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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Os PIBs dos municípios sergipanos em 2009 (1)

Ricardo Lacerda

O IBGE anunciou na semana passada os valores e a composição dos PIBs municipais do Brasil referentes a 2009, ano em que o PIB brasileiro apresentou recuo de 0,3% em razão do impacto da crise financeira internacional. Levando em conta tal cenário, o crescimento de 4,4% da economia sergipana foi um resultado extraordinário, o quarto maior crescimento do país, muito superior ao 1% alcançado pelo conjunto da região Nordeste (ver Gráfico).


 IBGE: Contas regionais 2009

O PIB municipal corresponde ao valor das riquezas produzidas ao longo do ano, considerando tudo o que foi produzido naquele território nos setores agropecuário, industrial e de serviços. Não mede, todavia, a riqueza que fica no município e sim aquela que é ali produzida. Para medir a riqueza que circula no próprio município, os indicadores de renda são mais apropriados. Assim, as parcelas do valor da extração de potássio explorada pela companhia Vale ou do valor da exploração de petróleo e gás, pela Petrobrás, que são remunerações de pessoas ou empresas não domiciliadas no Estado, fazem parte do PIB municipal, ainda que não signifiquem renda internalizada no próprio município.

Tampouco os tributos federais ou estaduais que incidem sobre essa produção ficam na íntegra no próprio município. Da mesma forma, o PIB per capita municipal é principalmente um indicador de produtividade média, e não necessariamente da riqueza média das pessoas que residem no município. Portanto, para se avaliar o grau de pobreza ou o de bem estar das pessoas, a renda per capita ou a renda familiar per capita são indicadores mais adequados do que o PIB per capita.

Mesmo assim, a não ser em situações muito excepcionais, a elevação do PIB per capita de um município tende a ser seguida pelo crescimento da renda per capita, por meio de mecanismos diversos, como incremento de tributos e elevação da massa de salários. Os valores do PIB per capita e da renda per capita municipais estão tanto mais correlacionados quanto mais a estrutura produtiva tem predominância de empresas de pequeno e médio portes, em sua maioria sediadas no próprio município.

Finalmente, a distância entre o PIB per capita e a renda per capita diminui quando se lida com agregados territoriais maiores, como estados e países.

O PIB municipal

Em 2009, os dez maiores PIBs municipais de Sergipe eram os de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Canindé do São Francisco, Laranjeiras, Estância, Itabaiana, Lagarto, Rosário do Catete, São Cristovão e Itaporanga d'Ajuda. O quadro, a seguir, apresenta, do lado esquerdo, os vinte municípios que lideravam o PIB e, do lado direito, os vinte municípios com maior PIB per capita. Os dez maiores municípios sergipanos respondiam, em 2009, por 68,9% do PIB estadual e por 54,6%, da população.

Em 2000, os dez municípios mais ricos representavam 73,2% do PIB, indicando ter ocorrido certa desconcentração da atividade produtiva no período. Quando se compara com 2000, dois municípios entraram na lista dos vinte maiores PIBs: Carmópolis, por conta da retomada da produção de petróleo nos campos maduros, e Barra dos Coqueiros, pelo crescimento populacional e urbano.

IBGE: Contas regionais 2009

PIB per capita

Os municípios com os maiores PIBs per capita, em 2009, eram aqueles que contavam com grandes unidades industriais, em geral relacionadas à exploração de riquezas minerais. Entre os dez maiores PIBs per capita, o 1º lugar era de Rosário do Catete, onde se localiza a atividade de exploração de potássio da companhia Vale, seguido por Canindé do São Francisco, que sedia a Usina Hidroelétrica de Xingó, Larajeiras, que conta com a unidade da Fabrica de Fertilizantes do Nordeste (FAFEN) e indústria de cimento, Carmópolis, Divina Pastora e Japaratuba, exploração de petróleo e gás natural. As outras três, eram Frei Paulo (pólo calçadista), Aracaju, Itaporanga d'Ajuda, pólo comercial e/ou industrial, e Capela (açúcar e etanol).

No próximo artigo será examinado o outro lado da moeda, os municípios mais pobres e mais dependentes de transferências governamentais.

Publicado no Jornal da Cidade em 18/12/2011



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Um comentário:

  1. Desenvolvimento Hood Robin! tira dos pobres para acrescentar aos mais ricos.
    PENA QUE ESTE PIB NÃO REPRESENTE RIQUEZA REAL PARA O POVO SERGIPANO.
    Sai de suas contas bancárias direto aos investidores no Sul e no exterior como a AMBEV.
    Barra dos Coqueiros tem 2/3 de sua população dependente de programas sociais e apresenta PIB per capita superior à Itabaiana. Representa riqueza? Sómente para uns poucos empresários que vem aqui gozar de isenções fiscais deixando quase nenhuma riqueza por aqui.
    Assim tb fizeram a Vila Romana, Azaléa e outros que, depois de explorar a mão-de-obra escrava do trabalho em domicílio, isentos de impostos como ICMS, IPI e até de rendas(50%) fecharam suas fábricas e as levaram à India onde podem continuar a enriquecer com trabalho escravo domiciliar sem garantias sociais e sem salário, só produção por peça.
    Empobrecem a arrecadação de ICMS do estado ao venderem sua produção no mercado local isentos de tributos. HIPÓCRITAMENTE, os governantes atuais dizem que não mais dão isenção. Apenas deixam de receber os impostos como ICMS para cobrá-los no futuro, só Deus sabe quando... Chamam a isto diferimento e colocam os seus fiscais para arrochar a fiscalização sobre os comerciantes pequenos já que os grandes gozam de SONEGAÇÃO OFICIAL.
    A AMBEV, por exemplo, produz 1,66 milhão de garrafas por dia ou cerca de R$ 1 BILHÃO POR ANO de faturamento. Seu ICMS devido em um ano é igual AO SEU CAPITAL DE IMPLANTAÇÃO = cerca de R$180 MILHÕES.
    Quantas escolas e quantos empregos criaríamos somente com o |ICMS deste contribuinte, se o recolhêssemos....IMAGINE OS OUTROS.
    ASSIM, CRIAMOS COM A SONEGAÇÃO OFICIAL UM PIB FALSO QUE NEM FICA NO NORDESTE E SÓ SERVE PARA ENCHER MAIS A QUEM TEM MUITO E EMPOBRECER MAIS A UEM JÁ É POBRE, como o Nordeste.
    Julio Spínola- Auditor fiscal I- Sergipe

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