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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 6 de maio de 2012

A cultura do milho e a seca

Ricardo Lacerda

A cultura do milho tem grande significado para o semiárido nordestino. Tradicional cultura da região, ao lado da mandioca e do feijão, a produção de milho se expandiu intensamente na última década, mais do que dobrando a quantidade produzida, enquanto as outras duas culturas apresentaram evoluções mais modestas.

Entre as médias de 1998-2000 e 2008-2010, a produção de milho do Nordeste aumentou 126%, frente a 26% de incremento da cultura da mandioca e 6% do feijão. Com a elevação do preço internacional do produto, em grande parte associada à expansão da fabricação de etanol nos Estados Unidos, o cultivo de milho acelerou seu ritmo de crescimento no Brasil. O Departamento de Agricultura americano estima mesmo que a utilização de milho na safra 2011/2012 para a produção de combustível deverá superar o montante consumido na fabricação de rações.

Nordeste

A produção de milho do Nordeste vem crescendo em ritmo mais acelerado do que a média do Brasil, com taxas de expansão somente inferiores às alcançadas pelo Centro-Oeste. A constatação vale tanto para o período mais recente, pós-2008, quanto para a última década como um todo.

O Gráfico 1 a seguir apresenta a produção anual de milho do Nordeste (em mil toneladas), entre 2000 e 2010. Para atenuar o impacto dos anos ruins e assim destacar a tendência de longo prazo também é apresentada a média trienal. Na média trienal, a produção de milho da região saltou de 2 milhões de toneladas, entre 1998-2000, para 4,4 milhões de toneladas, em 2008-2010.

Na linha, que representa a produção de cada ano, ainda que a tendência seja nitidamente ascendente, é possível observar que nos anos de 2001 e 2002 a cultura apresentou forte recuo em relação a 2000. Em 2003, a produção retomou o nível de 2000 e passou a apresentar crescimento médio moderado até 2007.

Foi a partir de 2008 que a produção alcançou um novo patamar, já estimulada pela elevação da cotação internacional do produto. O preço atraente fez com que se procedesse, no semiárido nordestino, forte migração de agricultores para a cultura mais rentável.


Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal- IBGE

Território do milho

A expansão da cultura do milho tem se efetivado com importantes melhorias na região Nordeste, com aumento de quase 50% na produtividade agrícola ao longo da década, e o cultivo do milho vem se constituindo em uma atividade promotora de ocupação e de geração de renda no semiárido.

Internamente à Região, a cultura vem apresentando evolução muito dispare, podendo ser identificadas três áreas de crescimento acelerado: Oeste da Bahia; Oeste de Sergipe e Nordeste da Bahia; e Maranhão e Piauí. A evolução do cultivo na região delimitada entre o estado do Ceará e Alagoas, com exceção da produção de algumas microrregiões, não tem sido digna de destaque positivo.
O caso mais interessante, sem sombra de dúvidas, é a formação de um amplo território no semiárido, entre o Nordeste da Bahia e o Oeste de Sergipe, especializado na cultura do milho, que já se constitui o segundo polo produtor da região Nordeste. Nessa sub-região, a atividade vem ampliando de forma acelerada a área de cultivo e obtendo ganhos expressivos de produtividade. Esse território do milho no semiárido dos dois Estados que produzia menos de 300 mil toneladas em 2000 já se aproximava de 1,4 milhão de toneladas em 2010 (ver Gráfico 2).


Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal- IBGE

Essa nova fase da economia do milho do semiárido sergipano e baiano, que é herdeira da tradicional história da atividade no nosso sertão, mas em que a atividade vem alcançando novo patamar de produção e produtividade, vai passar por uma dura provação em 2012 e, talvez, em 2013, por conta do longo período de estiagem que se antecipa e que já começa a causar prejuízos.

Publicado no Jornal da Cidade 06/05/2012


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