Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Link para a palestra de hoje, quarta-feira , 12 de agosto de 2020 da II Semana de Economia da UFS, a partir das 18 horas

Link para a palestra de hoje da II Semana de Economia da UFS, a partir das 18 horas


https://www.youtube.com/watch?v=RWvjOpq1M90


III SEMANA DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - 12 A 14 DE AGOSTO DE 2020

O Centro Acadêmico Celso Furtado, o Conselho Regional de Economia da 16ª Região e a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia- SE, realizam a III Semana de Economia de Sergipe, entre os dias 12 e 14 de agosto de 2020. Na Sexta-feira, às 18 horas, está programada Mesa de Debates Cultura e Desenvolvimento Regional no Pensamento e na Ação de Celso Furtado, com as participações dos professores Cid Olival, da Universidade Federal de Alagoas, César Bolaño e Ricardo Lacerda, da Universidade Federal de Sergipe.
 Durante o evento, será feito o lançamento em Sergipe do Livro Celso Furtado: Os combates de Um Economistas. Será disponibilizada durante o evento a edição em PDF do livro. 

A trnsmissão será realizada no you tube do Centro Acadêmico Celso Furtado 
https://www.youtube.com/channel/UCwHSQmu1nY7PyOinYhtQ01A

 Os links para acessar o evento serão disponibilizados também nas páginas https://www.facebook.com/CenariosDeDesenvolvimento e http://cenariosdesenvolvimento.blogspot.com/ e no Portal do Conselho Regional de Economia da 16ª Região https://corecon-se.org.br/





terça-feira, 11 de agosto de 2020

Mesa de Debates e Lançamento em Sergipe do livro Celso Furtado: Os Combates de Um Economista



O Centro Acadêmico Celso Furtado,  o Conselho Regional de Economia da 16ª Região e a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia- SE, realizam a III Semana de Economia de Sergipe, entre os dias 12 e 14 de agosto de 2020.   Na Sexta-feira, às 18 horas, está programada Mesa de Debates Cultura e Desenvolvimento Regional no Pensamento e na Ação de Celso Furtado, com as participações dos professores Cid Olival, da Universidade Federal de Alagoas, César Bolaño e Ricardo Lacerda, da Universidade Federal de Sergipe. 

Durante o evento, será feito o lançamento em Sergipe do Livro Celso Furtado: Os combates de Um Economistas. Será disponibilizada durante o evento a edição em PDF do livro. 

Os links para acessar o evento serão disponibilizados nas páginas https://www.facebook.com/CenariosDeDesenvolvimento e http://cenariosdesenvolvimento.blogspot.com/  e no Portal do  Conselho Regional de Economia da 16ª Região https://corecon-se.org.br/

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Republicação: A gestão da economia sob um governo sitiado

