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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A geração de emprego no 2º trimestre


Ricardo Lacerda

A expansão da atividade sucroalcooleira nos últimos anos em Sergipe propiciou a ampliação de emprego formal no setor agropecuário e na fabricação do açúcar e do álcool. Também foi fundamental para a interiorização do emprego com carteira assinada, com a criação de milhares de ocupações nos territórios do Leste e do Médio Sertão, notadamente nos municípios de Capela e de Nossa Senhora das Dores.  

O crescimento dessa atividade, com o aumento do seu peso no emprego total, teve como efeito colateral a intensificação da variação sazonal na geração de emprego, aumentando a participação das contratações a partir de junho de cada ano, mas diminuindo a ocupação nos primeiros meses do ano e muito particularmente entre março e maio. Esse comportamento sazonal se verifica em todos estados do leste nordestino, sendo mais acentuado em Alagoas e Pernambuco, detentores das maiores áreas de cultivo de cana. Com o crescimento dessa lavoura em Sergipe, elevou-se a participação do 3º trimestre no total de contratação anual e, em menor escala, do 4º trimestre, enquanto reduziu-se o peso do 2º trimestre.

Emprego trimestral

O Gráfico 1 a seguir apresenta o saldo do emprego criado no 2º trimestre nos anos de 2006 a 2011, com as respectivas participações no total do ano.  É importante destacar que nesses anos a geração de emprego formal no estado foi fortemente ascendente.

Para perceber a evolução tendencial da criação líquida de empregos no 2º trimestre, convém considerar as excepcionalidades dos anos de 2009, com desempenho muito ruim por causa dos efeitos da crise financeira internacional sobre a geração de emprego, e de 2010, em que o Produto Interno Bruto cresceu 7,5%. Talvez fosse recomendável trabalhar com a média da geração do emprego nesses dois anos.

Com essas observações, fica nítida a queda da participação do 2º trimestre no emprego gerado ao longo do ano, passando de 29% e 30% em 2006 e 2007, respectivamente, para 15%, em 2008, média de 12% em 2009 e 2010, e 8%, em 2011.  Os montantes de empregos gerados no segundo trimestre de cada ano estão apresentados nas colunas do gráfico.
  Fonte: MTE-CAGED. Obs: Série sem ajuste de declarações fora de prazo.

Setores

A geração líquida de empregos no 2º trimestre é relativamente mais elevada nas atividades de serviços, em seus vários segmentos, e na atividade de comércio, e mais frágil na construção civil, que já efetuou fortes contratações no 1º trimestre, e no setor industrial, por conta do desligamento de empregados na fabricação de açúcar e de álcool, porquanto outros segmentos já iniciam a contratação com vistas às vendas do final do ano. 

O Gráfico 2 sintetiza a média por setor do emprego gerado no 2º trimestre  dos anos de 2009 a 2011. O setor de serviços, incluindo educação, saúde, turismo, serviços profissionais e pessoais criou, em média, 1.055 empregos novos a cada 2º trimestre, equivalentes a 21% do total que foi gerado no setor na média dos anos.

As atividades de comércio também iniciam de forma moderada o processo de recontratação, depois de um 1º trimestre desaquecido. Na média dos três anos, foram empregados 545 trabalhadores no 2º trimestre, representando 20% do total do ano. Nos demais segmentos, a participação do trimestre é pouco expressiva, sempre inferior a 10% do total do ano e, no caso do setor agropecuário, pelo motivo já explicitado, é intenso o desligamento, somente voltando a contratar na segunda metade do ano.

Fonte: MTE-CAGED. Obs: Série sem ajuste de declarações fora de prazo.

Os dados examinados acima dizem respeito à flutuação do emprego relacionada à sazonalidade do nível de atividade ao longo do ano. Além dos fatores sazonais, é preciso ficar atento aos aspectos conjunturais, que dizem respeito aos ciclos de aceleração e de desaceleração do crescimento econômico. Como se sabe, desde meados de 2011 a economia brasileira se encontra em trajetória de baixo crescimento, com impacto adverso no ritmo de geração de postos de trabalho, ainda que o comportamento do emprego tenha se apresentado bem melhor do que o do PIB.

Com as medidas adotadas pelo governo federal para expandir o crédito, baixar as taxas de juros e fomentar a produção industrial que se encontrava anêmica, é possível que a geração de emprego no 3º trimestre de 2012 venha se revelar bem mais robusta do que no mesmo período de 2011. Para o 2º trimestre de 2012, talvez, as medidas ainda não tenham efeito de maior significado.

Publicado no Jornal da Cidade em 29/04/2012


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