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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

terça-feira, 22 de abril de 2014

A produção de petróleo em Sergipe nos anos noventa


Ricardo Lacerda

A década de noventa foi muito ruim para a atividade de exploração de petróleo em Sergipe, notadamente nos seus primeiros anos. A atividade de exploração de novos poços encolheu, com importante impacto na produção do período. A curva de produção se apresentou acentuadamente descendente até 1997, com recuperação apenas parcial nos anos seguintes.

O período mais crítico se estendeu até 1994, em que as reservas provadas de petróleo de Sergipe apresentaram importante recuo, indicando que a atividade de exploração não conseguia repor o envelhecimento natural dos poços.

A hipótese que é apresentada nos parágrafos seguintes é de que três são os principais fatores que explicam a retração da atividade de exploração de petróleo em Sergipe nesse período: o primeiro, o fato de que o foco de interesse da Petrobras, desde os primeiros anos da década anterior, se ter deslocado para a exploração em águas profundas na bacia de Campos, no litoral fluminense, deixando em segundo plano as áreas de exploração na região Nordeste, onde o esforço de exploração havia se mostrado mais vigoroso na etapa inicial da atividade de petróleo no país. Entre 1980 e 1985, a produção fluminense passou de 15,7% para 60,6% da produção nacional. Em 1990 já representava 63,3% do total produzido no país.

O segundo fator, que se conjuga ao primeiro, a evolução extremamente desfavorável da cotação do petróleo no mercado internacional durante cerca uma década e meia, entre 1986 e 2003. Tratava-se, então, não apenas que surgiram novas áreas mais atraentes para os investimentos em exploração, como também que a cotação mais baixa do produto no mercado internacional punha em questão os investimentos na exploração de áreas menos rentáveis ou menos promissoras.

Um terceiro fator a ser considerado é a mudança do marco regulatório da exploração do petróleo no Brasil, que culminou com a quebra do monopólio da Petrobras em 1997. O novo marco regulatório, quando aprovado, encerrou o longo período de paralisia na atividade porquanto a sua tramitação foi longa e traumática, com início ainda 1995, no primeiro ano do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Produção

Depois de atingir o pico de produção, em 1984, com 18,5 milhões de barris, a exploração de petróleo em Sergipe seguiu em patamar elevado até 1989, com média anual superior a 17 milhões de barris anuais. A partir de 1990, a produção entrou em uma trajetória acentuadamente declinante, que se estendeu até 1997, quando somou 12 milhões de barris. Entre 1998 e 2000, esboçou-se uma tímida recuperação, fechando a década no patamar de 13 milhões de barris anuais.

A trajetória da produção de gás natural foi um pouco distinta. Ela continuou em expansão entre 1984 e 1989, mas despencou junto com a produção de petróleo na primeira metade dos anos noventa, recuperando, todavia, a partir de 1996, encerrando a década em patamar semelhante ao do início dos anos noventa (ver Gráfico 1).


 Fonte: Seplag/SE, para o período 1984-1993; ANP para 1994 e anos seguintes.

Reservas provadas

Uma maneira de avaliar o esforço exploratório no período é observando a evolução das reservas provadas de petróleo. Entre 1991 e 1994, as reservas provadas de petróleo em Sergipe recuaram de 191 milhões de barris para 176 milhões de barris, uma queda de 8% (ver Gráfico 2).

Nos anos seguintes, as reservas de petróleo apresentaram uma recuperação modesta e a partir de 1998 ocorreu uma mudança de patamar mais expressiva, de tal de forma que as reservas provadas em 2000 situavam-se 16% acima da existente em 1991. Na média do período 1991-2000, os campos de terra representaram 84% das reservas provadas de petróleo no Estado.


Fonte: ANP

Preços

Finalmente, vale a pena examinar o comportamento dos preços do petróleo. O Gráfico 3 apresenta as curvas de evolução do preço de petróleo a preços correntes e a preços corrigidos de 2011. A informação foi extraída do portal do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP).

Depois do segundo choque do petróleo (1979-1980), seguiu-se uma contínua queda na cotação do barril de petróleo no mercado internacional. Entre 1986 e 2003, a cotação média anual do barril de petróleo no mercado internacional permaneceu rebaixada, em valores inferiores a US$ 40, a preços de 2011. O período mais crítico se estendeu entre 1992 e 2002, em que a cotação, a preços de 2011, mal encostava no patamar de US$ 30 o barril (com a exceção do ano de 2000).

A cotação ruim do preço do petróleo, a preferência pelos investimentos nos campos mais promissores da plataforma continental fluminense e a fase de transição no marco regulatório de exploração de petróleo no Brasil traçaram o destino da produção de petróleo em Sergipe na década de noventa (c.q.d.).


Fonte: Extraído do portal do Instituto Brasileiro de Petróleo em 16/04/2014. http://200.189.102.61/SIEE/dashboard/EstatisticasInternacionaisDoComercioDePetroleo


Publicado no Jornal da Cidade em 20/04/2014 

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