Ricardo Lacerda
O IBGE apresentou na semana passada os
resultados de março da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e da Pesquisa Mensal
de Serviços (PMS), fechando o trimestre. A PIM (Pesquisa Industrial Mensal) de
março já havia sido publicada na semana anterior.
Com a publicação desses resultados é possível
fazer um balanço parcial do nível de atividade setorial do período, marcado
pelo agravamento da crise política e pela intensa deterioração do mercado de
trabalho. Em linhas gerais, a indústria continuou despencando em ritmo
anualizado de quase 10%, ainda que algumas atividades do setor tenham começado
a reagir a partir de um patamar de produção muito rebaixado. O comércio
varejista e os serviços conheceram um período especialmente ruim, não tendo
apresentado sinais de melhoria no nível de atividade. Ou seja, os resultados
apresentados corroboram a percepção difusa da sociedade a respeito das
dificuldades enfrentadas no nível de atividade econômica
Indústria
A indústria geral no primeiro trimestre do
ano caiu 11,6%, em relação ao mesmo período de 2015. Na comparação com o último
trimestre de 2015, já descontados os efeitos da variação típica entre os meses
dos anos, ou seja, com dados já dessazonalizados, a indústria geral ao final do
1º trimestre de 2016 se situou 2,3% abaixo do último trimestre de 2015, que
havia recuado 4,1% em relação ao terceiro trimestre de 2015.
Em síntese, o que temos até março de 2016 em
termos trimestrais é que a indústria continuou despencando e o ritmo de queda manteve-se
intenso, apesar de ter sido atenuado em relação aos resultados do último
trimestre de 2015 (ver Gráfico 1).
Fonte: IBGE-PIM. Obervação: As taxas de
crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior estão referidas ao
eixo vertical esquerdo, enquanto as taxas de crescimento em relação ao mesmo
trimestre do anterior estão referidas ao eixo vertical direito.
Alguns analistas têm apontado que a cada mês novas
atividades industriais começam a apresentar recuperação. Mesmo com o conjunto
da atividade industrial tendo recuado os referidos 2,3% no trimestre encerrado
em março em relação a dezembro, no corte subsetorial doze dos vinte e três
ramos pesquisados registraram crescimento nessa comparação, na série com dados
dessazonalizados, quando no último trimestre de 2015 apenas um ramo havia apresentado
crescimento. Esse tipo de análise sinaliza a aproximação do momento em que o
nível de atividade industrial deverá chegar ao fundo do poço, provavelmente no segundo
semestre do ano.
Varejo
O aumento do desemprego, a compressão no
poder de compra das famílias e a insegurança em relação ao futuro impactaram
fortemente as atividades do setor terciário, atingindo tanto as vendas no
comércio quanto o volume de prestação de serviços.
O primeiro trimestre de 2016 foi muito ruim
para o comércio varejista. Excluindo as vendas de combustíveis e de automóveis,
o volume de vendas no varejo brasileiro recuou 7% em relação ao primeiro
trimestre de de 2015. O resultado do último trimestre de 2015 já havia sido também
muito ruim, queda de 6,9%, em relação ao mesmo trimestre de 2014 (ver Gráfico
2).
Na série que compara com o trimestre
imediatamente anterior, o volume de vendas no 1º trimestre de 2016 despencou
3,2%. Os resultados apontam para um período especialmente ruim para o comércio
varejista no primeiro trimestre do ano, sem sinalização ainda de ter atingido o
fundo do poço.
Fonte: IBGE-PMC. Obervação: As taxas de
crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior estão referidas ao
eixo vertical esquerdo, enquanto as taxas de crescimento em relação ao mesmo
trimestre do anterior estão referidas ao eixo vertical direito.
Serviços
A Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE é bem
mais recente do que as outras duas aqui tratadas (o que impede a
dessazonalização dos resultados) não sendo possível medir o desempenho em
relação ao período imediatamente anterior.
O volume de serviços no primeiro trimestre de
2016 apresentou queda de 5%, na comparação com o primeiro trimestre de 2015. No
último trimestre de 2015, o volume de serviços havia se retraído em 5,7%, em
relação ao mesmo trimestre do ano anterior (ver Gráfico 3). À semelhança do que
se verificou no comércio varejista, não houve no primeiro trimestre do ano uma
sinalização clara de retomada na ampla maioria do ramos de atividade do setor
de serviços.
Fonte: IBGE:PMS
Publicado no Jornal da Cidade, em 15/05/2016
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