Ricardo
Lacerda
O debate sobre desenvolvimento remete aos fundadores da economia
política, desde os fisiocratas e Adam Smith, no século XVIII, a David Ricardo e
Karl Marx, no século XIX. É no século XX, em plena grande depressão dos anos
trinta, que foi elaborado o primeiro indicador abrangente de desenvolvimento dos
países e regiões, o PIB. A medição do Produto Interno Bruto foi desenvolvida
pelo economista Simon Kuznets, em 1934, e foi adotada de forma generalizada
pelos países no após segunda guerra mundial. A série do PIB brasileiro se
inicia em 1947. O PIB e o seu derivado, o PIB per capita, se estabeleceram como
medidas do nível de bem estar das sociedades.
IDH e IPM
O Índice do Desenvolvimento Humano- IDH foi elaborado em 1990 pelo
paquistanês Mahbubul Haq com a colaboração do Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen, com o intuito
de focar nas pessoas, e não na riqueza gerada, o parâmetro de avaliação do
desenvolvimento econômico e social. Assim como o PIB eo PIB per capita têm
importantes limitações e imperfeições, dentre as quais duas se destacam: não
levar em conta as desigualdades de renda entre as pessoas e não descontar da
valoração da riqueza os impactos negativos (as externalidades negativas) gerados
pela atividade econômica sobre o bem estar, o IDH também as tem.
Do ponto de vista formal, a
principal limitação do IDH, diferentemente do que ocorre com o PIB per capita, é
que um índice de 0,800 não significa que um país ou estado apresenta o dobro do
desenvolvimento humano de outro com 0,400. Em outras palavras, o
valor do índice em si não tem grande significado, a não ser que o IDH de 0,800
é bem melhor do que o de 0,400. Isso decorre do caráter multidimensional do IDH
que procurou traduzir em um único indicador o poder aquisitivo, o
desenvolvimento educacional e as condições de saúde de uma população. Para
superar tal limitação, foram criadas faixas de IDH indicando se um país se
encontra em situação de alto, médio ou baixo desenvolvimento humano. As faixas
não consideram os valores absolutos do IDH e sim a posição relativa na escala
dos países.
Desde
2010, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em seu
Relatório de Desenvolvimento Humano, vem adotando, ao lado do IDH, o índice de
Pobreza Multidimensional – IPM que confere, segundo a instituição, uma visão
mais adequada das privações que as famílias estão sujeitas, incluindo variáveis
como o acesso a saneamento e as condições ambientais. Atua, portanto, no
sentido de orientar as políticas públicas na superação das privações que afetam
as parcelas mais pobres da população.
IDH Sergipe
A primeira medição do IDH dos estados brasileiros foi elaborada em 1998, com dados fornecidos pelo censo demográfico de 1991, a partir do
cálculo dos IDHs municipais (IDH-M). Em 1991, Sergipe apresentava o IDH-M de
0,597, na 3ª posição do Nordeste, atrás de Pernambuco e Rio Grande do
Norte. Naquele ano, nosso estado se situava em
2º lugar em renda, 3º lugar em educação e 3º lugar em longevidade.
Com os dados do censo demográfico de 2000, o PNUD voltou a calcular o
IDH-M. Sergipe, como os demais estados, avançou nas três dimensões. O IDH-M de
2000 referente a Sergipe alcançou 0,682, mas sua posição no ranking ao longo da
década de noventa recuou para o 5º lugar, com a ascensão da Bahia e do Ceará
aos 3º e 4º lugares, respectivamente. O PNUD efetuou outra medição com dados de
2005, com o IDH de Sergipe atingindo de 0,742, o 2º da região Nordeste, depois
da Bahia.
Em 2009, o Banco Central do Brasil, utilizando a metodologia do PNUD,
calculou a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar os IDHs
dos estados brasileiros referentes ao ano de 2007, mostrando conquistas
importantes. Sergipe apresentou o IDH de 0,770, a 1ª posição no ranking
regional, seguido pela Bahia e Rio Grande do Norte. Sergipe se apresenta como
2º lugar em renda, depois do Rio grande do Norte, 1º em escolaridade e 2º em
longevidade, depois da Bahia. Em 2013, o PNUD publicará o IDH-M com os dados do
censo demográfico de 2010, que poderão ser comparados com os resultados de
2000, também calculado com dados censitários.
Fonte:Boletim Regional do Banco Central do Brasil.
Janeiro de 2009
Do ponto de vista prático, a
ampla disseminação do IDH constitui em ganho importante por que colocou no
centro do debate democrático o desenvolvimento humano e o IDH passou a orientar
as políticas públicas em um número crescente de países. A sua força e a sua
debilidade decorrem de sua simplicidade. Se o IDH permite a comparação entre os
países e regiões, ele se apoia em apenas algumas poucas das variáveis que podem
ser consideradas relevantes na avaliação do desenvolvimento humano.
Com muito caminho ainda a trilhar, Sergipe, a exemplo de outras unidades da federação, vem avançando a passos firmes no desenvolvimento humano, seja quando são consideradas as dimensões do IDH, seja em outras dimensões de privações das famílias mais pobres.
Publicado no Jornal da Cidade em 27/08/2012
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