Ricardo Lacerda
Pesquisa do IBOPE tornada pública durante a
semana passada constatou que apenas 6% da população acham que a economia
brasileira está melhorando, apesar de as contas nacionais apontarem que o PIB
se encontra em crescimento desde o primeiro trimestre de 2017. A principal
causa do mal-estar, certamente, é a recuperação débil e desbalanceada do
mercado de trabalho, com redução do emprego formal e forte incremento de vínculos
precários, como emprego sem carteira de trabalho e ocupações por conta própria,
como vêm mostrando os levantamentos da PNADC do IBGE.
O registro do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, apontou saldo negativo em
2017 na geração de empregos regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT), com o fechamento de 20.832 vagas. O resultado ficou bem aquém do que era
esperado pelas autoridades econômicas no início do ano passado, quando se
projetava saldo positivo ao final do ano. A retração do emprego formal em 2017 foi bem menos
acentuada do que nos dois anos anteriores, 1,54 milhão, em 2015, e 1,32 milhão,
em 2016.
A evolução recente do mercado de trabalho e
as perspectivas de aceleração do ritmo de crescimento do nível de atividade dão
suporte a projeções de aumento relativamente robusto do emprego formal para
2018, com as simulações variando entre 700 mil até um milhão de novas vagas.
O saldo do emprego formal em 2017 também foi
negativo em Sergipe, mas, como no Brasil, bem menos expressivo do que nos dois
anos anteriores. Ao longo do ano foram fechadas 1.381 vagas formais no estado.
Mesmo considerando que a recuperação do
mercado de trabalho na maioria dos estados da região Nordeste tem sido mais
lenta e com alguma defasagem temporal, é razoável projetar um incremento entre
três mil e cinco mil empregos formais em Sergipe ao longo de 2018.
Setores
Em comparação ao ano anterior, a variação no
emprego formal em Sergipe foi relativamente melhor em 2017 em todos os
principais setores, mesmo entre aqueles que ainda apresentaram saldo negativo (construção
civil, indústria de transformação e extrativa mineral). As atividades de
comércio e os chamados Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP)
registraram saldos positivos em 2017, frente a cortes de empregos em 2016 (ver
Tabela).
Entre as principais atividades empregadoras
em Sergipe, a construção civil tem se revelado a de situação mais problemática;
depois de cortar 5.561 empregos em 2016, eliminou 1.892 vagas em 2017 (ver
Tabela).
Tabela. Sergipe. Saldo do emprego formal por
setores de atividade em 2016 e em 2017
|
||
IBGE
Setor
|
2016
|
2017
|
SIUP
|
-1.074
|
1.027
|
Comércio
|
-1.483
|
410
|
Serviços
|
-2.839
|
74
|
Agropecuária
|
-56
|
-85
|
Administração Pública
|
6
|
-214
|
Indústria Geral (Ext. Mineral e Transformação )
|
-4.281
|
-701
|
Construção
Civil
|
-5.565
|
-1.892
|
Total
|
-15.292
|
-1.381
|
Fonte:
MTE-CAGED
Ponto de virada
A evolução do saldo de emprego formal no
acumulado de doze meses, mostrada no gráfico, vem registrando melhoria relativa
em ritmo acentuado desde o mês de março de 2017, à medida que os resultados
mensais do ano foram se revelando melhores do que os dos meses correspondentes
de 2016.
O gráfico mostra que a trajetória dessa série
do saldo de emprego formal acumulado em doze meses inverteu naquele mês a tendência
anterior de intensificação do corte de emprego iniciada ainda em outubro de
2015. O resultado de dezembro de 2017 sinaliza que se aproxima o momento em que
a economia sergipana voltará a apresentar saldos positivos no acumulado de doze
meses.
A reversão da tendência e a geração de saldos
positivos crescentes ao longo do ano confirmam uma perspectiva de melhoria
paulatina no mercado de trabalho no estado, acompanhando, com suas
especificidades, o comportamento do país. O desafio de gerar empregos formais
deverá permanecer em pauta por um período relativamente longo, no Brasil e em
Sergipe.
Fonte:
MTE-CAGED
Publicado em 04 de fevereiro de 2018
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