Ricardo Lacerda
O IBGE publicou na semana que passou a edição
de setembro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) com a previsão
de safra para o ano de 2016. Os resultados não foram nada animadores. Segundo a
pesquisa, a produção de grãos (cereais, oleaginosas e leguminosas) deverá
recuar 12,3% em relação ao ano de 2015, na primeira queda desde 2009 e a mais
acentuada desde 1996. A revisão do mês
de setembro da LSPA para a produção de grãos é 1,2% inferior à estimativa da
edição de agosto. A quebra da safra resulta principalmente da estiagem que
assola as regiões Centro-Oeste e Nordeste, mas a queda na produção se
disseminou entre todas as regiões.
Se os dados da produção de grãos em 2016 são
muito ruins para o conjunto do país eles são dramáticos para a região Nordeste,
especialmente para as áreas de fronteira agrícola do Maranhão, Piauí e Bahia e para
o semiárido de Sergipe e Bahia. Nos demais estados, a produção de grãos de 2016
recuperou parcela das perdas decorrentes dos efeitos da seca em anos
anteriores. Desde o início da década atual, o ciclo de estiagem tem castigado o
semiárido nordestino.
Regiões
A produção de grãos em 2016 deverá recuar
desde 2,1% na região Sudeste e 4,1% na região Sul, até 14,9% no Norte, 16,1% no
Centro-Oeste e 40,1% na região Nordeste (ver Gráfico).
Diante da queda muito mais acentuada do a
média nacional, a participação do Nordeste no total da produção de grãos do
país recuará de 7,8%, em 2015, para 5,3% em 2016. A região Centro-Oeste também
perderá participação, sem contudo perder a liderança, passando de 42,8% para
40,9% do total, quase o mesmo peso da região Sul, que ampliou a participação de
36,2% para 39,5%.
Fonte: IBGE-LSPA de setembro de 2016
Nordeste
As principais culturas agrícolas do semiárido e da região
dos cerrados (sul do Maranhão e do Piauí e oeste da Bahia) devem registrar
quedas muito acentuadas. A estimativa é de que a produção de soja no Nordeste recue
38,7%, a de milho, 37,7%, a de algodão 41,6% e a de feijão 36,3%. A produção de
arroz também sofreu importante revés, retração de 29,1% (Ver Tabela).
Além das duras perdas de renda rural, a
quebra da safra de grãos deve contribuir para retardar a recuperação do PIB,
mesmo considerando que as projeções mais recentes já tenham incorporado a
retração da atividade. No início do ano, a projeção de mercado era de que a
produção agropecuária cresceria 1,91% em 2016, enquanto a projeção mais
recente, que provavelmente deverá ser revista para baixo em função dos novos
resultados da LSPA, estima que as atividades agropecuárias recuem 1,25%. Os
impactos econômicos e sociais estão sendo especialmente acentuados nas regiões
Nordeste e Centro-Oeste, no caso da primeira por conta da magnitude da queda da
safra e, no caso do Centro-Oeste, em razão do peso das atividades agrícolas na
geração de riqueza.
Tabela. Nordeste:
Estimativa de produção dos principais grãos 2015 e 2016
(em mil toneladas)
Produção Agrícola
|
2015
(mil toneladas)
|
2016
(mil toneladas)
|
Taxa de crescimento
2016/2015 (%)
|
Total de Grãos
|
16.394
|
9.812
|
-40,1
|
Soja
|
8.386
|
5.138
|
-38,7
|
Milho
|
5.512
|
3.432
|
-37,7
|
Milho (1ª
Safra)
|
4.174
|
2.650
|
-36,5
|
Milho (2ª
Safra)
|
1.338
|
782
|
-60,8
|
Algodão
herbáceo
|
1.692
|
663
|
-41,6
|
Feijão
|
639
|
407
|
-36,3
|
Feijão (1ª
Safra)
|
277
|
204
|
-43,9
|
Feijão (2ª
Safra)
|
362
|
203
|
-26,4
|
Arroz
|
494
|
351
|
-29,1
|
Fonte: IBGE-LSPA de setembro de 2016
Publicado no Jornal da Cidade, em 09/10/2016
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