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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O emprego formal começa a reagir lentamente no Nordeste


Ricardo Lacerda
Desde o mês de abril o emprego celetista vem paulatinamente reagindo na região Nordeste. Ainda que no acumulado do ano, até agosto, o saldo se mantenha negativo, já são cinco meses contínuos de geração de emprego (ver Gráfico). O mais importante é que a geração de emprego formal na região Nordeste, mês a mês, vem se disseminando em um maior número de setores e abrange todos os estados, com a exceção de Alagoas. É provável que a geração de emprego formal da região Nordeste feche o ano de 2017 com saldo negativo, mas no segundo semestre ele deverá alcançar resultado positivo. Mesmo o estado de Alagoas deverá apresentar geração líquida de emprego no consolidado do segundo semestre, à medida que a contratação no setor sucroalcooleiro deverá se intensificar nos próximos meses.
É importante assinalar que o ritmo da retomada do emprego formal na região Nordeste é muito modesto e levará muito tempo para recompor os cerca de 550 mil empregos formais perdidos desde o início de 2015, dentre os quais, mais de 200 mil concentrados na construção civil.
Agosto
No mês de agosto, a região Nordeste registrou saldo líquido de 19.964 novos empregos. O salto de contratação em relação ao mês anterior (8.725) tem explicação principalmente sazonal, decorrente do inicio da safra da cana-de-açúcar em alguns estados, que se traduz em expansão do emprego na agropecuária, na indústria química e na indústria de alimentos (ver Tabela). 
Outros setores de atividade também apresentaram volumes de contratações dignos de destaque, como a construção civil, o segmento de serviços que abrange comércio de imóveis e serviços profissionais, e os segmentos de saúde e de educação.
Cabe registrar que a recuperação da contratação na construção em agosto e julho, muito modesta frente ao acúmulo do corte de emprego no setor, ainda não repercutiu na ocupação no setor de minerais não metálicos, cuja principal atividade é a fabricação de cimento,  que eliminou 508 empregos formais em agosto (ver Tabela). A ocupação formal em outra atividade associada à construção civil, a fabricação de madeira e móveis, se manteve praticamente estável em agosto (-3), mas já pode representar uma mudança de tendência, interrompendo nos próximos meses a longa trajetória de corte de emprego formal, iniciada ainda no final de 2014.
Por fatores também principalmente sazonais, o comércio e o turismo apresentaram os piores desempenhos entre as atividades no mês de agosto.  O subsetor de transporte e comunicações continuou eliminando um número expressivo de vagas.



Fonte: MTPS-CAGED

Trimestre junho-agosto



A tabela apresentada traz uma perspectiva sintética do comportamento do emprego formal no trimestre junho-agosto e no acumulado do ano de 2017. Estão assinaladas as células com saldo positivo na geração do emprego mês a mês e no acumulado dos períodos.
Enquanto no mês de junho, doze subsetores /setores de atividade eliminaram postos de trabalho e outros treze apresentaram saldo líquido de contratação positivo, em agosto nove subsetores/setores cortaram emprego e dezesseis contrataram.
No acumulado do trimestre junho-agosto foram criados 34.110 empregos formais na região. O aspecto sazonal ligado à safra da cana teve grande peso nesse volume de contratação.
Indústria de transformação e serviços
Uma  diversidade de subsetores da indústria de transformação vem mudando de sinal negativo para positivo o saldo de contratação ao longo do trimestre, mesmo que os números não sejam tão expressivos, de modo que no mês de agosto apenas a atividade de fabricação de minerais não-metálicos (cimento) e a indústria mecânica cortaram emprego formal, desconsiderando os resultados residuais dos segmentos de madeira e mobiliário e papel e papelão.
Fatores sazonais deverão atuar favoravelmente nos próximos meses sobre os números do comércio e de alojamento e alimentação, além de concorrerem para intensificar a contratação no setor sucroalcooleiro.
Abstraindo-se os fatores de caráter mais sazonal, é possível inferir que o mercado formal de trabalho vem retomando em ritmo muito modesto na região Nordeste e que a trajetória de recuperação deverá ganhar algum impulso adicional nos próximos períodos, sem significar, todavia, uma recuperação exuberante do nível do emprego. 


Tabela. Nordeste: Saldo do emprego formal segundo setor e subsetor de atividade
IBGE Setor/ Subsetor de atividade
Saldo Mensal
Saldo trimestre
Saldo no
Ano
Junho
Julho
Agosto
Jun-Agosto
Jan-Agosto
TOTAL
5.421
8.725
19.964
34.110
-62.139
AGROPECUÁRIA
2.344
2.877
7.519
12.740
3.343
SETOR INDUSTRIAL
643
3.114
9.894
13.651
-53.615
Extrativa mineral
-34
49
19
34
-1.384
Indústria de Transformação
2.890
2.926
5.145
10.961
-45.186
Produtos minerais não metálicos
-1.140
-623
-508
-2.271
-4.820
Metalúrgica
19
-92
100
27
-127
Mecânica
-164
-140
-84
-388
-1.099
Material elétrico e de comunicações
90
-102
149
137
981
Material de transporte
160
388
115
663
1.528
Madeira e do mobiliário
-112
-64
-3
-179
-815
Papel, papelão, editorial e gráfico.
-30
-128
-1
-159
-1.319
Borracha, fumo, couros, ind. diversas.
-76
228
21
173
-248
Química, farmacêuticos, perfumaria
163
1.021
1.158
2.342
-3.629
Têxtil e vestuário e
728
-6
-354
368
-212
Indústria de calçados
-822
-236
764
-294
451
Alimentícios, bebidas e álcool etílico.
4.074
2.680
3.788
10.542
-35.877
Serviços industriais de utilidade pública
136
-31
272
377
3.046
Construção civil
-2.349
170
4.458
2.279
-10.091
SERVIÇOS
2.434
2.734
2.551
7.719
-11.867
Comércio varejista
1.017
-1.521
-562
-1.066
-25.062
Comércio atacadista
77
-262
107
-78
-1.217
Instituições de crédito, seguros.
-19
-5
-512
-536
-1.732
Com. e administração de imóveis, serv. técnico...
1.109
2.637
800
4.546
2.050
Transportes e comunicações
-395
9
-727
-1.113
-2.878
Alojamento, alimentação, reparação, redação...
-489
962
-1.018
-545
-7.052
Serviços médicos, odontológicos e veterinários.
1.648
1.539
1.090
4.277
8.352
Ensino
-749
-865
3.250
1.636
11.895
Administração pública
235
240
123
598
3.777

Fonte: MTPS-CAGED

Publicado no Jornal da Cidade, em 08/10/2017

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