Quando os temas econômicos mais palpitantes são o forte aquecimento da economia brasileira e as medidas adotadas para desacelerar o seu crescimento, vale a pena buscar indicações sobre o nível de atividade da economia sergipana entre o final de 2010 e o inicio de 2011.
Para avaliar as atividades comerciais, dois são os indicadores mais significativos: as vendas no varejo e o saldo de crédito de operações com as famílias. O volume de vendas do varejo sergipano, medido pela Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, teve incremento de 12,74% em 2010, enquanto a taxa de crescimento em dezembro de 2010 alcançou 10,9% sobre uma base já bastante elevada de dezembro de 2009. Ainda que a taxa de dezembro de 2010 tenha ficado um pouco abaixo da taxa média anual, não se pode falar em desaquecimento na atividade comercial, que se manteve firme.
Mais surpreendente é a evolução do saldo de operações de crédito de pessoas físicas que aumentou 32,7% na comparação entre dezembro de 2010 e dezembro de 2009. O volume de crédito registrou mesmo uma aceleração do crescimento nos últimos meses dos anos, quando comparados com iguais meses do ano anterior, série que permite isolar os efeitos da sazonalidade. Convém lembrar que a expansão dos empréstimos foi acompanhada pela queda da taxa de inadimplência no período, o que revela uma situação sadia no mercado de crédito.
Outro indicador muito importante para sentir o nível geral de atividade da economia é o consumo de cimento. Infelizmente, este indicador tem uma defasagem temporal grande, somente estando disponíveis, até o momento, os dados do mês de novembro. No acumulado de 2010, até aquele mês, o consumo aparente de cimento em Sergipe aumentou 18,6%, e o consumo do mês ficou 12% acima do resultado de novembro de 2009.
Energia
O consumo de energia se relaciona com o nível de atividade econômica ainda que não se possa buscar uma identidade entre a taxa de crescimento de um com a do outro. Em 2010, o consumo total da energia elétrica em Sergipe, na área de concessão da Energisa, cresceu 7,7%, uma taxa bastante expressiva.
Quando se trata do setor industrial, o consumo de energia é um bom indicador do nível de produção física. Em 2010, o consumo industrial de energia da área de concessão da Energisa representou 13% do total consumido. A essa fatia deve ser somada a do grupo de consumo livre, que se refere às compras realizadas por grandes consumidores, em sua ampla maioria do segmento industrial, que negociam diretamente contratos de fornecimento com as empresas distribuidoras de energia no mercado livre. Essa fatia representou 24% do consumo total de energia na área da Energisa. (Ver gráfico 1)
Fonte: Energisa.
O consumo industrial somado a energia do mercado livre atingiu 642,3 GWh em 2010, um crescimento de 12,4% em relação aos 571,2 GWh de 2009. É importante destacar que em 2009, em função da crise, a soma do consumo industrial e do consumo livre havia recuado 6,1%. O Gráfico 2, a seguir, apresenta a média mensal móvel de três meses do consumo industrial e do consumo livre. Este consumo somou 85,1 GWh na média móvel em dezembro de 2010, 7,6% acima dos 79,1 GWh de dezembro de 2009. Em janeiro de 2011, a média mensal do trimestre foi de 84,2 GWh, 6,3% superior ao resultado de janeiro de 2010. Ainda que a taxa de crescimento desta média tenha chegado atingir 16,2% em setembro de 2010 na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o crescimento do consumo de energia pelo setor produtivo continuou robusto no final de 2010 e no primeiro mês de 2011, principalmente quando se leva em conta que a base de comparação é maior.
Fonte: Energisa.
2011
Alguns indicadores de arrecadação tributária, como o comportamento do ICMS e de tributos federais que incidem sobre a atividade econômica de Sergipe, como a receita de IPI que subiu 17% no ano passado e 20% em janeiro de 2011, também confirmam um final de 2010 e um início de 2011 de nível de atividade elevado e em crescimento.
Em parte por contar com uma base de comparação mais elevada (2010), em parte por conta das políticas macroprudenciais voltadas para a redução da taxa de expansão do crédito e dos gastos públicos, além de reajuste do salário mínimo substancialmente menor do que em anos anteriores, o nível de atividade da economia sergipana, apesar de se manter aquecido, certamente, não repetirá em 2011 a taxa de incremento que conheceu em 2010.
Publicado no Jornal da Cidade em 13/03/2011
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