Ricardo
Lacerda*
Os últimos resultados da PNAD Contínua Mensal
sugerem que o mercado de trabalho brasileiro começou a reagir consistentemente.
Mesmo que os vínculos informais venham
apresentando crescimento mais intenso do que os vínculos formais, no trimestre encerrado em agosto o incremento
da ocupação abrangeu todos os tipos de vínculos, com a exceção do emprego
doméstico. Na comparação com o trimestre completado em maio, a ocupação total
no Brasil cresceu em um milhão e trezentas e setenta mil pessoas; o emprego
formal no setor privado teve incremento de 154 mil pessoas; e o emprego sem
vínculos formais no setor privado, de 286 mil pessoas. O maior contingente de novas
ocupações foi de pessoas por conta própria, seguidas pelos empregos no setor público.
A Pnad Continua do IBGE registrou taxa de
desocupação de 12,6% no trimestre encerrado em agosto. Ainda que tal taxa seja
a mais elevada para o período julho-agosto desde que a pesquisa foi iniciada em
2012, é
o terceiro resultado subsequente em que a taxa de desocupação recua em
relação ao trimestre imediatamente anterior (ver Gráfico).
Fonte: IBGE. PNADC Mensal
Construção
civil
A novidade no trimestre junho-agosto é que, pela
primeira vez desde que a ocupação começou a reagir, o contingente de pessoas
ocupadas apresentou incremento no setor da construção civil.
No quadro apresentado resume-se o comportamento da
ocupação segundo os setores de atividades, comparando o número de pessoas
ocupadas com o trimestre anterior, assinalando com sinais positivo e negativo,
conforme tenha sido a variação.
Algumas atividades do setor de serviços já vinham
apresentando incremento da ocupação, em muitos casos por conta do incremento de
vínculos informais, desde o trimestre encerrado em setembro de 2016. No
trimestre encerrado em abril, a atividade industrial apresentou o primeiro incremento; em maio, a atividade total e o agrupamento de atividades de administração
pública, educação, saúde e serviços sociais registraram saldos positivos; em junho
foi a vez dos segmentos de comércio e o de transporte; e, finalmente no
trimestre encerrado em agosto, o primeiro resultado positivo da ocupação na
construção civil.
Quadro. Brasil. Sinal de Variação da ocupação por
setor de atividade, na comparação com o trimestre anterior.
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Atividade
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jan-fev-mar 2017
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fev-mar-abr 2017
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mar-abr-mai 2017
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abr-mai-jun 2017
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mai-jun-jul 2017
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jun-jul-ago 2017
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Total
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-
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+
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+
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+
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+
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Agropecuária
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Indústria geral
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+
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+
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+
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+
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+
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Construção
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-
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-
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-
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-
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-
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+
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Comércio
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-
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-
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-
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+
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+
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+
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Transporte, armazenagem e correio
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-
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-
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-
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+
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+
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+
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Alojamento e alimentação
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+
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+
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+
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+
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+
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+
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Informação, comunicação e
atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas
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+
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+
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-
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-
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-
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+
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Administração pública, saúde,
educação e serviços sociais
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-
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-
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+
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+
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+
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+
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Outro serviço
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-
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-
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+
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+
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+
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+
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Serviço doméstico
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-
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+
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+
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+
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-
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-
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Fonte: IBGE. PNADC Mensal. Obs: O trimestre jan-fev-mar de 2017 é
comparado como trimestre out-nov-dez de 2016 e assim sucessivamente.
Saindo
do fundo do poço?
A atividade da construção civil no Brasil criou 191
mil novas ocupações no trimestre junho-agosto, em relação ao trimestre anterior
(março-maio). É o primeiro aumento substantivo nessa série depois de dezoito
edições mensais da PNAD Contínua, desconsiderando o incremento de 0,1% do
trimeste novembro de 2016-jan de 2017. A última vez que a ocupação na
construção civil havia registrado incremento substantivo havia sido no
trimestre encerrado em janeiro de 2016.
O emprego formal da construção civil vem reagindo muito
mais lentamente do que as ocupações informais, mas finalmente ele vem deixando de
cair. Os resultados de julho e agosto do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, informa
que o incremento do emprego na construção contemplou os vínculos formais, mas indicam
também que o incremento da ocupação nas atividades do setor têm se dado quase
que exclusivamente por meio de vínculos informais de trabalho. No acumulado de
julho e agosto, o incremento do estoque de vínculos celetistas na construção
civil foi de apenas 1.741 pessoas, no resultado sem ajustes.
Nordeste lidera
Um aspecto que merece
ser destacado é a distribuição regional na geração do emprego formal na
construção civil. Em agosto, quando o setor apresentou no conjunto do país um
saldo líquido positivo de 1.017 empregos formais, a região Sudeste cortou 5.383
postos de trabalho, concentrados em São Paulo e no Rio de Janeiro. As regiões
Nordeste, com 4.458 novos empregos formais, e o Centro-Oeste, com 879 novos
empregos formais, lideraram a geração do emprego na construção civil no mês. A
região Norte continuou a desempregar e a região Sul criou apenas 127 empregos setoriais.
Registre-se que a construção de edifícios gerou em agosto 1.705 novos empregos
formais na região Nordeste.
Naquele mês, todos
os estados da região Nordeste, com a exceção da Paraíba, registraram saldo líquido positivo de emprego
formal na construção civil, mas a Bahia foi o grande destaque, com a geração de
2.396 postos de trabalhos formais no setor.
Publicado no Jornal da Cidade, em 01/10/2017
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