Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A ocupação nos territórios sergipanos

Ricardo Lacerda

Com a publicação de resultados da amostra do censo demográfico de 2010, disponibilizou-se um conjunto de dados muito amplo sobre a situação econômica e social nos municípios, permitindo a agregação de indicadores de desenvolvimento em níveis de microrregiões e territórios de Sergipe. 

Em 2010, havia 832.455 habitantes de 10 anos ou mais de idade ocupados na semana de referência da pesquisa, com ou sem vínculos empregatícios formais.

Ocupação 

A distribuição dos residentes em Sergipe entre as ocupações está apresentada na Tabela 1. Mais da metade da população ocupada (55,3%) tinha como principal atividade o setor de serviços, frente aos 22,8% que trabalhavam no setor agropecuário e 16,7% no setor industrial. 

Eram cerca de 460 mil nas atividades de serviço, cerca de 189 mil na agropecuária e 139 mil na indústria. Há ainda um contingente de 43.604 pessoas, equivalentes a 5,2% em atividades maldefinidas, em geral vinculadas ao setor de serviços. 

 No setor secundário, a construção civil concorria com a indústria de transformação pela liderança da ocupação, essa última com 62.996 pessoas ocupadas e a primeira já alcançando 60.674 pessoas. A indústria extrativa mineral, que inclui a extração de petróleo e gás natural, ocupava diretamente apenas 7.097 trabalhadores, 0,9% do total, apesar de responder por quase a mesma parcela da indústria de transformação no PIB estadual e por demandar ocupações em outros segmentos. 

No setor de serviços, destacavam-se o comércio, a administração pública e os serviços domésticos. Vale destacar os segmentos de alojamento e alimentação, que já ocupavam 24.803 pessoas, em parte por conta das atividades vinculadas ao turismo, em parte pelo crescimento do hábito de fazer refeições fora de casa. Os contingentes de pessoas ocupadas nas atividades de educação e de saúde e serviços sociais também eram muito expressivos (ver Tabela 1). 
 Fonte: Censo demográfico de 2010 


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cenários de Desenvolvimento no Facebook

Abri uma página anexa ao Facebook, intitulada Cenários de Desenvolvimento que é o 1º passo para migrar o Blog para a nova plataforma, sem desativar o blog atual. É uma página de acesso aberto contendo artigos e informações econômicas. Quem quiser acompanhar, basta entrar na página e clicar curtir. Ver o link abaixo. Abs http://www.facebook.com/CenariosDeDesenvolvimento

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O ciclo, a crise e a arrecadação federal


Ricardo Lacerda

 Cada ciclo de crescimento econômico tem uma combinação própria de fatores que o impulsiona. O início do ciclo expansivo pode ser motivado por uma força externa, como a expansão na procura mundial por produtos em que o país é especializado, ou em razão da exploração de uma nova fronteira de recursos naturais que crie oportunidades para ampliar os investimentos voltados para as exportações. 

 Os ciclos de crescimento também podem ser movidos pela ampliação do mercado interno, seja em função de inovações institucionais como aquelas que propiciem a expansão do crédito, seja por conta do incremento da renda da população, ampliando o poder de compra interno. Ou ainda engendrados por investimentos que expandam e diversifiquem a capacidade do parque produtivo, acompanhados de melhorias na infraestrutura econômica ou impulsionados pelas inovações tecnológicas que habilitem a explorar oportunidades em novos segmentos. 

Ciclo virtuoso 

Em sua essência, o crescimento tende a provocar desequilíbrios porque altera as proporções entre setores e as posições relativas das classes sociais, alguns setores crescendo mais rapidamente, outros mais lentamente, criando oportunidades e estrangulamentos, e novas demandas sociais. 

O ciclo de crescimento da economia brasileira iniciado em 2004 contou com uma combinação de melhoria no cenário externo, proporcionada principalmente pelo efeito da ascensão da China sobre os preços das commodities alimentícias e minerais, com a expansão do poder de compra interno, movida pelos incrementos dos salários, pela ampliação do crédito para as famílias e pelo aumento das transferências de rendas aos grupos mais vulneráveis. 

