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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

terça-feira, 23 de março de 2021

A importância do Curso de Economia para o estado de Sergipe

Ricardo Lacerda

O curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Sergipe não tem rival no que se refere à sua contribuição para o desenvolvimento institucional, econômico e social de Sergipe. A Faculdade de Ciências Econômicas, fundada em 1948, inaugurou o ensino superior em nosso estado no ano de 1950, juntamente com o curso de química. Em 1961, reuniu-se às também isoladas Escola de Química, Faculdade de Direito, Faculdade Católica de Filosofia, Escola de Serviço Social e Faculdade de Ciências Médicas para pleitear a criação da Universidade Federal de Sergipe, o que veio a se concretizar em 15 de maio de 1968.

A construção da cidade Universitária, no município de São Cristóvão, teve por liderança o professor José Aloisio de Campos, reitor entre 1976-1980, que posteriormente veio dar nome ao campus. O economista José Aloísio de Campos foi, desde os anos 1960, a principal liderança intelectual de Sergipe nos debates travados em favor da industrialização do estado e da exploração das nossas riquezas minerais. Presidiu o histórico Conselho de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (CONDESE), que cumpriu papel decisivo na elaboração e execução das políticas voltadas para o desenvolvimento das chamadas indústria de base de Sergipe nos anos 1970 e 1980.

Nesse momento da história, o curso de economia da Universidade Federal de Sergipe foi peça determinante na formação de recursos humanos e no amadurecimento das reflexões sobre as questões mais relevantes para o desenvolvimento do estado de Sergipe, em suas diversas dimensões.

 

A fundação da UFS coincidiu com outras grandes transformações de nosso estado: a exploração intensiva das riquezas minerais, com a produção de petróleo e gás natural pela Petrobras e com a instalação de unidades de produção de amônia e ureia e de produção de potássio, que viriam impactar profundamente a estrutura ocupacional e de renda e acelerar o ritmo de crescimento econômico; o intenso processo de urbanização e a modernização da máquina administrativa pública; o florescimento de Aracaju como uma cidade moderna, com oferta diversificada de bens e serviços. Em todas essas dimensões, os economistas formados pela UFS tiveram participações decisivas.

 

Esse conjunto de transformações correspondia ao movimento intenso de modernização do Brasil, com baixa inclusão social, cujas referências centrais foram os períodos de intenso crescimento do Milagre Econômico e dos Planos Nacionais de Desenvolvimento, nos anos sessenta e setenta, em um regime político fechado.

Três professores honraram o departamento de economia em suas passagens pela reitoria da Universidade Federal de Sergipe. Além de José Aloísio de Campos, os professores Gilson Cajueiro de Holanda (1980-1984) e Josué Modesto dos Passos Subrinho, esse último por dois mandatos conferidos em eleições diretas pela comunidade universitária (2004-2008 e 2008-2012). O professor Gilson Cajueiro de Holanda, com larga experiência administrativa, foi fundamental para a conclusão dos investimentos no recém inaugurado campus universitário, nesse momento de consolidação do ensino superior no Brasil e em Sergipe

O sistema universitário público somente voltou a apresentar um novo ciclo de expansão de grande magnitude nos anos 2000, agora já em plena vigência do regime democrático, quando a melhoria nas finanças e a decisão de ampliar a rede federal viabilizaram os recursos necessários. A redemocratização inseriu definitivamente na agenda do Brasil a preocupação com o progresso social da população brasileira que não poderia mais ser aparteado da perspectiva do desenvolvimento econômico.

Foi nessas circunstâncias que a gestão do Prof. Josué Modesto dos Passos Subrinho (2004-2012) empreendeu um novo grande salto da Universidade Federal de Sergipe, com o estabelecimento, pela primeira vez, de um sistema robusto de pesquisa e de pós-graduação, e de uma grade de cursos de graduação muito ampla, contemplando as mais importantes áreas de conhecimento e de formação profissional, fundamentais para o presente e para o futuro de Sergipe.

 

Ao longo desse período, o departamento de economia também passou por importantes mudanças. Inicialmente contou com um corpo docente composto por técnicos do governo do estado dedicados em tempo parcial ao curso de economia e, como era típico da época, em boa parte com formação em cursos de pós-graduação lato sensu promovidos pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL). Com a expansão do sistema de pós-graduação brasileiro, a partir do final dos anos setenta, o departamento de economia passou a assumir uma feição propriamente acadêmica nos anos oitenta, com a chegada de professores formados em cursos de pós-graduação stricto sensu. É o início de um processo que mesclou a chegada de docentes de fora do estado com a participação do(a)s melhores aluno(a)s egresso(a)s do curso local e que buscaram qualificação em alguns dos mais renomados centros de pós-graduação de economia do Brasil.

O enfoque do curso também tem passado por importantes mudanças, em consonância com o que vem ocorrendo na disciplina. Com o rápido avanço dos métodos quantitativos nas chamadas ciências econômicas, potencializado pelos efeitos da radical transformação das tecnologias de informação sobre os métodos estatísticos e econométricos, o curso de economia da UFS mais recentemente buscou conjugar uma formação teórica sólida e plural, abrangendo os principais paradigmas das chamadas ciências econômicas, com o instrumental técnico propiciado pelas novas tecnologias. Faz isso sem se afastar do seu compromisso fundamental, que vem norteando suas ações desde sua longínqua criação em 1948, o compromisso com o desenvolvimento econômico e social de Sergipe.

Publicado no Jornal da Cidade, em 21/03/2021

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