Ao longo da primeira década do século XXI,o emprego da indústria de transformação brasileira aumentou em mais de 50%. Enquanto no ano 2000 o emprego formal do setor era de 4,9 milhões de pessoas, em 2009 o contingente de empregados atingiu 7,4 milhões. O emprego na indústria de transformação cresceu mais rápido nas regiões menos industrializadas e menos aceleradamente nas regiões mais industrializadas.
Desconcentração
Ainda que não tenha havido grandes mudanças nas participações das regiões no total do emprego da indústria de transformação, como mostra o gráfico 1, as taxas de crescimento entre 2000 e 2009 foram muito diferenciadas, destacando-se os incrementos de 93% no Centro-Oeste, 70% no Norte, e 69% no Nordeste. No Sudeste, região que responde por mais da metade do emprego do setor, o emprego cresceu 42%. O emprego industrial na região Sul se expandiu às mesmas taxas do Brasil, 51%.
Para que os mais apressados não atribuam tal desconcentração do emprego industrial aos impactos da crise financeira internacional, convém observar que entre 2000 e 2007, portanto antes destes impactos se manifestarem, o padrão do crescimento do emprego regional na industrial de transformação seguiu esse mesmo comportamento, ou seja, o emprego industrial desconcentrou-se da região Sudeste em direção às regiões e Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Ao longo da década, algo em torno de 3% do emprego industrial brasileiro se deslocou do Sudeste para aquelas três regiões. (Ver gráfico 1)
O emprego na indústria de transformação do Nordeste passou de 585 mil no primeiro ano, para 991 mil, em 2009, fazendo com a sua participação tenha passado de 12% para 13,5%.
Fonte: RAIS-MTE.
Subsetores
A desconcentração regional do emprego da indústria de transformação em direção as regiões menos industrializadas foi generalizada, tanto quando se observa o período 2000 e 2009, quanto entre 2000 e 2007. Dentre os doze subsetores de atividades da indústria, a região Sudeste ganhou participação somente no segmento de madeiras e móveis.
A região Nordeste, por sua vez, entre 2000 e 2009, perdeu participação no emprego da indústria de alimentos e bebidas e manteve a sua fatia no emprego da indústria têxtil. E aumentou as participações em todos os demais subsetores. Notável foi o crescimento da participação da região Nordeste no emprego da indústria de calçados, em que já ultrapassou o número de empregos da região Sudeste e se aproxima dos números da indústria calçadista da região Sul, com a particularidade de que o emprego na indústria de calçados, em termos absolutos, vem crescendo no Nordeste e caindo, no Sul e no Sudeste. Em 2009, o Nordeste já respondia por 36,5% do emprego da indústria de calçados, frente a 37,9% da região Sul. Em 2000, o Nordeste contava com 20% do emprego do setor e a região Sul com 52,4%.
A participação do Nordeste no emprego da indústria de minerais não metálicos, da indústria química, do subsetor de papel e gráfica, da indústria mecânica e da fabricação de material de transporte tiveram crescimento significativo no período.
Sudeste
A região Sudeste vem perdendo participação na geração de emprego não apenas nos setores mais tradicionais da indústria de transformação, como também em segmentos importantes da chamada indústria pesada brasileira, a exemplo da fabricação de produtos metalúrgicos, minerais não metálicos, material elétrico e de comunicação e em material de transporte, seja quando se considera o período mais longo, 2000-2009, seja quando se observa o período mais curto, 2000-2007. (Ver gráfico 2).
Fonte: RAIS-MTE.
É fato que regiões mais industrializadas foram especialmente afetadas pela crise financeira internacional, mas a recente desconcentração regional do emprego industrial vai além deste fenômeno. Parece refletir um novo ciclo de espraiamento do desenvolvimento industrial brasileiro movido pela busca dos mercados regionais que se encontram em forte ampliação, pela disponibilidade de recursos naturais e de força de trabalho.
Publicado No Jornal da Cidade em 08/05/2011
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