Depois de encetado o crescimento, formou-se um ciclo virtuoso em que o aumento do emprego, da renda e do crédito e o desempenho das exportações propiciaram a expansão do mercado interno e a melhoria das contas públicas e das contas externas, o que em conjunto elevou as expectativas e a confiança das famílias e empresas. Como esses movimentos contam com mecanismos de autoreforço, atinge-se uma situação em que a própria expansão da economia motiva o crescimento nos períodos seguintes. 


segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Câmbio e os juros


Ricardo Lacerda

O valor da moeda nacional frente às dos demais países com os quais o Brasil efetua transações econômicas é um dos fatores mais fundamentais na determinação não apenas do nível atual da atividade econômica, quanto, por meio de diversos canais, do desenvolvimento do país no longo prazo.   

Em situações como a presente, de desaceleração do crescimento econômico convivendo com uma trajetória declinante da inflação, abre-se uma janela de oportunidade para promover uma acentuada correção do câmbio que deve ser em grau suficiente para reverter a situação de declínio da competitividade relativa da produção industrial brasileira frente aos produtos importados e no mercado externo.

O Gráfico 1 apresenta o comportamento da taxa de câmbio real efetiva, corrigida pelo IPCA, desde o final o final de 1993, até maio de 2012, delimitado pelos períodos de governo. Observe-se que a desvalorização do real no corrente ano, apesar de forte, é ainda relativamente pouco expressiva quando comparada à valorização de períodos anteriores. 


Fonte: BCB-Depec

Desorganização da produção

Manter o câmbio valorizado significa em primeiro lugar subsidiar o consumo de produtos importados, tornando-os artificialmente baratos, em detrimento da produção industrial doméstica existente ou potencial, o que pode ou não atender objetivos da política econômica em determinadas etapas do desenvolvimento.

Em uma conjuntura recessiva da demanda externa como a que se vivencia hoje, o câmbio valorizado induz a transferência de milhares de empregos para o exterior, sem a compensação de mesma qualidade ou quantidade promovida pela expansão das exportações. Mesmo com o mercado de consumo interno mantendo expansão robusta nos últimos meses, uma parcela maior do acréscimo de consumo vem sendo atendida pelo fornecimento de produtos elaborados lá fora. O consumidor fica satisfeito com o câmbio valorizado, mas a produção interna corre o risco de se desorganizar. 

Ainda no curto prazo, o valor do câmbio é importante na medida em que o preço dos produtos importados afeta o comportamento da inflação interna. É observando esses dois efeitos, sobre o ritmo da atividade e sobre os preços, que a autoridade econômica estipula os objetivos que vão guiar as políticas de curto prazo que afetam o valor do câmbio. No longo prazo, muitos outros aspectos estão em jogo e o essencial é equilibrar os graus de modernização e de exposição à competição desejados para a matriz produtiva interna, de um lado, e sua expansão e diversificação em direção a novos setores, de outro.

Os juros

Uma desvalorização pronunciada do câmbio torna-se factível em função da queda recente das taxas de juros internas. Como alguns especialistas têm assinalado, a valorização do real nos últimos anos deveu-se apenas parcialmente à entrada de divisas proporcionada pela elevação dos preços de commodities minerais e alimentares em que o Brasil responde por parcela importante da demanda mundial. Parcela significativa da valorização decorreu do fluxo de capital internacional atraído pelo diferencial de juros pagos internamente.  

A queda acentuada na taxa básica real de juros desde o segundo semestre de 2011 (ver Gráfico 2), que deve ter continuidade nos próximos meses, amortece um dos principais vetores de valorização cambial na medida em que estreita o diferencial de juros.

Fonte: BCB- Relatório de inflação, junho de 2012.

Na situação atual de desaquecimento dos mercados externos e de perda de competitividade da produção nacional no mercado interno, manter o câmbio valorizado implicaria exposição da produção interna em grau desmedido, muito além do que preceitua o convencional receituário de abertura à competição externa.

Por tudo que avançou na primeira década do século XXI, o Brasil se encontra em condições ainda excepcionais para enfrentar a nova onda de turbulência dessa já longa crise internacional. Medidas adicionais que visem promover a desvalorização da moeda não são indolores, mas são decisivas para reaquecer o nível de atividade e recuperar a competitividade da estrutura industrial.


