Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 16 de março de 2015

A ocupação no Baixo São Francisco –Parte 2

Ricardo Lacerda

A estrutura relativamente pouco diversificada da economia do Baixo São Francisco limita as oportunidades de ocupação de sua população economicamente ativa. A região possui um mercado de trabalho frágil, especialmente em alguns municípios em que predominam precárias relações de trabalho e em que uma parcela importante da população se encontra ocupada em atividades de produtividade muito baixa.
Estrutura Setorial

A estrutura setorial da ocupação do território do Baixo São Francisco, na sua distribuição em grandes setores -Agricultura, Indústria e Serviços, não se distingue muito da maioria dos demais territórios sergipanos.
A participação do setor agropecuário na ocupação do Baixo São Francisco, de 36% em 2010, era inferior a do Alto Sertão, em que este segmento ultrapassa 50% da população ocupada, e era bem superior às da Grande Aracaju e do Leste Sergipano, mas tinha valor próximo aos pesos que apresenta nos demais territórios. 
A participação da atividade industrial na ocupação era um pouco inferior às da maioria dos territórios, ainda que superior às participações do Alto Sertão e do Médio Sertão. E o setor de serviços tinha um peso similar ao existente na maioria dos territórios. Ainda que bem inferior a da Grande Aracaju e do Leste Sergipano, era significativamente superior à participação deste setor no Alto Sertão (Ver Tabela 1).
Pesca e setor público
Em termos do conjunto do território, duas peculiaridades se destacavam no Baixo São Francisco, comparativamente às demais regiões: o peso das pessoas ocupadas nas atividades de pesca e aquicultura, que era de 7,6%, com 3.286 pessoas que tinham nessas duas atividades a principal ocupação em 2010, quando em nenhum outro território tal participação chegava a atingir 3%. No território, a pesca e a aquicultura têm grande importância na estrutura ocupacional, mais do que nos demais territórios, ainda que na Grande Aracaju o contingente de pessoas ocupadas nessas atividades em 2010 fosse maior do no Baixo São Francisco e que nos territórios do Leste e do Sul as participações também se apresentassem expressivas (2,7% e 2,6%, respectivamente).

Outra discrepância significativa diz respeito ao peso da administração pública na ocupação do território,  de 11,5% em 2010, somente inferior ao peso que esta atividade apresentava  no Leste Sergipano e muito superior aos 7,3% da média de Sergipe. Caso sejam somadas a participação da administração pública às participações da educação e saúde, em que os maiores contingentes estão vinculados ao setor público, notadamente nos municípios de menor porte, o percentual no Baixo São Francisco atinge 19,1%, superior, embora um pouco menos discrepante, em relação à média estadual de 16,7%. E nesse caso, a participação do agregado administração pública, saúde e educação era inferior ao peso que apresentavam na Grande Aracaju e no Leste Sergipano, mas bem superior às participações dessas atividades nos demais territórios.

Tabela 1: Estrutura ocupacional nos territórios sergipanos, segundo setores de atividade. 2010. (%)
Locais
Agropecuária
Indústria
Serviços
Total
Total
Agrope-
cuária
Pesca e Aquicul-
Tura
Total Industria
Total Serviços
Comércio
Adm pública, Educação e Saúde
Outros Serviços
Total Sergipe
23
1,6
17
60
16,0
16,7
27,9
100
Agreste Central
36
0,2
16
48
15,7
11,5
20,3
100
Alto Sertão
53
1,1
10
37
10,4
12,9
14,0
100
Baixo São Francisco
36
7,6
15
49
12,8
19,1
17,4
100
Centro Sul
39
0,1
18
43
15,1
11,0
17,3
100
Grande Aracaju
4
1,4
18
78
19,0
20,6
38,6
100
Leste Sergipano
25
2,6
19
56
9,1
19,8
26,9
100
Médio Sertão
41
0,4
11
48
14,8
15,2
18,0
100
Sul de Sergipe
39
2,7
15
46
12,8
12,8
20,5
100
Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2010.

Ocupação municipal
Em relação a ocupação no âmbito dos municípios do Baixo São Francisco, as variações nas participações setoriais são bem mais amplas. Nos municípios mais pobres e mais carentes, como Pacatuba, Brejo Grande, Canhoba, Japoatã e Ilha das Flores, o peso das atividades agropecuárias na ocupação é muito mais acentuado, ultrapassando a 60% nos dois primeiros.
No caso de Brejo Grande, uma em cada duas pessoas ocupadas tinha como principal atividade a pesca ou a aquicultura. Em Ilha das Flores, quase uma em cada cinco pessoas retiravam seu sustento dessas atividades e em Pacatuba se constatava uma participação também muito expressiva, respondendo por 14,8% das ocupações.
Os municípios do Baixo São Francisco menos dependentes de ocupações agrícolas eram, por ordem, Propriá, Cedro, Malhada dos Bois, Telha e Amparo do São Francisco, todos com menos de 30% das pessoas ocupadas nessas atividades. São muncípios que contam com participações mais expressivas nas ocupações das atividades da indústria e do comércio, como Propriá e Cedro, e de forte presença da ocupação na administração pública, saúde e educação, como Malhado dos Bois, Telha e Amparo, ou em uma combinação dos dois fatores.
Os municípios mais dependentes de ocupações agrícolas, em relações de trabalho precárias, são em geral os mais pobres da região e que devem merecer atenção para fortalecer as suas bases econômicas e sociais.
Tabela 2: Estrutura ocupacional nos municípios do Baixo São Francisco, segundo setores de atividade. 2010. (%)
Locais
AGROPECUÁRIA
INDÚSTRIA
SERVIÇOS
TOTAL
Total agrope-cuária
Pesca e aquicul-tura
Total Indústria
Total
Serviços
Comércio
Adm Pub, educação e saúde*
Outros serviços
BAIXO SÃO FRANCISCO
36,0
7,6
15,3
48,7
12,8
19,1
16,9
100
Amparo de São Francisco
29,6
9,0
14,7
55,6
14,2
28,3
13,1
100
Brejo Grande
61,6
48,0
4,7
33,6
4,9
16,2
12,5
100
Canhoba
57,7
2,6
14,2
28,2
4,1
14,7
9,4
100
Cedro de São João
19,9
2,2
19,5
60,6
19,7
20,8
20,1
100
 Ilha das Flores
44,7
23,3
7,7
47,6
11,9
19,3
16,4
100
Japoatã
48,1
-
13,6
38,3
10,1
13,6
14,6
100
Malhada dos Bois
27,1
-
15,5
57,6
8,7
31,5
17,4
100
Muribeca
33,7
-
20,4
45,9
9,8
23,8
12,3
100
Neópolis
36,1
4,4
16,4
47,6
12,8
18,9
15,9
100
Pacatuba
63,4
14,8
9,8
26,7
4,4
14,9
7,5
100
Propriá
13,0
1,3
16,7
70,3
23,1
20,1
27,1
100
Santana do São Francisco
37,0
9,3
26,1
36,9
7,9
17,5
11,6
100
São Francisco
35,7
1,0
19,0
45,4
8,3
21,4
15,7
100
Telha
27,2
2,5
17,5
55,3
6,5
31,9
16,9
100
Fonte: IBGE. Censo Demográfico de 2010. Obs.


Publicado no Jornal da Cidade, em 15/03/2015


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