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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Indústria, varejo e serviços no 2º trimestre de 2016

Ricardo Lacerda

Há mais interrogações do que certezas em relação às perspectivas de curto prazo da economia brasileira.
Do lado das certezas, é possível afirmar que o nível de atividade atingiu ou está próximo de atingir o fundo do poço, ainda que o mercado de trabalho deva permanecer em declínio por algum tempo. No segundo trimestre de 2016, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) recuou 0,5%, quando no 1º trimestre anterior havia se retraído 1,5%. Mais sintomático da aproximação do fundo do poço é o fato de que as regiões Sudeste, Sul e Norte apresentaram crescimento no Índice de Atividade Regional (IBC-R) no 2º trimestre. As regiões Centro-Oeste e o Nordeste se retraíram no período.
Comércio e serviços continuam perdendo vendas mas um número cada vai maior de atividades da indústria de transformação vem apresentando incremento, mesmo que modesto, no volume de produção física.
É também relativamente seguro que os desequilíbrios macros e microeconômicos ainda vão se acentuar, no que tange à situação fiscal do país, grau de endividamento das empresas e famílias e finanças de estados e municípios, entre outros.
Do lado das interrogações, podem ser listadas as incertezas em relação ao impulso e fôlego que terá a recuperação do nível de atividade. Tomando por base o IBC-BR, o nível de atividade do segundo trimestre de 2016 se situou 8,0% abaixo do resultado do trimestre encerrado em janeiro de 2015 e 9,7% abaixo do índice trimestral de janeiro de 2014, o pico da série livre de efeitos sazonais.
Caso a economia brasileira apresente o incremento de 1,7% em 2017, tal como consta da previsão otimista do governo, o IBC-BR trimestral voltará ao patamar do segundo trimestre de 2010. Os desequilíbrios financeiros de famílias, empresas e governos somente se acentuaram ao longo dessa acentuada trajetória de declínio e o reequilíbrio na situação desses agentes não será facilmente alcançado, notadamente enquanto o nível de atividade se mantiver debilitado.
Há ainda importantes interrogações relacionadas ao cenário externo, abrangendo a já tão anunciada reversão da política monetária do Banco Central norte-americano e a evolução nas cotações do petróleo e das principais commodities da pauta exportadora brasileira. Ao lado da evolução das taxas de juros internas, tais fatores serão determinantes do comportamento que a taxa de câmbio assumirá nos próximos meses e de suas consequências em termos de saúde financeira das empresas e governo e competitividade externa.
Finalmente, há incertezas relacionadas ao grau e efeitos das medidas de ajuste e das reformas ditas estruturais prometidas (mas ainda não inteiramente desenhadas) sobre a situação fiscal e sobre o nível de atividade econômica. 

Indústria
Depois de um longo período de descenso, o volume de produção trimestral da indústria brasileira apresentou incremento nos trimestres encerrados em maio e junho, em relação ao trimestre imediatamente anterior. O volume de produção do 2º trimestre de 2016 se revelou 1,2% acima em relação ao 1º trimestre, mesmo que ainda se posicionasse 6,7% abaixo do resultado do segundo trimestre de 2015 (ver Gráfico 1).
Essa trajetória responde, na essência, ao próprio ciclo de negócios do setor que aparentemente encontrou um piso mínimo no seu nível de atividade. A linha tracejada do Gráfico 1 mostra como desde os últimos resultados de 2015 o volume de produção trimestral da indústria desacelerava o ritmo de queda.  O volume de produção mensal de junho foi superior ao de maio em dezoito e inferior em seis ramos de atividade da indústria de transformação.

Fonte: IBGE-PIM

Varejo e serviços
Varejo e serviços permanecem ainda em etapa declinante do ciclo de negócios, com a particularidade de que as atividades de serviços aparentemente deverão retardar por mais tempo o momento de estabilização. Ambos segmentos se ressentem da situação extremamente fragilizada do mercado de trabalho.
O volume de vendas do varejo continuou declinando no 2º trimestre de 2016, em relação ao 1º trimestre. O volume trimestral deve encontrar a estabilidade no terceiro trimestre (ver Gráfico 2). Na comparação com o mesmo trimestre de 2015, todavia, o volume de vendas do varejo se mantém muito rebaixado, com queda de 7,1%.


Fonte: IBGE-PMC
O volume de serviços recuou 1,2% no segundo trimestre de 2016, em relação ao 1º trimestre do ano. Diferentemente do volume de vendas no varejo, todavia, não emite ainda sinais consistentes de aproximação do fundo do poço.

Fonte: IBGE-PMS




 Publicado no Jornal da Cidade, em 28/08/2016

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