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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 24 de agosto de 2014

O perfil do emprego em Sergipe




Ricardo Lacerda

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou na semana passada os resultados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), com dados detalhados sobre o emprego formal no Brasil no ano de 2013. Os dados de emprego da RAIS são referentes a 31 de dezembro de cada ano, diferentemente da base do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) que informa mensalmente a variação do emprego.

A vantagem da RAIS é que ela inclui o funcionalismo estatutário, civil e militar, enquanto o CAGED acompanha apenas servidores celetistas. Daí a discrepância entre os quase catorze mil empregos formais adicionais registrados pelo CAGED em Sergipe em 2013, enquanto a RAIS informou a geração de 17.268 empregos formais.

As atividades que mais criaram emprego formal em 2013 foram os serviços, com destaque para a atividade de administração técnico-financeira, por conta da implantação do call center no bairro industrial. O setor de serviços abriu novos 10.822 postos formais de trabalho. O comércio gerou 1.856 novos empregos formais e a construção civil, 905.

Em uma perspectiva de prazo mais longo, importantes transformações aconteceram na composição do emprego formal no estado.
Em dez anos, entre 2003 e 2013, foram criados mais de cento e sessenta mil empregos formais em Sergipe. O número de pessoas ocupadas em empregos formais aumentou em 2/3 (66%), saltando de 245.111 para  405.775,  em um ritmo anual médio de notáveis 5,2%.
Setores

Em 2013, as atividades do setor de serviços ocupavam 124.256 pessoas em vínculos formais, abrangendo o setor financeiro, os serviços técnicos profissionais, a atividade de transporte e comunicações, o segmento de alojamento e comunicações, e os serviços médicos e ensino.  

É interessante notar que o segmento de alojamento e comunicações que, entre outras atividades, inclui parcela expressiva da cadeia de turismo passou de 14.724 empregos formais, em 2003, para alcançar dez anos depois 29.932 empregos formais, mais do que dobrando no período.

O número de empregados formais no comércio saltou de 33.297 para 65.494, entre 2003 e 2013. O peso do comércio no emprego formal total aumentou de 13,6% para 16,1%. Na comparação entre os dois anos extremos, exatamente 1 em cada 5 empregos formais  gerados em Sergipe era exercido nas atividades comerciais (Ver Tabela 1).


Indústria e construção civil

Diferentemente do que aconteceu na média do Brasil, em que a participação da indústria de transformação no emprego formal recuou, em Sergipe seu peso no emprego formal cresceu entre 2003 e 2013.

A atividade manufatureira que mantinha 25.988 vínculos formais, em 2003, dez anos depois contava com 47.161ocupações formais. Os subsetores da indústria de transformação que mais ampliaram o emprego no período foram o sucroalcooleiro, a indústria de calçados e fabricação de produtos minerais não metálicos, que inclui as fábricas de cimento. A cadeia têxtil-confecção criou 1.91 novos empregos.

Crescimento de fato excepcional foi o do emprego na construção civil, que saltou de 12.998, em 2003, para 29.872, em 2013. Um cada dez empregos novos no período foi criado na construção civil, quando em 2003, a atividade ocupava um em cada dezoito empregos formais.

Uma particularidade importante do mercado de trabalho em Sergipe é o peso da extração mineral no conjunto da ocupação formal, que atingiu 1,1%, em 2013, mais do que o dobro da média nacional, de 0,5%. É interessante notar que cerca de 1 em cada 54 empregos formais criados em Sergipe no período esteve associado à extração mineral, quando a média do Brasil foi 1 em cada 144 (ver Tabelas 1 e 2).


Tabela 1. Sergipe. Empregos formais em 2003 e 2013
IBGE Setor
2003
2013
Variação 2003-2013
Part. %
Part.%
Part. na variação%
Extrativa mineral
1.609
0,7
4.604
1,1
2.995
1,9
Indústria de transformação
25.988
10,6
47.161
11,6
21.173
13,2
 Servicos ind. de utilidade pública
4.117
1,7
5.985
1,5
1.868
1,2
 Construção Civil
12.998
5,3
29.872
7,4
16.874
10,5
Comércio
33.297
13,6
65.494
16,1
32.197
20,0
Serviços
59.889
24,4
124.256
30,6
64.367
40,1
Administração Pública
99.472
40,6
115.982
28,6
16.510
10,3
Agropecuária
7.741
3,2
12.421
3,1
4.680
2,9
Total
245.111
100
405.775
100
160.664
100
Fonte: RAIS/MTE

Para finalizar, cabe registrar que a remuneração média do emprego formal em Sergipe no ano de 2013 foi a mais elevada da região Nordeste, R$ 1.893,95, seguida pela do Rio Grande do Norte, com média R$ 1.766,70, coincidentemente, ambos estados produtores de petróleo. A remuneração média no setor extrativo mineral em Sergipe foi a mais elevada dentre as de todas atividades, alcançando R$ 8.117, mais de quatro vezes superior à média geral.
 

Tabela 2. Brasil. Empregos formais em 2003 e 2013
IBGE Setor
2003
2013
Variação 2003-2013

%
%
%
Extrativa mineral
122.806
0,4
261.383
0,5
138.577
0,7
Indústria de transformação
5.356.159
18,1
8.292.739
16,9
2.936.580
15,1
Serv. ind. de utilidade pública
319.068
1,1
444.674
0,9
125.606
0,6
Construção Civil
1.048.251
3,5
2.892.557
5,9
1.844.306
9,5
Comércio
5.119.479
17,3
9.511.094
19,4
4.391.615
22,6
Serviços
9.378.566
31,7
16.726.013
34,2
7.347.447
37,9
Administração Pública
6.991.973
23,7
9.340.409
19,1
2.348.436
12,1
Agropecuária
1.207.672
4,1
1.479.564
3,0
271.892
1,4
{ñ class}
953
0,0
-
-
-  953
- 0,0
Total
29.544.927
100
48.948.433
100
19.403.506
100
Fonte: RAIS/MTE





Publicado no Jornal da Cidade, em 24/08/2014

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