Ricardo
Lacerda
Desde o mês de abril o emprego
celetista vem paulatinamente reagindo na região Nordeste. Ainda que no
acumulado do ano, até agosto, o saldo se mantenha negativo, já são cinco meses
contínuos de geração de emprego (ver Gráfico). O mais importante é que a
geração de emprego formal na região Nordeste, mês a mês, vem se disseminando em
um maior número de setores e abrange todos os estados, com a exceção de
Alagoas. É provável que a geração de emprego formal da região Nordeste feche o ano
de 2017 com saldo negativo, mas no segundo semestre ele deverá alcançar
resultado positivo. Mesmo o estado de Alagoas deverá apresentar geração líquida
de emprego no consolidado do segundo semestre, à medida que a contratação no
setor sucroalcooleiro deverá se intensificar nos próximos meses.
É importante assinalar que o
ritmo da retomada do emprego formal na região Nordeste é muito modesto e levará
muito tempo para recompor os cerca de 550 mil empregos formais perdidos desde o
início de 2015, dentre os quais, mais de 200 mil concentrados na construção
civil.
Agosto
No mês de agosto, a região
Nordeste registrou saldo líquido de 19.964 novos empregos. O salto de contratação
em relação ao mês anterior (8.725) tem explicação principalmente sazonal,
decorrente do inicio da safra da cana-de-açúcar em alguns estados, que se
traduz em expansão do emprego na agropecuária, na indústria química e na indústria
de alimentos (ver Tabela).
Outros setores de atividade
também apresentaram volumes de contratações dignos de destaque, como a
construção civil, o segmento de serviços que abrange comércio de imóveis e
serviços profissionais, e os segmentos de saúde e de educação.
Cabe registrar que a recuperação
da contratação na construção em agosto e julho, muito modesta frente ao acúmulo
do corte de emprego no setor, ainda não repercutiu na ocupação no setor de
minerais não metálicos, cuja principal atividade é a fabricação de
cimento, que eliminou 508 empregos
formais em agosto (ver Tabela). A ocupação formal em outra atividade associada
à construção civil, a fabricação de madeira e móveis, se manteve praticamente
estável em agosto (-3), mas já pode representar uma mudança de tendência, interrompendo
nos próximos meses a longa trajetória de corte de emprego formal, iniciada
ainda no final de 2014.
Por fatores também principalmente
sazonais, o comércio e o turismo apresentaram os piores desempenhos entre as
atividades no mês de agosto. O subsetor
de transporte e comunicações continuou eliminando um número expressivo de
vagas.
Fonte: MTPS-CAGED
Trimestre junho-agosto
A tabela apresentada traz uma
perspectiva sintética do comportamento do emprego formal no trimestre
junho-agosto e no acumulado do ano de 2017. Estão assinaladas as células com
saldo positivo na geração do emprego mês a mês e no acumulado dos períodos.
Enquanto no mês de junho, doze
subsetores /setores de atividade eliminaram postos de trabalho e outros treze
apresentaram saldo líquido de contratação positivo, em agosto nove
subsetores/setores cortaram emprego e dezesseis contrataram.
No acumulado do trimestre
junho-agosto foram criados 34.110 empregos formais na região. O aspecto sazonal
ligado à safra da cana teve grande peso nesse volume de contratação.
Indústria de transformação e serviços
Uma diversidade de subsetores da indústria de
transformação vem mudando de sinal negativo para positivo o saldo de
contratação ao longo do trimestre, mesmo que os números não sejam tão
expressivos, de modo que no mês de agosto apenas a atividade de fabricação de
minerais não-metálicos (cimento) e a indústria mecânica cortaram emprego
formal, desconsiderando os resultados residuais dos segmentos de madeira e
mobiliário e papel e papelão.
Fatores sazonais deverão atuar
favoravelmente nos próximos meses sobre os números do comércio e de alojamento
e alimentação, além de concorrerem para intensificar a contratação no setor
sucroalcooleiro.
Abstraindo-se os fatores de caráter mais sazonal, é possível
inferir que o mercado formal de trabalho vem retomando em ritmo muito modesto
na região Nordeste e que a trajetória de recuperação deverá ganhar algum
impulso adicional nos próximos períodos, sem significar, todavia, uma
recuperação exuberante do nível do emprego.
Tabela.
Nordeste: Saldo do emprego formal segundo setor e subsetor de atividade
|
|||||
IBGE Setor/
Subsetor de atividade
|
Saldo Mensal
|
Saldo trimestre
|
Saldo no
Ano
|
||
Junho
|
Julho
|
Agosto
|
Jun-Agosto
|
Jan-Agosto
|
|
TOTAL
|
5.421
|
8.725
|
19.964
|
34.110
|
-62.139
|
AGROPECUÁRIA
|
2.344
|
2.877
|
7.519
|
12.740
|
3.343
|
SETOR INDUSTRIAL
|
643
|
3.114
|
9.894
|
13.651
|
-53.615
|
Extrativa mineral
|
-34
|
49
|
19
|
34
|
-1.384
|
Indústria de Transformação
|
2.890
|
2.926
|
5.145
|
10.961
|
-45.186
|
Produtos minerais não metálicos
|
-1.140
|
-623
|
-508
|
-2.271
|
-4.820
|
Metalúrgica
|
19
|
-92
|
100
|
27
|
-127
|
Mecânica
|
-164
|
-140
|
-84
|
-388
|
-1.099
|
Material elétrico e de comunicações
|
90
|
-102
|
149
|
137
|
981
|
Material de transporte
|
160
|
388
|
115
|
663
|
1.528
|
Madeira e do mobiliário
|
-112
|
-64
|
-3
|
-179
|
-815
|
Papel, papelão, editorial e gráfico.
|
-30
|
-128
|
-1
|
-159
|
-1.319
|
Borracha, fumo, couros, ind. diversas.
|
-76
|
228
|
21
|
173
|
-248
|
Química, farmacêuticos, perfumaria
|
163
|
1.021
|
1.158
|
2.342
|
-3.629
|
Têxtil e vestuário e
|
728
|
-6
|
-354
|
368
|
-212
|
Indústria de calçados
|
-822
|
-236
|
764
|
-294
|
451
|
Alimentícios, bebidas e álcool etílico.
|
4.074
|
2.680
|
3.788
|
10.542
|
-35.877
|
Serviços industriais de utilidade pública
|
136
|
-31
|
272
|
377
|
3.046
|
Construção civil
|
-2.349
|
170
|
4.458
|
2.279
|
-10.091
|
SERVIÇOS
|
2.434
|
2.734
|
2.551
|
7.719
|
-11.867
|
Comércio varejista
|
1.017
|
-1.521
|
-562
|
-1.066
|
-25.062
|
Comércio atacadista
|
77
|
-262
|
107
|
-78
|
-1.217
|
Instituições de crédito, seguros.
|
-19
|
-5
|
-512
|
-536
|
-1.732
|
Com. e administração de imóveis, serv. técnico...
|
1.109
|
2.637
|
800
|
4.546
|
2.050
|
Transportes e comunicações
|
-395
|
9
|
-727
|
-1.113
|
-2.878
|
Alojamento, alimentação, reparação, redação...
|
-489
|
962
|
-1.018
|
-545
|
-7.052
|
Serviços médicos, odontológicos e veterinários.
|
1.648
|
1.539
|
1.090
|
4.277
|
8.352
|
Ensino
|
-749
|
-865
|
3.250
|
1.636
|
11.895
|
Administração pública
|
235
|
240
|
123
|
598
|
3.777
|
Fonte: MTPS-CAGED
Publicado no Jornal da Cidade, em 08/10/2017
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