Ricardo Lacerda
Os resultados de dezembro dos indicadores de
nível de atividade foram, em geral, favoráveis. As atividades de serviço e a
indústria geral surpreenderam positivamente.
Com a publicação dos indicadores setoriais pelo IBGE, o Banco Central do
Brasil apresentou sua estimativa de crescimento da atividade econômica em 2017.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), uma aproximação do
PIB, registrou crescimento de 1,04%, frente a recuos de 4,17%, em 2015, e de
4,05%, em 2016 (ver Figura A).
O mais significativo é que a economia
brasileira finalizou o ano de 2017 com o crescimento em aceleração, tanto
quando se considera o IBC-BR do último trimestre em relação ao mesmo período de
2016 (linha contínua dupla), quanto na comparação em relação ao 3º trimestre de
2017 (linha pontilhada). A aceleração da velocidade de recuperação é captada também
pela inclinação da curva que representa a série acumulada em doze meses, em
relação a doze meses anteriores (linha contínua simples).
Salvo reviravolta inesperada, vai se
consolidando a perspectiva de crescimento moderado para alto em 2018, alguma
taxa entre 2,5% e 3%. Parece valer enfim o dito popular de que não há mal que
nunca se acabe.
Na estimativa do Banco Central, a economia
brasileira fechou o último trimestre do ano rodando a uma velocidade de 2,56%
em relação ao mesmo trimestre de 2016. É verdade que é um crescimento puxado pelo
consumo das famílias, utilizando-se parcela da ampla capacidade produtiva
tornada ociosa por uma recessão que fez o produto interno se retrair em 7,8% no
acumulado de longos oito trimestres, referentes a 2015 e 2016.
Para que o ritmo de crescimento corrente seja
sustentável em um prazo mais largo de tempo é necessário que o investimento
seja destravado, o que ainda não está devidamente assegurado. Do ponto de vista
social, uma melhoria mais significativa somente será percebida quando a
contratação de emprego formal começar a apresentar resultados mais robustos.
Indústria e comércio
Do ponto de vista setorial, agricultura,
indústria e comércio varejista apresentaram crescimentos acentuados em 2017,
enquanto o volume de vendas do setor de serviços registrou retração de 2,84%,
na comparação com 2016. Alguns indicadores sinalizam em um segundo momento uma
possível reação da construção civil, mas não há ainda segurança de que a
atividade vá apresentar crescimento em 2018, mesmo que as vendas do setor
imobiliário venham a apresentar incremento significativo em relação ao ano
anterior, porquanto os investimentos em infraestrutura não estão deslanchando e
os estoques de imóveis ainda se mantêm em patamar elevado.
A produção física da indústria geral, que
agrega as atividades de transformação industrial e a extração mineral, cresceu
2,47% em 2017 e no último trimestre do ano registrou incremento de 4,9% em relação
ao mesmo trimestre de 2016.
A expansão
da indústria geral vem abrangendo quase todos os subsetores de atividade. Como
mostra a Figura B, a produção industrial apresentou uma trajetória de
aceleração nas três séries consideradas, quais sejam, no acumulado de doze
meses, na comparação com os mesmos trimestres do ano anterior, e o crescimento
na margem, em relação ao trimestre imediatamente anterior, apesar de, nesse
caso, ter registrado certa oscilação ao longo do ano.
O volume de vendas no comércio varejista
encerrou 2017 com incremento de 2,02% (ver Figura C). Impulsionado pela redução
dos juros nominais e pelo aumento da ocupação, mesmo com vínculos informais, a
expansão do ritmo de vendas no varejo foi bastante intensa e o volume de vendas
do setor fechou o último trimestre do ano com incremento de 3,89% em relação ao
mesmo período de 2016.
Serviços
Finalmente, as atividades de serviços estão
demorando mais a reagir. O volume de serviços recuou não apenas na comparação
entre os anos fechados, como ainda registrava queda na comparação entre o
último trimestre de 2017 e o mesmo período de 2016. A trajetória da curva dessa
série, que compara com igual trimestre do ano anterior, indica que a atividade
deverá começar a apresentar resultados positivos em 2018, à medida que o
mercado de trabalho comece a mostrar resultados mais robustos.
O cenário favorável da economia mundial jogou
papel decisivo no impulso que a economia brasileira no final do ano passado.
Sim, o crescimento econômico parece ter começado a engrenar, ainda que ele
venha se mostrando desequilibrado em termos setoriais e na sua distribuição
regional, como também não há ainda segurança sobre o seu fôlego.
Fonte: Banco Central do Brasil. para o IBC-BR. IBGE para Produção
Física da Indústria, Volume de Vendas no Varejo e Volume de Serviços
Publicado no Jornal da Cidade, em 25/02/2018
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