete estados eram registrados no Rio de Janeiro e a taxa de queda do emprego formal nesse estado foi mais do que o dobro do que a do Pará, o estado de segundo pior desempenho.
Sudeste
O Quadro apresentado sumariza o comportamento do emprego formal celetista na região Sudeste nos doze meses concluídos em fevereiro de 2018. Nesse período, apenas as atividades de serviços, comércio e agropecuária apresentaram saldo positivo de geração de emprego na região, enquanto construção civil, indústria de transformação, os serviços industriais de utilidade pública e a atividade extrativa mineral registraram quedas no emprego formal. Dentre elas, a construção civil foi a que apresentou pior desempenho, com corte de 48, 8 mil empregos formais, equivalentes a 70,2% da soma de todos os setores deficitários (ver Quadro).
Enquanto o emprego formal recuou no Rio de Janeiro, os demais estados da região Sudeste apresentaram variações positivas, mais expressiva em termos proporcionais em Minas Gerais (0,73%), e menos acentuadas em São Paulo (0,19%) e no Espírito Santo (0,30%).
No caso do Rio de Janeiro, a retração do emprego formal foi generalizada em todos os setores de atividade. A única exceção foi o pequeno incremento do emprego formal celetista na administração pública (ver Quadro). Os setores que mais eliminaram postos de trabalho no Rio de Janeiro nos últimos doze meses foram, por ordem, os serviços, a construção civil e a indústria de transformação. Mesmo no comércio, que no conjunto do país apresentou crescimento bem superior à média dos setores, a economia fluminense não apresentou saldo positivo no período. 
Na indústria de transformação, São Paulo e Rio de Janeiro continuaram acumulando resultados negativos em doze meses, enquanto em Minas Gerais e Espírito Santo os saldo de geração de emprego foram positivos. São Paulo e Rio de Janeiro também lideraram regionalmente a destruição do emprego na construção civil, segmento que respondeu por mais de 70% do corte de postos de trabalho no período. 
Em conjunto, o mercado de trabalho formal da região Sudeste sofre com a crise desagregadora no estado do Rio de Janeiro e com a situação ainda muito ruim do emprego formal da construção civil, na indústria de transformação e na indústria de extrativa mineral, que abrange, além da mineração, a exploração de petróleo e gás.
A discrepância na região Sudeste entre o resultado positivo na ocupação total e o saldo negativo do emprego formal celetista é explicada porque as atividades que mais tiveram incremento na ocupação foram aquelas informais dos segmentos de alimentação e alojamento, serviços profissionais e administrativos e serviços pessoais. No setor formal, o incremento alcançado nas atividades de comércio e serviços e na agropecuária ainda não foram suficientes para compensar as quedas que se mantiveram acentuadas nos últimos doze meses na construção civil, na indústria de transformação e na indústria extrativa mineral.

Quadro. Região Sudeste: Saldo acumulado do emprego formal entre março de 2017 e fevereiro de 2018.
Setores
Total Sudeste
Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Variação absoluta
Participação na redução do emprego (%)
Total
-17.550
-
28.521
2.088
-71.058
22.899
1 - Extrativa mineral
-3.325
4,8
-331
-718
-1.385
-891
2 - Indústria de transformação
-12.395
17,8
4.132
1.285
-8.692
-9.120
3 - Serviços Ind de Util Pública
-3.718
5,4
-1.099
-39
-707
-1.873
4 - Construção Civil
-48.795
70,2
-675
808
-18.221
-30.707
5 – Comércio
17.399
-
6.396
-604
-3.213
14.820
6 – Serviços
20.550
-
17.450
282
-38.932
41.750
7 - Administração Pública
-1.228
1,8
185
2
511
-1.926
8 – Agropecuária
13.962
-
2.463
1.072
-419
10.846
Fonte: MTE-CAGED

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