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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A quebra da safra de grãos em 2016

Ricardo Lacerda
O IBGE publicou na semana que passou a edição de setembro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) com a previsão de safra para o ano de 2016. Os resultados não foram nada animadores. Segundo a pesquisa, a produção de grãos (cereais, oleaginosas e leguminosas) deverá recuar 12,3% em relação ao ano de 2015, na primeira queda desde 2009 e a mais acentuada desde 1996.  A revisão do mês de setembro da LSPA para a produção de grãos é 1,2% inferior à estimativa da edição de agosto. A quebra da safra resulta principalmente da estiagem que assola as regiões Centro-Oeste e Nordeste, mas a queda na produção se disseminou entre todas as regiões.
Se os dados da produção de grãos em 2016 são muito ruins para o conjunto do país eles são dramáticos para a região Nordeste, especialmente para as áreas de fronteira agrícola do Maranhão, Piauí e Bahia e para o semiárido de Sergipe e Bahia. Nos demais estados, a produção de grãos de 2016 recuperou parcela das perdas decorrentes dos efeitos da seca em anos anteriores. Desde o início da década atual, o ciclo de estiagem tem castigado o semiárido nordestino.
Regiões
A produção de grãos em 2016 deverá recuar desde 2,1% na região Sudeste e 4,1% na região Sul, até 14,9% no Norte, 16,1% no Centro-Oeste e 40,1% na região Nordeste (ver Gráfico).
Diante da queda muito mais acentuada do a média nacional, a participação do Nordeste no total da produção de grãos do país recuará de 7,8%, em 2015, para 5,3% em 2016. A região Centro-Oeste também perderá participação, sem contudo perder a liderança, passando de 42,8% para 40,9% do total, quase o mesmo peso da região Sul, que ampliou a participação de 36,2% para 39,5%.


Fonte: IBGE-LSPA de setembro de 2016
Nordeste
As principais culturas agrícolas do semiárido e da região dos cerrados (sul do Maranhão e do Piauí e oeste da Bahia) devem registrar quedas muito acentuadas. A estimativa é de que a produção de soja no Nordeste recue 38,7%, a de milho, 37,7%, a de algodão 41,6% e a de feijão 36,3%. A produção de arroz também sofreu importante revés, retração de 29,1% (Ver Tabela).

Além das duras perdas de renda rural, a quebra da safra de grãos deve contribuir para retardar a recuperação do PIB, mesmo considerando que as projeções mais recentes já tenham incorporado a retração da atividade. No início do ano, a projeção de mercado era de que a produção agropecuária cresceria 1,91% em 2016, enquanto a projeção mais recente, que provavelmente deverá ser revista para baixo em função dos novos resultados da LSPA, estima que as atividades agropecuárias recuem 1,25%. Os impactos econômicos e sociais estão sendo especialmente acentuados nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, no caso da primeira por conta da magnitude da queda da safra e, no caso do Centro-Oeste, em razão do peso das atividades agrícolas na geração de riqueza.


Tabela. Nordeste: Estimativa de produção dos principais grãos 2015 e 2016
(em mil toneladas)
Produção Agrícola
2015
(mil toneladas)
2016
(mil toneladas)
Taxa de crescimento 2016/2015 (%)
Total de Grãos
16.394
9.812
-40,1
Soja
8.386
5.138
-38,7
Milho
5.512
3.432
-37,7
Milho (1ª Safra)
4.174
2.650
-36,5
Milho (2ª Safra)
1.338
782
-60,8
Algodão herbáceo
1.692
663
-41,6
Feijão
639
407
-36,3
Feijão (1ª Safra)
277
204
-43,9
Feijão (2ª Safra)
362
203
-26,4
Arroz
494
351
-29,1

Fonte: IBGE-LSPA de setembro de 2016


Publicado no Jornal da Cidade, em 09/10/2016

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