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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 7 de maio de 2017

Um olhar sobre as exportações brasileiras do 1º quadrimestre de 2017

Ricardo Lacerda

O governo comemora o saldo comercial recorde obtido no 1º quadrimestre de 2017.  As exportações brasileiras entre janeiro e abril somaram US$ 68,1 bilhões, um incremento de 21,8% sobre o mesmo período de 2016. Como as importações registraram crescimento menos acentuado (de 9,5%), o saldo comercial do quadrimestre saltou de US$ 13,2 bilhões para US$ 21,4 bilhões, nessa comparação entre os primeiros quadrimestres, equivalentes a expressivos 61,3% de aumento.
A projeção de mercado mais recente, anterior à publicação do resultado oficial da balança comercial de abril, é de que as exportações brasileiras em 2017 deverão superar US$ 200 bilhões, interrompendo a trajetória de declínio que marcou os três últimos resultados anuais e reposicionando o valor exportado ao patamar de 2010. É possível que essa projeção seja revista para cima nas próximas edições do levantamento, assim como a do saldo comercial anual, de pouco mais de US$ 50 bilhões, que já o confirmaria o melhor resultado da série histórica.

Limitações
Ressaltados os aspectos positivos convém tratar das limitações do resultado alcançado. A mais óbvia é de que o incremento do valor exportado decorreu integralmente da melhoria nas cotações de alguns poucos produtos da pauta de exportações, porquanto a quantidade exportada não apresentou crescimento. O valor médio da tonelada exportada no 1º quadrimestre aumentou 23% (ver Tabela). Assim o incremento do valor exportado (de 21,8%) ficou mesmo inferior à melhoria média das cotações, o que é outra maneira de dizer que a quantidade exportada se retraiu, no caso em 0,9%.
A segunda limitação é que 93% do incremento do valor exportado no 1º quadrimestre do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, concentraram em 15 produtos e que três produtos (minério de ferro, óleo bruto de petróleo e soja) responderam por ¾ do incremento no valor exportado. No caso do minério de ferro o valor das exportações apresentou expansão de 141,1%, como fruto do incremento de 1,8% na quantidade exportada e da melhoria da cotação do produto em 136,7%.
É uma situação bem distinta do desempenho da soja, que havia sido afetado pela estiagem do ano anterior. O incremento em 26,4% no valor exportado do produto no período resultou de incremento de 14,1% na quantidade comercializada e de 10,8% na melhoria da cotação. Na média dos 15 principais produtos exportados, cujo valor apresentou crescimento de simplesmente 45,2%, a quantidade exportada recuou 0,6%, enquanto a cotação média apresentou elevação de 46,1%. Os demais produtos que compõem a pauta exportadora registraram crescimento de apenas 2,4% no valor exportado.

Perspectivas
O desempenho exportador do Brasil permanece muito dependente do comportamento de um número muito restrito de produtos básicos ou semimanufaturados. A melhoria momentânea nas cotações de tais produtos no mercado mundial traz um alívio importante, mas não há segurança de que eles vão continuar se valorizando. Com essa vulnerabilidade, oscilações nas cotações decorrentes de mudanças nas perspectivas de crescimento da China e de alguns outros mercados essenciais fazem toda a diferença no desempenho exportador do país, enquanto a evolução da taxa de câmbio continua sendo determinada mais pelos fluxos financeiros e por seu impacto sobre os preços internos do que a partir de considerações sobre a competitividade das nossas exportações. Não vai ser ainda dessa vez que o Brasil vai voltar a contar com novo surto de crescimento impulsionado pelo drive exportador.

Tabela: Taxa de crescimento das Exportações dos Principais Produtos no Quadrimestre janeiro-abril de 2017 em relação a igual período de 2016 (em %)


Fonte: MDIC-SECEX

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