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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Perspectivas do Banco Mundial para 2018

Ricardo Lacerda
A edição de janeiro de 2018 do relatório Perspectivas Econômicas Globais, do Banco Mundial, apresenta panorama relativamente otimista do cenário global para 2018 e 2019. Depois de constatar que, em 2017, o crescimento do nível de atividade se acelerou e apresentou maior sincronia entre as principais economias avançadas e mercados emergentes, o relatório projeta a continuidade da expansão em ritmo moderado no ano corrente e no próximo ano.
A recuperação da economia em andamento da economia global teria sido ajudada pelo incremento dos investimentos internacionais e pela expansão do comércio mundial suportados pelas condições financeiras benignas, em grande parte asseguradas pelas políticas monetárias acomodatícias dos principais bancos centrais. A recuperação parcial nos preços das commodities, após o colapso anterior nas cotações, também favoreceu o crescimento das economias emergentes.
O relatório assinala, todavia, que o incremento da produtividade da economia mundial encontra-se em desaceleração, o que limitaria o potencial de crescimento de boa parte dos países em desenvolvimento em um horizonte mais largo de tempo, depois que a capacidade produtiva tornada ociosa no período recessivo venha a ser ocupada. E reconhece que a economia mundial, em conjunto, e, particularmente, as economias emergentes, não retomaram o potencial de crescimento do período anterior à crise financeira de 2008.
Potencial de crescimento
Quase dez anos depois que o estouro da bolha imobiliária na economia norte-americana provocou reações em cadeia, demarcando o início da grande recessão na economia mundial,  o crescimento na maioria dos países e grupos de países não retornou ao ritmo anterior.
Frente ao crescimento da média anual 2005-2007 de 5,3% na economia mundial, a média de 2015-2017 deve ter se situado, na estimativa do Fundo Monetário Internacional, em 3,4% (ver Gráfico).
As economias avançadas cresceram 2,8%, no primeiro período, e devem ter crescido 2,0%, no segundo período. A América Latina, que havia crescido 5,3% ao ano entre 2005 e 2007, encerrou 2017 com média móvel trienal de 0,1%. É fato que o Brasil concorreu para empurrar para baixo a média trienal do subcontinente, mas todas as principais economias das regiões apresentaram médias anuais no triênio 2015-2017 muito inferiores às de 2005-2007.
Perspectivas regionais
A estimativa do Banco Mundial no relatório Perspectivas Econômicas Globais, de janeiro de 2018, é de que a América Latina deve ter apresentado crescimento de 1,0% em 2017, devendo acelerar para 2,0% em 2018, taxas quase idênticas às previstas para a economia brasileira para o período, 0,9% e 2,0%, respectivamente. Em 2019 e 2020, em projeções que não dão para se fiar muito, a economia brasileira deverá acelerar o crescimento, segundo o relatório, para 2,3% e 2,5%.
Diferentemente das autoridades brasileiras, o organismo internacional não demonstra euforia sobre as perspectivas de crescimento do país em 2018 e anos seguintes. O fato alvissareiro é que a edição de janeiro do relatório do Banco Mundial reviu para cima, em relação à publicação anterior, os números do crescimento para o Brasil de 2017 e 2018.
No capítulo dedicado às perspectivas regionais, o relatório constata a recuperação do nível de atividade na América latina e Caribe em 2017, depois de dois anos consecutivos de retração. E estima que o crescimento poderá ser acelerado até 2022, à medida em que os países exportadores de commodities, marca do subcontinente, continuem a melhorar.
Fontes do crescimento e ameaças
A expansão da economia da América Latina em 2017 foi impulsionada pelo incremento do consumo privado, enquanto a recuperação do investimento vem ocorrendo em ritmo muito lento. As fortes restrições fiscais decorrentes do fim do ciclo anterior de valorização de commodities limitarão a contribuição dos investimentos públicos para acelerar o crescimento econômico regional.
O risco mais acentuado de que esse cenário de melhoria moderada não se confirme decorreria de contaminação no subcontinente de uma piora nas condições no mercado financeiro internacional e dos efeitos da ascensão do protecionismo comercial norte-americano.
O relatório prevê que algumas forças que promoveram o crescimento da América Latina perderão impulso nos próximos anos, como os ganhos nos preços das principais commodities e as perspectivas de desaceleração do crescimento da China e dos Estados Unidos para 2019 e 2020. Daí que a continuidade da aceleração do crescimento na América Latina deverá ser suportada pelo fortalecimento do consumo interno e dos investimentos em infraestrutura, em parceria com o setor privado.


Fonte: FMI. WEO, outubro de 2017.

Agenda das reformas
A contrapartida de tal diagnóstico é a usual recomendação dos organismos multilaterais de que os países promovam reformas que possam atuar sobre os fatores de oferta aos quais são atribuídos o potencial de crescimento econômico, como a ampliação do capital físico e humano, a elevação da taxa de atividade da força de trabalho e melhoria no funcionamento das instituições. Esse tipo de recomendação é uma forma de reconhecer que os estímulos pelo lado da demanda não deverão ser de grande monta.

Para os países em desenvolvimento com problemas fiscais, as propostas de reformas se estendem para a recomendação de contenção dos gastos públicos, revisão das despesas com funcionalismo, privatização de empresas e mudanças em regimes previdenciários. Como dito, nada além da cartilha convencional. Para lustrar o relatório, o Banco Mundial não deixa de mencionar a importância de reduzir as elevadas desigualdades de rendas vigentes e compartilhar de forma justa socialmente os custos dos ajustes.

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