Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 5 de março de 2018

Consumo e investimentos crescem e gastos do governo recuam

Ricardo Lacerda
A saída da economia brasileira do fundo do poço ao longo de 2017, depois de dois anos de retração no nível de atividade, tem sido arrastada e desbalanceada setorialmente. Do ponto de vista setorial, a supersafra agrícola resultou em incremento de 13% na produção do setor, recuperando com folga as perdas de 4,3% do ano anterior, causadas pelos efeitos da estiagem.
O setor industrial apresentou o mesmo volume de produto do ano anterior, ou seja, crescimento zero, resultante do saldo do incremento da indústria de transformação, da extrativa mineral e dos serviços industriais de utilidade pública e da queda acentuada da construção civil (5%). O setor de serviços apresentou crescimento residual, de 0,3%. O PIB fechou o ano de 2017 com expansão de 1%.
O incremento do PIB do 4º trimestre, na comparação com o 3º trimestre, ficou aquém do esperado, mas, quando são observadas em conjunto as evoluções dos componentes das despesas e dos produtos setoriais, há sinais robustos de que a economia deverá apresentar taxa de crescimento moderadamente elevada em 2018. Angustiante é a demora na recuperação do mercado de trabalho e o fato de que a retomada da construção civil ainda não surgiu no horizonte.
O Gráfico 1 mostra as taxas de crescimento do PIB trimestral dos setores e subsetores econômicos em relação aos mesmos trimestres do ano anterior, em que fica explícita a aceleração do crescimento na ampla maioria das atividades econômicas.
Com a exceção do setor agrícola, que teve um desempenho excepcional concentrado no 1º trimestre, os setores e subsetores de atividade econômica encerraram o 4º trimestre do ano com as taxas de crescimento em aceleração ou atenuando o ritmo de queda, como é o caso da atividade da construção civil.

Fonte: IBGE. CNT

Dispêndio
Do ponto de vista do dispêndio, ainda que as exportações tenham sido importantes no crescimento econômico, a demanda doméstica apresentou maior relevância, particularmente os gastos das famílias com consumo.
Como apresentado no Gráfico 2, a taxa de crescimento do consumo das famílias, na série que compara com os mesmos trimestres do ano anterior, manteve-se em aceleração ao longo do ano, ainda que os ganhos de aceleração tenham se atenuado na passagem do 3º para o 4º trimestre, o que gerou alguma apreensão no sentido de que o estímulo do consumo poderia ter se exaurido.  Ao finalizar 2017, o consumo trimestral das famílias estava rodando em um patamar 2,6% superior ao mesmo período do ano anterior.
Ainda que bem menos importante no resultado do PIB do que o incremento do consumo, o desempenho dos investimentos foi mais impressivo. Depois de apresentar catorze taxas negativas na comparação com os mesmos trimestre do ano anterior, a Formação Bruta de capital Fixo (FBCF) voltou a apresentar incremento no 4º trimestre de 2017, nessa série.
Mesmo com a FBCF se situando em patamar extremamente baixo e ainda registrando queda no resultado anual, há sinais de que os investimentos na aquisição de máquinas, equipamentos e veículos estão sendo retomados a fim de atender necessidades setoriais, como respostas ao incremento do consumo.  Com isso, a Formação Bruta de Capital Fixo deverá apresentar crescimento em 2018, depois de quatro anos de retração. A outra perna da FBCF, os investimentos imobiliários e em obras públicas permaneceram em retração em 2017.
Finalmente, cabe examinar o comportamento do consumo do governo. Como mostrado no Gráfico 2, esse componente manteve-se deprimido ao longo de todo o ano. Diante das regras estabelecidas pela Lei do Teto de Gastos,  os dispêndios do governo central deverão ficar congelados por um longo período, o que significa que esse componente do dispêndio deverá continuar puxando para baixo a taxa de crescimento do PIB.
Do ponto de vista dos componentes da demanda agregada, a retomada FBCF é fundamental para acelerar crescimento do PIB em 2018, somando-se ao componente de consumo das famílias, dado que o saldo das vendas de bens e serviços com o exterior e os gastos do governo não deverão apresentar contribuição positiva no período. 



Fonte: IBGE. CNT

Nenhum comentário:

Postar um comentário