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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O crescimento finalmente engrenou: indústria, varejo e serviços em 2017


Ricardo Lacerda
Os resultados de dezembro dos indicadores de nível de atividade foram, em geral, favoráveis. As atividades de serviço e a indústria geral surpreenderam positivamente.  Com a publicação dos indicadores setoriais pelo IBGE, o Banco Central do Brasil apresentou sua estimativa de crescimento da atividade econômica em 2017. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), uma aproximação do PIB, registrou crescimento de 1,04%, frente a recuos de 4,17%, em 2015, e de 4,05%, em 2016 (ver Figura A).
O mais significativo é que a economia brasileira finalizou o ano de 2017 com o crescimento em aceleração, tanto quando se considera o IBC-BR do último trimestre em relação ao mesmo período de 2016 (linha contínua dupla), quanto na comparação em relação ao 3º trimestre de 2017 (linha pontilhada). A aceleração da velocidade de recuperação é captada também pela inclinação da curva que representa a série acumulada em doze meses, em relação a doze meses anteriores (linha contínua simples).
Salvo reviravolta inesperada, vai se consolidando a perspectiva de crescimento moderado para alto em 2018, alguma taxa entre 2,5% e 3%. Parece valer enfim o dito popular de que não há mal que nunca se acabe.
Na estimativa do Banco Central, a economia brasileira fechou o último trimestre do ano rodando a uma velocidade de 2,56% em relação ao mesmo trimestre de 2016. É verdade que é um crescimento puxado pelo consumo das famílias, utilizando-se parcela da ampla capacidade produtiva tornada ociosa por uma recessão que fez o produto interno se retrair em 7,8% no acumulado de longos oito trimestres, referentes a 2015 e 2016.
Para que o ritmo de crescimento corrente seja sustentável em um prazo mais largo de tempo é necessário que o investimento seja destravado, o que ainda não está devidamente assegurado. Do ponto de vista social, uma melhoria mais significativa somente será percebida quando a contratação de emprego formal começar a apresentar resultados mais robustos.
Indústria e comércio
Do ponto de vista setorial, agricultura, indústria e comércio varejista apresentaram crescimentos acentuados em 2017, enquanto o volume de vendas do setor de serviços registrou retração de 2,84%, na comparação com 2016. Alguns indicadores sinalizam em um segundo momento uma possível reação da construção civil, mas não há ainda segurança de que a atividade vá apresentar crescimento em 2018, mesmo que as vendas do setor imobiliário venham a apresentar incremento significativo em relação ao ano anterior, porquanto os investimentos em infraestrutura não estão deslanchando e os estoques de imóveis ainda se mantêm em patamar elevado.
A produção física da indústria geral, que agrega as atividades de transformação industrial e a extração mineral, cresceu 2,47% em 2017 e no último trimestre do ano registrou incremento de 4,9% em relação ao mesmo trimestre de 2016.
 A expansão da indústria geral vem abrangendo quase todos os subsetores de atividade. Como mostra a Figura B, a produção industrial apresentou uma trajetória de aceleração nas três séries consideradas, quais sejam, no acumulado de doze meses, na comparação com os mesmos trimestres do ano anterior, e o crescimento na margem, em relação ao trimestre imediatamente anterior, apesar de, nesse caso, ter registrado certa oscilação ao longo do ano.
O volume de vendas no comércio varejista encerrou 2017 com incremento de 2,02% (ver Figura C). Impulsionado pela redução dos juros nominais e pelo aumento da ocupação, mesmo com vínculos informais, a expansão do ritmo de vendas no varejo foi bastante intensa e o volume de vendas do setor fechou o último trimestre do ano com incremento de 3,89% em relação ao mesmo período de 2016.
Serviços
Finalmente, as atividades de serviços estão demorando mais a reagir. O volume de serviços recuou não apenas na comparação entre os anos fechados, como ainda registrava queda na comparação entre o último trimestre de 2017 e o mesmo período de 2016. A trajetória da curva dessa série, que compara com igual trimestre do ano anterior, indica que a atividade deverá começar a apresentar resultados positivos em 2018, à medida que o mercado de trabalho comece a mostrar resultados mais robustos.
O cenário favorável da economia mundial jogou papel decisivo no impulso que a economia brasileira no final do ano passado. Sim, o crescimento econômico parece ter começado a engrenar, ainda que ele venha se mostrando desequilibrado em termos setoriais e na sua distribuição regional, como também não há ainda segurança sobre o seu fôlego.