Publicado em 17 de abril de 2016


Ricardo Lacerda
Vivemos tempos extraordinários. Desde as mobilizações de rua de junho de 2013, o Brasil experimenta um processo de ebulição social que vai exigir o transcorrer de muito tempo para ser compreendido em sua inteireza. Muito mais insondáveis são os desdobramentos da crise atual em termos de desenvolvimento econômico e social em um horizonte de 20 ou 30 anos.
Já foi dito que a história é escrita pelos vencedores mas é impossível antecipar qual vai ser a narrativa predominante nas décadas de 2030 e 2040 sobre a crise atual.
Escrevo no calor dos acontecimentos, mais com o intuito de fazer um registro para a posteridade do que com a pretensão de interferir no debate corrente sobre as causas da crise econômica que paralisa o crescimento e joga o país em uma conflagração entre blocos de poder das mais acirradas do seu período republicano. Não tenho a veleidade de estar certo e de que outros estão errados. Faço meramente um registro de minha percepção sobre a crise atual.
O cerco político
A votação do impedimento da presidente Dilma Rousseff pela câmara federal no dia de hoje culmina o sítio que foi formado em torno ao seu governo desde o dia seguinte à eleição para o segundo mandato em outubro de 2014. O agravamento da crise econômica deu o lastro para a disseminação da insatisfação popular.
A questão que se coloca é como a situação política e o quadro econômico foram se deteriorando, em um processo de alimentação mútua, até chegar ao cenário do dia de hoje.
Diria que há duas ordens de questões, uma decorrente da insatisfação gerada pela crise econômica que se estende e outra atinente ao ressentimento que foi se acumulando em segmentos sociais tradicionalmente privilegiados como reação às massivas políticas de inclusão social adotadas pelo bloco político liderado pelo Partido dos Trabalhadores.
Irresignados com o resultado das eleições de 2014, muitos segmentos do empresariado, da classe política, do sistema judiciário e a totalidade da grande mídia, formaram um bloco de ataque ao poder que não deu trégua um só dia, desde antes mesmo de a Presidente tomar posse do seu segundo mandato consagrado pelas urnas.
O cerco formado no parlamento impediu na prática a gestão da economia. Além de não colocar em votação as medidas de ajuste necessárias à retomada da confiança em relação à gestão fiscal, o parlamento acenava a todo momento com a adoção de medidas de uma “pauta bomba”, e outras manobras, com o propósito explícito de erodir a já reduzida capacidade do poder executivo de governar.
Nas semanas mais recentes, a atuação de setores do sistema judiciário atingiu as raias do deboche, com a interdição da possibilidade de uma presidente legitimamente constituída nomear seu ministro da justiça. Frente a um cerco dessa força e abrangência, o governo restou sitiado, sem recursos políticos para se contrapor à maré montante de insatisfação instigada pela mídia, em que escândalos de corrupção eram seletivamente vazados com o claro intuito de atingí-lo.    
Foram desferidos pelo bloco de poder antagônico ataques impensáveis, incompatíveis com o regime democrático e o estado de direito, até o ponto de serem instaladas “escutas oficiais” nas dependências do gabinete presidencial. Nessa quadra, as forças de oposição, apesar de derrotadas nas urnas, estavam prontas para a tentativa do assalto final ao poder. Para tanto, recorreram a artifícios para dar ares de legalidade à derrubada do governo.
Os desequilíbros econômicos
A resposta expansionista da política econômica interna, após a crise financeira internacional atingir fortemente os países emergentes a partir de 2013, acionou uma série de desequilíbrios macroeconômicos, dentre os quais, aqueles de mais graves consequências foram a deterioração da situação fiscal e a fragilização do balanço de pagamentos.
O maior equívoco da gestão da economia, em sua ânsia de amortecer os efeitos recessivos, foi não dar transparência aos desequilíbrios que foram se formando, inclusive pela adoção de uma série de mecanismos ad hoc de estímulos setoriais que concorreram para a fragilização da situação fiscal.
As medidas de ajustes, postergadas para 2015, agudizaram a insatisfação popular na medida que corroeram o poder de compra e atingiram fortemente o mercado de trabalho, enquanto a situação fiscal se agravou muito com a queda da arrecadação.
Por mais graves que tenham sido os descontroles, a crise econômica per si não teria sido causa suficiente para inviabilizar a reorganização das finanças e promover uma retomada moderada do crescimento, não fosse a acelerada deterioração do quadro político. Relativamente ao cenário de 1999, a situação estritamente econômica no início de 2015 poderia ser enfrentada com sacrifícios infinitamente menores, não fosse o ataque sistemático do bloco de oposição, que recorrentemente fez uso de instrumentos inaceitáveis em um regime democrático.
Foi o cerco político que progressivamente asfixiou a capacidade do governo gerir a economia.
Perspectivas
Seja qual for o desfecho do processo impedimento da Presidente, não vai ser fácil reverter a realimentação mútua entre a crise política e a deterioração do quadro econômico. O fosso que foi aberto na sociedade e o esgarçamento do aparato institucional apontam para um cenário ainda nebuloso de como reconstruir a confiança nas instituições.
A construção de uma nação solidária exige, é fato, responsabilidade na condução de assuntos de natureza fiscal. Tampouco prescinde da observação do princípio da soberania popular.



