A produção nacional de gás natural, combustível de origem fóssil, voltou a crescer em 2010, após ter recuado em 2009 por conta da redução do consumo provocada pela crise econômica. Em uma perspectiva de prazo um pouco mais longo, desde a eclosão dos problemas com o fornecimento pela Bolívia em 2006, o Brasil tem buscado acelerar o crescimento da produção de gás natural, ainda que a oferta de gás importado venha evoluindo em um ritmo um pouco superior. A produção nacional subiu do patamar de 48,9 milhões de m3 diários entre 2005 e 2007, para 59,55 milhões de m3 diários, em 2008, recuou para 57,91 milhões de m3/dia, em 2009, e atingiu 62,84 milhões de m3/dia, em 2010, um incremento de 28% entre a média 2005-2007 e o resultado de 2010, enquanto o volume de gás importado aumentou 30%.
A oferta de gás natural, todavia, representa ainda uma parcela relativamente pequena da oferta de energia no Brasil. De acordo com o Balanço Energético Nacional 2010 (ano base 2009), o gás natural respondeu por apenas 8,7% da produção de energia primária produzida no país, frente a 42% do petróleo, 14% da energia hidráulica, 18% dos derivados da cana de açúcar e 1,7% da energia nuclear.
Os grandes consumidores de gás natural não são nem os veículos automotivos, nem as residências, e sim alguns segmentos da indústria pesada intensivos em consumo energético (e do uso como matéria prima, em alguns casos), na siderurgia, química, petroquímica e fabricantes de minerais não metálicos.Sergipe
Depois de atingir 873,6 milhões de m3, no ano de 2000, a produção de gás natural em Sergipe entrou em uma trajetória de declínio que se estendeu até 2007, quando foram explorados 547,1 milhões de m3. Em 2010, a produção somou 1.101,7 milhões de m3, confirmando a trajetória expansiva iniciada em 2008. (Ver gráfico 1).
Fonte: ANP
Consumo
Em janeiro de 2011, último mês com dados disponíveis, a empresa distribuidora de gás natural em Sergipe possuía 6.249 clientes. O uso industrial se limitou a apenas 34 empresas. O gás para consumo automotivo era fornecido por 34 postos de abastecimentos e o maior número de clientes era do segmento de unidades domiciliares, 6.130.O consumo médio diário de gás natural em Sergipe, no ano de 2010, foi de 268,2 mil m3. O consumo residencial é ainda muito baixo, representando apenas 0,7% do total. As empresas industriais responderam por 59,4% do consumo total, o consumo automotivo, por 35,7%, o comercial por 0,6%, a cogeração, 0,6%, e os demais usos, 3%. (Ver gráfico 2).
Fonte: Abegas
A evolução do consumo de gás natural depende de alguns fatores: Em primeiro lugar, da capacidade de oferta do produto e da capilaridade da rede de gasodutos; em segundo lugar, da competitividade do produto nos dois mercados principais em que atua, o mercado industrial e o mercado automotivo, nos quais disputa os clientes com outras fontes de energia, desde a fonte hidrelétrica, até os óleos combustíveis, etanol e gasolina.O gráfico 3 apresentado a seguir, mostra que o gás natural tem conseguido manter sua competitividade no mercado industrial, mas vem, rapidamente, perdendo vendas no mercado automotivo, apesar do forte incremento da frota de veículos no Estado. No caso do consumo industrial, a média móvel trimestral passou 128,3 mil m3/dia, em janeiro de 2009, no auge da crise, para 146,8 mil m3/dia, em janeiro de 2010, e alcançou 161, 9 mil m3/dia, em janeiro de 2011. Ou seja, na comparação da média móvel de janeiro de 2011 em relação a janeiro de 2010, o consumo industrial de gás natural cresceu 10,3%, um excelente resultado.Diferente tem sido a trajetória do consumo automotivo de gás natural. Depois de somar 116,8 mil m3/dia na média móvel trimestral de janeiro de 2009, caiu para mil 109,3 em janeiro de 2010, e em janeiro de 2011, nessa série, caiu novamente para mil 94,3 m3/dia.
Fonte: Abegas
Em 2010, o mercado de consumo de gás natural em Sergipe teve uma evolução modesta, com crescimento de apenas 3%, por conta da queda do consumo automotivo. O Consumo industrial, por sua vez, teve o expressivo aumento de 11% no período. As perspectivas do mercado nos próximos anos vão depender, além dos fatores de oferta, da implementação dos grandes projetos industriais no Estado e da maior exploração de mercados que hoje se encontram em segundo plano.
Publicado no Jornal da Cidade em 27/03/2011
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