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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A taxa nula de crescimento do PIB no 3º trimestre de 2011



Ricardo Lacerda

A taxa nula de crescimento do PIB do 3º trimestre de 2011, em relação ao trimestre anterior, sem efeitos sazonais, confirmou os temores de que o agravamento da crise européia potencializaria a desaceleração econômica já em curso.

Ao final de 2010, o governo brasileiro percebia que o ritmo acelerado de crescimento naquele ano não teria como se sustentar em 2011. A expansão do PIB de 2010 era atípica porque incidia sobre a base rebaixada de 2009, em que o produto interno havia recuado 0,3%. A aceleração da inflação nos últimos meses de 2010, que se afastava rapidamente do centro da meta, em doze meses, tendia a se agravar, diante da maior velocidade de crescimento na demanda do que na oferta, notadamente nos segmentos em que a produção interna não poderia ser complementada pela importação, como na maioria dos serviços. O quadro que se desenhava era de uma situação de crescimento econômico acima do potencial do país, com efeitos danosos sobre os preços e sobre o saldo de transações do país, em um cenário de dificuldades na economia mundial.

As medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central, restringindo a oferta de crédito, e a sucessivas elevações na taxa básica de juros fizeram o trabalho de desacelerar rapidamente o crescimento econômico em 2011. O agravamento do quadro europeu no segundo semestre incorporou expectativas negativas a um cenário interno de desaceleração e pôs em dúvida a capacidade do Brasil continuar crescendo em meio a uma crise que se arrasta já por quatro anos nos países avançados, produzindo o resultado nulo do 3º trimestre.

Com o resultado do 3º trimestre, a taxa de crescimento em doze meses caiu para 3,7% em setembro, em um ritmo de desaceleração muito intenso como se pode observar no Gráfico 1.


Fonte: IBGE. Contas trimestrais

Despesas

Em relação ao trimestre anterior, na serie sem efeitos sazonais, todas as variáveis de dispêndio que dependem do mercado interno se retraíram no 3º trimestre: consumo das famílias (-0,1%), o consumo da administração (-0,7%), a formação de capital fixo (-0,2%) e mesmo a importação de bens e serviços (-0,4%), que conta inversamente para o PIB, mas a sua queda reflete uma piora do mercado interno.

Mais interessante é observar a comparação das despesas das famílias, do consumo da administração e do investimento (FBCF) com o mesmo trimestre do ano anterior, que mais bem ilustra como a desaceleração vem sendo intensa ao longo de 2011 (ver Gráfico 2). Em relação ao mesmo trimestre de 2010, o PIB do 3º trimestre de 2011 cresceu apenas 2,2%. O consumo das famílias, que responde por cerca de 60% do PIB sob a ótica da despesa, que vinha sendo a principal mola propulsora da expansão após a crise em 2009, cresceu apenas 2,8%, o consumo da administração se restringiu a 1,2% de incremento, e os investimentos que vinham se recuperando estimulados pelo desempenho do mercado interno no ano anterior, reduziram sua taxa de crescimento de 8,8% e de 6,2%, no 1º e 2º trimestres do ano, nessa série, para meros 2,5% no 3º trimestre.

Fonte: IBGE. Contas trimestrais

Perspectivas

Com base em indicadores antecedentes, o Banco Central procurou nas últimas semanas reverter o que terminou resultando em uma overdose de desaceleração do nível de atividade econômica, com risco de provocar uma recessão curta e desnecessária nos dois últimos trimestres de 2011. Hoje, o governo se empenha para que a taxa de crescimento do PIB de 2011 não fique abaixo de 3%, para o que precisa de uma rápida reanimação da economia no último trimestre. Nos próximos meses, as atenções da política econômica estarão mais voltadas para assegurar que o país mantenha taxas de crescimento moderadas, mas suficientes para manter em elevação o bem estar da população, em um cenário internacional ainda difícil.



Publicado no Jornal da Cidade 11/12/2011


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