Ricardo Lacerda
Publicado no Jornal da Cidade em 22/05/2011
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Um dos aspectos mais notáveis da evolução recente da economia brasileira foi o descolamento entre a geração do emprego e o crescimento do PIB. Entre 2000 e 2010, o PIB brasileiro teve um incremento de 42%, enquanto o emprego formal aumentou 68%. O crescimento médio anual do PIB foi de 3,6%, o do emprego formal alcançou 5,3%.
Em Sergipe, como em outros estados do Nordeste, o emprego formal cresceu a taxas superiores à média brasileira. O emprego com carteira assinada em Sergipe passou de 206.054 para 369.579, ou seja, foram criados 163.525 empregos adicionais em 10 anos, incremento de 79% e média anual de 6,0%. É importante destacar que todos os dados citados dizem respeito à situação de dezembro de cada ano.
Setores
Em 2010, os setores de atividade com maior número de emprego formal em Sergipe eram a administração pública, com 118.554 pessoas, equivalentes a cerca de 1/3 do total (32,1%), o setor de serviços, com 100.189 vínculos empregatícios (27,1%), o comércio, com 56.221 (15,2%), e a indústria de transformação, 41.477 (11,2%).O setor agropecuário contava com 13.730 empregos formais, apenas 3,7% do total, ainda que este segmento respondesse por 22% da população ocupada no Estado de Sergipe, com ou sem vínculo empregatício formal, posto que parte expressiva da força de trabalho rural desenvolve produção familiar ou mantém relação de trabalho informal.A construção civil empregava 28.713 pessoas, 7,8% do total, e a indústria extrativa mineral, que inclui a exploração de petróleo e gás natural, 4.600 pessoas, diretamente, por que, certamente, parte expressiva das pessoas empregadas em segmentos de serviços e na construção civil também integra a cadeia de petróleo e gás.
Fonte: MTE-RAIS
Crescimento
Ainda que se situasse no topo de empregos formais, a administração pública perdeu a primazia na geração de empregos adicionais entre 2000 e 2010, o que é positivo por que mostra o amadurecimento do setor privado local. Dos 163.525 novos postos de trabalho criados, o setor serviços foi responsável por 47.469 novos empregos, ou 29% do incremento total, mais do a administração pública, em suas três esferas, que ampliou o número de vagas em 39.421, ou 24,1% do incremento total. Percebam nas duas últimas colunas da tabela 1 que a administração pública, apesar de ter registrado a menor taxa de crescimento do emprego, teve o crescimento não desprezível de 4,1% anuais. O comércio sergipano abriu 27.058 novas vagas.Dois segmentos apresentaram crescimento espetacular do emprego, com taxa anual igual ou superior a 10%, a indústria extrativa mineral, que ampliou as vagas de 1.287, em 2000, para 4.600, 257% no período, ou 13,6% ao ano, e a construção civil, que ampliou o contingente empregado em 17.682 postos de trabalho, 160,3% no período, ou 10% ao ano. Não menos significativo foi o fato de o setor agropecuário ter criado 6.357 empregos formais no período, 6,4% ao ano, em grande parte por conta da implantação nos últimos anos de duas novas usinas de cana de açúcar.
Atividades
A tabela 2, a seguir, apresenta um maior detalhamento setorial dos empregos criados na economia sergipana entre 2000 e 2010. São muitas as informações. Algumas valem a pena serem destacadas, como os 5.205 empregos criados pelas indústrias de calçados, os 5.870 no segmento de alojamento e alimentação, que devem ser somados aos 1.217 empregos nos serviços auxiliares de transporte e agencia de viagens, que sugerem a ampliação do setor de turismo no Estado, os 3.452 novos empregos na indústria química, que inclui o segmento de etanol, e a ampliação de 2.534 empregos na extração de petróleo.Fonte: MTE-RAISOs dados sobre a geração de emprego na primeira década do novo século revelam uma evolução positiva da economia sergipana que nem mesmo as turbulências da crise financeira internacional conseguiram empanar. Em 2011 e 2012, novos desafios estão postos, ainda em razão do desdobramento da crise.
Publicado no Jornal da Cidade em 22/05/2011
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