Ricardo Lacerda
Publicado no Jornal da Cidade em 23/10/2011
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Com todo o impulso que a industrialização trouxe para o crescimento das cidades nos anos cinqüenta, o Censo Populacional de 1960 constatou que a maioria da população brasileira ainda era predominantemente rural. Naquele levantamento censitário registrava-se a predominância das populações urbanas apenas na região Sudeste e nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, com suas metrópoles pujantes, no antigo território do Amapá e no Distrito Federal. Na média do país, as populações rurais ainda representavam 54,9% do total.
Na década de sessenta, caracterizada pela crise política e pelo baixo crescimento, na primeira metade, e pelo chamado milagre econômico, a partir de 1968, as populações urbanas passaram a representar mais de 50% dos brasileiros. O predomínio das populações urbanas, de acordo com o censo populacional de 1970, já havia se estendido para as regiões Sul e Centro- Oeste, e para o atual estado de Rondônia, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Anos 1970 e 1980
Os anos setenta, que foram marcados pela aceleração da integração do território nacional e pelas intensas taxas de crescimento econômico, mesmo levando em conta a instabilidade provocada pelos dois choques do petróleo, consagraram o predomínio das populações urbanas em todas as regiões brasileiras. Foi o que constatou o Censo Populacional de 1980: em apenas oitos das atuais 27 unidades federadas as maiores parcelas de suas populações residiam no meio rural, inclusive Rondônia que, com a expansão da fronteira agrícola, a população urbana perdeu a predominância. Permaneceram ainda majoritariamente rurais as áreas dos atuais estados do Pará, Acre, Tocantins, Maranhão, Piauí e o vizinho estado da Bahia, com 49,4% da população no meio rural. Nas demais dezenove unidades federadas, inclusive Sergipe, as pessoas residindo em áreas urbanas se constituíram maioria.
Sergipe
Em 1960, Sergipe contava com uma população de 760 mil pessoas das quais 464 mil, ou 61,1%, residiam no meio rural, frente a apenas 296 mil pessoas (38,9%) no meio urbano, entre cidades e vilas. Ao longo dos anos sessenta, a população urbana de Sergipe cresceu 42,4%, contra apenas 5,5% de expansão da população residindo no meio rural. Ainda assim, o Censo Populacional de 1970 registrou o predomínio da população residindo em domicílios rurais, 53,8%, (ver Gráfico 1).
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1960,1970, 1980,1991, 2000 e 2010
Obs: Em 1960, 1970 e 1980, população presente. Em 1991, 2000 e 2010, população residente.
Nas décadas de setenta e oitenta, acelerou-se o processo de urbanização de Sergipe, a exemplo do que ocorria nos demais estados nordestinos. Entre 1970 e 1980, a população urbana do Estado cresceu 49,4%, equivalentes a uma média anual de 4,1%, e entre os censos de 1980 e 1991, a taxa de expansão da população urbana atingiu 49,4%, ou 4,3% ao ano (ver Gráfico 2).Em 1980, a população rural de Sergipe era de 527 mil pessoas, contingente superior ao registrado nos dois levantamentos seguintes, 490 mil, em 1991, e 510 mil, no ano de 2000. O Censo populacional de 1980 já registrava o predomínio da população urbana, que representava 54,4% do total, vindo esse agrupamento a atingir 67,2% no levantamento de 1991, 71,4% no de 2000 e 73,5% em 2010 (ver Gráfico 1).Nas décadas de noventa e na primeira do novo século, com a forte redução das taxas de natalidades, o ritmo de crescimento da população urbana em Sergipe também decresceu, ainda que tenha se mantido muito acima dos modestos resultados do crescimento da população rural. Em 2010, dentre os 2.068.027 habitantes de Sergipe, 1.520.366 moravam no meio urbano, contra os 547.651 do meio rural.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1960,1970, 1980,1991, 2000 e 2010.
Obs: Em 1960, 1970 e 1980, população presente. Em 1991, 2000 e 2010, população residente.
Desde o final dos anos setenta, a população sergipana é majoritariamente urbana. Entre 1970 e 2010, o contingente de residentes nas áreas urbanas pulou de 421 mil para 1.520 mil, ou seja mais de 1 milhão de habitantes foi incorporado ao meio urbano frente às 58 mil pessoas que se somaram ao meio rural. A persistência da pobreza no campo continua sendo um dado da realidade. Novos problemas urbanos emergiram.
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