quinta-feira, 9 de abril de 2020

Sergipe no século XXI: crescimento, crise e reposicionamento da estratégia de desenvolvimento econômico (1)

Inicio com o artigo de hoje uma série que pretende examinar a evolução da economia sergipana ao longo das duas primeiras décadas do século XXI. Em sua íntegra, trata-se de um ensaio que busca acompanhar o comportamento da economia de Sergipe durante a ascensão e crise da economia brasileira no período e identificar os principais desafios que se colocam para que Sergipe volte a apresentar um novo ciclo virtuoso de crescimento, com geração de emprego e inclusão social.
Desde a década de 1970, a dinâmica de crescimento da economia sergipana está associada, à semelhança da maioria dos estados da federação, mas com algumas especificidades, ao movimento geral da economia brasileira, acompanhando em linhas gerais os seus períodos de prosperidade e de recessão (Ver GUIMARÃES NETO, 1989; GUIMARÃES NETO, 1993; ARAÚJO, T., 1995). Nesse sentido, o desenvolvimento da economia sergipana tem como seu principal determinante o ritmo e a natureza da expansão da economia brasileira e a incidência regional das políticas nacionais, sejam elas de cortes setorial, social ou de infraestrutura.
Um segundo conjunto de determinantes do crescimento da economia estadual está associado à exploração de suas riquezas minerais. O crescimento da economia sergipana depende, em grande parte, do comportamento das suas atividades de extração mineral, particularmente da produção de petróleo e gás natural, ainda realizada quase exclusivamente pela Petrobras, apesar de importantes novos campos de exploração, que ainda não se encontram em estágio operacional, contarem com investimentos de empresas internacionais. A presença da atividade petrolífera é tão marcante que o sergipano médio tem plena consciência da importância da Petrobras na economia estadual.
Quando, nos anos noventa, a cotação mundial do barril de petróleo despencou, os investimentos na exploração e produção de petróleo sofreram forte retração em Sergipe, com impactos muito significativos sobre o emprego, a renda e as finanças públicas.
A economia sergipana que, nas décadas de 1970 e 1980, havia acelerado seu crescimento e passado por radical transformação na sua estrutura produtiva, com a implantação de grandes plantas produtivas de propriedade estatal para exploração de petróleo e para produção de fertilizantes nitrogenados e de potássio, desacelerou o crescimento nos anos noventa e inverteu ao longo daquela década a marca de crescer sistematicamente acima das médias do crescimento regional e do país. Alguns estudos são fundamentais para compreender as transformações econômicas de Sergipe a partir da década de 1970. Entre outros, Melo, R. (2012a e 2012b), Feitosa, C. (2007), Santana, N. (1991). Melo, M. (2012) e Barreto, D. (2013).
Um terceiro conjunto de determinantes está associado ao desempenho do setor agrícola, em grande parte dependente da combinação de preços favoráveis, disponibilidade de crédito e regime de chuvas.  A esse respeito, é importante destacar que o semiárido sergipano vem enfrentando um longo período de estiagem, à semelhança do que vem ocorrendo em quase toda extensão do polígono da seca, cujo início remete ao ano de 2011, mesmo que de forma intermitente. Os efeitos da estiagem sobre a produção de grãos e oleaginosas foram recorrentemente devastadores, com retração de safra de mais de 70%, como foi o caso de 2016.  O comportamento pluviométrico é ainda fundamental na atividade de geração de energia hidroelétrica, que responde por parcela significativa do PIB estadual. Um regime de chuva desfavorável nas cabeceiras do rio São Francisco pode reduzir em até quatro vezes a participação da geração de energia elétrica no Valor Adicionado Bruto (VAB) da economia sergipana.
Finalmente, a articulação externa da base produtiva sergipana é essencialmente nacional, seja extra regional, seja regional. O peso do setor externo na economia sergipana é muito reduzido. A economia do estado tem um dos menores coeficientes de exportação do país. São orientadas para o comércio exterior apenas as atividades de produção de suco concentrado de laranja, parcelas da produção de calçados e açúcar e, em proporção bem inferior, a fabricação de produtos têxteis.
O ciclo e a crise
Durante a etapa ascendente do ciclo econômico brasileiro, iniciado em 2004, a economia de Sergipe acelerou o crescimento, diversificou sua estrutura produtiva por meio de atração de empresas, intensificou a geração de emprego formal na região metropolitana e no interior e ampliou os investimentos em infraestrutura produtiva e social. Todavia, quando a economia brasileira desacelerou em 2014, o nível de atividade estadual entrou em queda livre, entre 2015 e 2016, e manteve-se estagnado, nos anos de 2017 e 2018. A economia de Sergipe foi duramente atingida: a construção civil e a produção de cimento despencaram; e, a Petrobras desmobilizou ativos, reduziu a produção de petróleo e gás e desativou a unidade de produção de fertilizantes nitrogenados. Com os ventos adversos, a recessão não tardou em contaminar o mercado de trabalho e as finanças públicas.
Perspectivas
Em termos de perspectivas, o principal projeto estruturador do estado de Sergipe está associado à consolidação do seu Complexo Industrial-Portuário, tendo como indústrias-chave a Usina Termoelétrica Porto de Sergipe e a Unidade de Regaseificação de Gás Natural a ela associada, que podem abrir oportunidades de implantação de indústrias e empresas de prestação de serviços em seu entorno.
Também se revelou muito promissora a exploração de petróleo e gás natural em águas profundas na bacia de Sergipe-Alagoas, apontada como a mais importante fronteira de exploração da produção petrolífera no país, depois do pré-sal.
Nos artigos subsequentes, iremos examinar as especificidades que distinguem a economia sergipana das demais economias estaduais da região Nordeste e iniciar a avaliação do comportamento dos principais setores de atividade nas duas primeiras décadas do século XXI