Publicado no Jornal da Cidade em 16/07/2012 
Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

domingo, 8 de julho de 2012

Nordeste- Mudanças na especialização industrial na década de 2000

Ricardo Lacerda

No debate sobre a desindustrialização do país, vale a pena considerar as especificidades regionais. Ao longo da primeira década do século XXI, a indústria de transformação do Nordeste cresceu a taxas superiores à media do Brasil na ampla maioria das atividades. 

Tendo em vista a descontinuidade da série histórica em 2007, com a alteração da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE), é necessário quebrar a análise em dois subperíodos, 2000-2007 e 2007-2010. 

 Entre 2000 e 2007, a participação da região no Valor da Transformação Industrial (VTI) da indústria de transformação brasileira ampliou-se de 8,5% para 9,4%. Depois de 2007, até 2010, em um período já marcado pela crise financeira internacional e pela perda de dinamicidade da atividade industrial do Brasil, a indústria de transformação regional também se ressentiu, o que fez com que estancasse a ampliação de sua participação no VTI em 9,5% em 2010, igual à participação de 2007 na nova classificação das atividades. 

Avançando no entendimento do significado do intenso crescimento econômico do Nordeste na primeira década do século atual em termos de mudanças em sua estrutura industrial, cabe examinar os setores em que o Valor da Transformação Industrial (VTI) apresentaram maior expansão, inferindo as variações dos pesos na composição da indústria regional e no total da atividade no Brasil. 

Estrutura

 Em 2010, os segmentos de maior peso na estrutura industrial do Nordeste eram a fabricação de alimentos, de derivados de petróleo e biocombustíveis (etanol) e o de produtos químicos, inclusive fertilizantes. Cada uma dessas divisões respondia por mais de 10% do VTI da indústria de transformação regional. Na sequência, representavam mais de 5% do VTI industrial a fabricação de calçados, de bebidas, metalurgia, minerais não-metálicos e a fabricação de veículos. 

 O setor têxtil, desde 2007, não consta mais na lista dos dez segmentos mais importantes no valor da produção regional da indústria de transformação. Cabe assinalar, que, em 2000, a fabricação de produtos têxteis participava com 7% do VTI regional e se situava na 5ª posição (Ver Tabela). 


domingo, 1 de julho de 2012

Especialização e crescimento do emprego regional na indústria



Ricardo Lacerda

Ao longo da década de 2000, o movimento de desconcentração da atividade industrial no território brasileiro teve continuidade, com a região (Sudeste) e o estado (São Paulo) mais industrializados perdendo participações no Valor Adicionado Bruto do setor industrial, conceito próximo ao PIB, em favor dos estados de regiões menos industrializadas, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste e dos demais estados da região Sudeste.

De acordo com as contas regionais do IBGE, o estado de São Paulo perdeu 4,6 pontos percentuais de participação na indústria brasileira entre 2000 e 2009, considerando a indústria de transformação, a indústria extrativa mineral, a construção civil e os serviços industriais de utilidade pública. Entre 1995 e 2009, essa perda teria alcançado 9,1 p.p., o que representa uma fatia muito expressiva, ainda que a desconcentração na indústria de transformação não tenha sido acentuada.

A desconcentração territorial do emprego industrial foi bem mais ampla, com a região Sudeste tendo reduzido, entre 2000 e 2010, em 3,5 pontos percentuais a participação do emprego formal considerando apenas a indústria de transformação, segundo os dados do MTE-RAIS.

Certamente muitos fatores contaram para tal espraiamento da atividade industrial no território brasileiro, entre eles as deseconomias de aglomeração dos principais polos industriais situados naquele estado (salários e alugueis mais altos), os atrativos oferecidos no âmbito das disputas fiscais entre as unidades da federação, a montagem de novos polos industriais fora das regiões Sudeste e Sul, as novas oportunidades de exploração de recursos naturais, a expansão mais rápida do mercado de consumo nas regiões mais pobres e as próprias mudanças na estrutura industrial brasileira.