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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Expansão urbana e o emprego em Sergipe nos anos noventa



Ricardo Lacerda

O comportamento do emprego formal é um indicador que provê boas pistas para compreender como se deu a expansão dos centros urbanos sergipanos ao longo dos anos noventa, complementando o cenário apresentado no artigo da semana passada que centrou a análise no crescimento demográfico.

Ainda que o emprego formal não capte a ocupação de mais da metade da PEA, e muito mais do que isso nas cidades do interior, o seu acompanhamento propicia que sejam identificadas as modificações mais significativas no setor mais moderno da economia e sua distribuição entre os principais centros urbanos.

O Gráfico abaixo mostra a evolução do emprego formal nos principais núcleos populacionais do Estado, igualando o estoque de emprego formal de 1990 a 100 e assinalando os índices de crescimento nos anos de 1994, 1996 e 2000. 

Em trajetória que se refletiu no crescimento populacional visto no artigo anterior, o incremento do emprego formal foi acentuado em Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, Itabaianinha, Lagarto e Itabaiana. Em Aracaju e Estância o emprego formal andou de lado e despencou em Propriá. A forte queda do emprego formal em Canindé do São Francisco, mostrada no gráfico, foi reflexo direto da conclusão das obras de implantação da Usina Hidroelétrica de Xingó.

Fonte: MTE-RAIS


Grande Aracaju

Alguns movimentos significativos foram registrados no período. Na comparação entre 1990 e 2000, Aracaju perdeu 5.996 postos de trabalho formal, equivalentes a uma retração de 4,4% no estoque do emprego formal da capital, o que não é pouca coisa. Já em Nossa Senhora do Socorro, as vagas formais foram ampliadas em 5.059, crescimento de 135,9%. O emprego formal do município de São Cristóvão, na Grande Aracaju, dobrou, saltou de 3.032, em 1990, para 6.072, em 2000.

As perdas de emprego em Aracaju na década se concentraram fortemente na indústria têxtil e no setor de couros, borracha e fumo. A indústria têxtil em Aracaju fechou mais de quatro mil postos de trabalho. Na atividade industrial, o aumento de emprego mais expressivo ficou restrito à fabricação de alimentos e bebidas.

É interessante notar como a década liberal se traduziu na evolução do emprego público na capital, com a forte retração da contratação direta e o aumento na mesma proporção no emprego terceirizado. Entre 1990 e 2000, a administração pública eliminou 3.605 vagas, enquanto o subsetor chamado de administração técnica e profissional, no qual se inserem as atividades terceirizadas mais típicas, teve incremento de 4.456 vagas. Finalmente, vale destacar a expansão muito intensa do emprego nas atividades no setor de saúde e educação particulares.

O caso de Nossa Senhora de Socorro é particularmente interessante. Mesmo passando a contar com o principal distrito industrial do estado, a maior parcela dos novos empregos foi gerada pelo comércio, 3.776 nos postos formais, estimulado pela demanda dos novos núcleos residenciais. A indústria de transformação criou apenas 439 novos empregos no município, concentrados fortemente na produção de minerais não metálicos (fábrica de cimento), 396.

Interior

No interior, Canindé do São Francisco e Propriá viram o emprego formal despencar, a primeira em função da conclusão das obras de implantação da Usina Hidreletrica de Xingó.  O emprego na construção civil no município, que havia atingido 6.054 em 1993 despencou para apenas 99 no ano de 2000.

Em Propriá, a retração do emprego formal foi menos acentuada do que em Canindé do São Francisco, mas mesmo assim espelhou uma situação muito mais preocupante. Entre 1990 e 2000, o município perdeu 462 postos de trabalho, equivalentes a 28,3% do que havia no início da década. As perdas se distribuiram entre a construção civil, setor de transporte, alojamento e comunicações, entre outros.  

O município de Estância foi um dos mais sacrificados, com a perda de quase mil empregos industriais, em função da crise têxtil e do setor de alimentos, entre 1990 e 1997. A partir desse ano, o município recupera parte dos empregos perdidos na indústria de transformação, com a implantação da cervejaria.

De outra parte, o emprego formal apresentou crescimento notável em Lagarto, Itabaiana e Itabaiaininha.  E também foram muito expressivos, por diferentes motivos, os incrementos do emprego formal em Itaporanga D´ajuda, Pacatuba, Japaratuba, Areia Branca, Tobias Barreto e Capela.

O Quadro apresentado seleciona informações sobre o emprego gerado no setor privado (emprego total- emprego na administração pública) nos doze municípios mais expressivos nesse quesito ao longo dos anos noventa, destacando na última coluna as atividades com maior peso na criação do emprego no período.


Quadro: Geração de Emprego Formal entre 1990 e 2000, excluídos  os empregos no setor público
Município
Novos Empregos
Taxa de Crescimento
(%)
Setor (es) que mais criaram emprego
 N. S. Socorro
4.658
143%
Comércio; Min. n Metálicos; Transporte e Aloj e comunicação.
São Cristóvão
2.914
128%
Aloj e comunicação; Adm. Técnica; Construção; Comércio.
Lagarto
1.742
95%
Comércio; Ind. de Alimentos, Quím. e de Couros, Saúde Educ.
Itabaiana
1.302
64%
Comércio; Ind Min n. Metalicos e Alimentos e Saúde e Educ.
Itabaianinha
1.221
335%
Indústria Têxtil e de Minerais n metálicos
Pacatuba
1.118
288%
Usina de álcool e açúcar
Itaporanga
943
129%
Ind. de Calçados e de Alimentos; Comércio
Japaratuba
611
754%
Transporte e comunicação
Areia Branca
568
536%
Cana-de-açúcar; Construção
T. Barreto
565
113%
Indústria de Confecção; Comércio
Estância
428
10%
Saúde e Ensino; Comércio; Ind. de Bebida e Metalúrgica
Capela
404
125%
Cana-de-Açúcar e ind. de Alimentos
Fonte: MTE-RAIS


Publicado no Jornal da Cidade, em 18 de maio de 2014


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