Fonte: Banco Central do Brasil. para o IBC-BR. IBGE para Produção Física da Indústria, Volume de Vendas no Varejo e Volume de Serviços



Publicado no Jornal da Cidade, em 25/02/2018

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Sergipe vai voltar a gerar empregos formais em 2018?

Ricardo Lacerda

Pesquisa do IBOPE tornada pública durante a semana passada constatou que apenas 6% da população acham que a economia brasileira está melhorando, apesar de as contas nacionais apontarem que o PIB se encontra em crescimento desde o primeiro trimestre de 2017. A principal causa do mal-estar, certamente, é a recuperação débil e desbalanceada do mercado de trabalho, com redução do emprego formal e forte incremento de vínculos precários, como emprego sem carteira de trabalho e ocupações por conta própria, como vêm mostrando os levantamentos da PNADC do IBGE.
O registro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, apontou saldo negativo em 2017 na geração de empregos regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), com o fechamento de 20.832 vagas. O resultado ficou bem aquém do que era esperado pelas autoridades econômicas no início do ano passado, quando se projetava saldo positivo ao final do ano.  A retração do emprego formal em 2017 foi bem menos acentuada do que nos dois anos anteriores, 1,54 milhão, em 2015, e 1,32 milhão, em 2016.
A evolução recente do mercado de trabalho e as perspectivas de aceleração do ritmo de crescimento do nível de atividade dão suporte a projeções de aumento relativamente robusto do emprego formal para 2018, com as simulações variando entre 700 mil até um milhão de novas vagas.
O saldo do emprego formal em 2017 também foi negativo em Sergipe, mas, como no Brasil, bem menos expressivo do que nos dois anos anteriores. Ao longo do ano foram fechadas 1.381 vagas formais no estado.
Mesmo considerando que a recuperação do mercado de trabalho na maioria dos estados da região Nordeste tem sido mais lenta e com alguma defasagem temporal, é razoável projetar um incremento entre três mil e cinco mil empregos formais em Sergipe ao longo de 2018.
Setores
Em comparação ao ano anterior, a variação no emprego formal em Sergipe foi relativamente melhor em 2017 em todos os principais setores, mesmo entre aqueles que ainda apresentaram saldo negativo (construção civil, indústria de transformação e extrativa mineral). As atividades de comércio e os chamados Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) registraram saldos positivos em 2017, frente a cortes de empregos em 2016 (ver Tabela).
Entre as principais atividades empregadoras em Sergipe, a construção civil tem se revelado a de situação mais problemática; depois de cortar 5.561 empregos em 2016, eliminou 1.892 vagas em 2017 (ver Tabela).

Tabela. Sergipe. Saldo do emprego formal por setores de atividade em 2016 e em 2017
IBGE Setor
2016
2017
SIUP
-1.074
1.027
 Comércio
-1.483
410
Serviços
-2.839
74
Agropecuária
-56
-85
Administração Pública
6
-214
Indústria Geral  (Ext. Mineral e Transformação )
-4.281
-701
 Construção Civil
-5.565
-1.892
Total
-15.292
-1.381
Fonte: MTE-CAGED
Ponto de virada
A evolução do saldo de emprego formal no acumulado de doze meses, mostrada no gráfico, vem registrando melhoria relativa em ritmo acentuado desde o mês de março de 2017, à medida que os resultados mensais do ano foram se revelando melhores do que os dos meses correspondentes de 2016.
O gráfico mostra que a trajetória dessa série do saldo de emprego formal acumulado em doze meses inverteu naquele mês a tendência anterior de intensificação do corte de emprego iniciada ainda em outubro de 2015. O resultado de dezembro de 2017 sinaliza que se aproxima o momento em que a economia sergipana voltará a apresentar saldos positivos no acumulado de doze meses.
A reversão da tendência e a geração de saldos positivos crescentes ao longo do ano confirmam uma perspectiva de melhoria paulatina no mercado de trabalho no estado, acompanhando, com suas especificidades, o comportamento do país. O desafio de gerar empregos formais deverá permanecer em pauta por um período relativamente longo, no Brasil e em Sergipe.



Fonte: MTE-CAGED

Publicado em 04 de fevereiro de 2018