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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A expansão da cultura do milho no semiárido sergipano

Ricardo Lacerda


Um dos fenômenos recentes mais significativos na evolução da economia agrícola sergipana foi a forte expansão da cultura do milho. Em 2007, o valor da produção do milho superou o da cana-de-açúcar, e, no ano seguinte, ultrapassou o da, até então, principal cultura agrícola de Sergipe, a produção de laranja. Diferentemente da tradicional cana-de-açúcar, enraizada nas terras mais úmidas do Leste Sergipano, e da laranja, cultivada nas áreas valorizadas da chamada região Centro-Sul, o cultivo do milho se desenvolve tipicamente nas áreas do semiárido sergipano, tendo o município de Carira como epicentro.

2010


A publicação pelo IBGE da Pesquisa Agrícola Municipal de 2010, durante a semana que passou, confirmou a trajetória fortemente ascendente da cultura do milho em Sergipe. Em 2010, pela primeira vez, a produção do milho no Estado alcançou um milhão de toneladas, quando no ano de 2000 não atingia 100 mil toneladas (ver Gráfico).

Depois de crescer 28%, em 2007, 147%, em 2008, 20,3%, em 2009, a quantidade produzida de milho aumentou em 50%, em 2010, confirmando-se como a mais importante cultura agrícola de Sergipe. Em 2010, a quantidade produzida de milho no Brasil aumentou 9,8% e no Nordeste, recuou 7,4%.



Fonte: IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal


Os resultados alcançados pela cultura do milho em Sergipe são superlativos: a quantidade produzida cresceu 1.114% entre 2000 e 2010, ou seja, foi multiplicada por doze, enquanto o crescimento no Nordeste atingiu 51% e na média do Brasil, 72%. Em 2010, o valor da produção sergipana de milho alcançou a cifra de R$ 335,3 milhões, superando com ampla margem os R$ 222,9 milhões da laranja e os R$ 188 milhões da cana-de-açúcar.

Municípios

Em 2000, portanto, antes da expansão recente, o milho dividia com o feijão e a mandioca a primazia do cultivo da agricultura familiar. Os municípios de maior produção se concentravam na região do sudoeste sergipano, com destaque para Simão Dias e Poço Verde, ainda que também fosse intensamente cultivado em quase todo o semiárido. O terceiro maior produtor era o município de Pinhão, seguido de Carira, Nossa Senhora de Aparecida e Frei Paulo, na área mais central, em termos latitudinais, do semiárido sergipano.

Ao longo da década, impulsionado pelos preços favoráveis e pelo crescimento do mercado nordestino de ração para avicultura, o cultivo de milho apresentou notável crescimento, não apenas nas áreas mais tradicionais, como vem se expandindo territorialmente com destacado ritmo em direção ao norte e ao nordeste do semiárido sergipano, se espraiando, a partir de Carira, para os municípios de Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre, Gararu, Poço Redondo, Canindé do São Francisco, Itabi, Porto da Folha, Feira Nova e Nossa Senhora de Lourdes (ver Tabela).


Fonte: IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal

Em 2010, Carira, Simão Dias e Frei Paulo lideravam o cultivo do milho. Alguns municípios como Nossa senhora da Glória, Monte Alegre, Gararu e Poço Redondo, que apresentaram crescimento acima da média, ascenderam para as melhores colocações no ranking (ver Tabela).

Em 2000, Sergipe respondia por apenas 2,9% da produção nordestina de milho, frente aos 23,9%, de 2010, quase ¼ da produção regional, atrás apenas da Bahia. Ainda que sua produção não seja muito expressiva no âmbito nacional, em virtude da limitação do tamanho do território estadual, a cultura do milho em Sergipe vem se expandindo a taxas extraordinárias, com o que tem se tornado a principal atividade agrícola para um grande número de municípios do semiárido e principal fonte de sobrevivência de um contingente expressivo da população rural.

Publicado no jornal da Cidade, em 30/10/2011


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