Referências Bibliográficas
ARAÚJO, T. (1995) Nordeste, nordeste: que Nordeste? In: AFFONSO, R. & SILVA, P (Orgs). Desigualdades regionais e desenvolvimento. São Paulo. Fundap/Unesp.
BARRETO, D. (2013). A Construção do Desenvolvimento de Sergipe e o Papel do Condese (1964-1982). Editora Diário Oficial.
FEITOSA. C. As transformações recentes da economia sergipana (1970-2004). 2007. 228 f. Dissertação de Mestrado – Instituto de Economia, Unicamp, Campinas, 2007.
GUIMARÃES NETO, L. (1989) Introdução à formação econômica do Nordeste. Recife. Fundaj.
GUIMARÃES NETO, L. (1995) Desigualdades regionais e federalismo. In: AFFONSO, R. & SILVA, P (Orgs). Desigualdades regionais e desenvolvimento. São Paulo. Fundap/Unesp.
MELO, M. (2012). O legado desenvolvimentista do governo Augusto Franco. Editora Criação.
MELO, R. (2012a)  O ciclo desenvolvimentista em Sergipe:1970-2000. Economia Política do Desenvolvimento, v. 5, p. 10-68.
MELO, R. (2012b). Economia Sergipana Contemporânea (1970/2010). Editora UFS e Editora Diário Oficial.
SANTANA, N. (1991). A INSERÇÃO DO Estado de Sergipe na política de incentivos fiscais do Nordeste:1963-1988. Monografia (Especialização em Ciências Sociais)-UFS. Aracaju.


Publicado no Jornal da Cidade, de Aracaju, em junho de 2019