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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 3 de agosto de 2014

A débil e instável recuperação da economia mundial



Ricardo Lacerda


A tão aguardada recuperação da economia dos países centrais teima em se mostrar débil e instável em 2014, depois de um resultado já pífio em 2013. Caso se confirme a projeção atual do FMI para 2014, o PIB das economias avançadas se situará ao final do ano apenas 5,9% acima do resultado de 2007, equivalentes à menos que modesta taxa média anual de 0,8%, em um período de tempo que já se estende demasiadamente.

O fato é que, após o ensaio de retomada no ano de 2010, na sequência do cataclisma financeiro de 2008-2009, desde 2011 o crescimento do PIB global piora ano a ano, tanto para as economias avançadas, quanto para as economias emergentes. O resultado de 2012 foi inferior ao de 2011, e o de 2013, ao de 2012. Para 2014, a instituição projeta para a economia mundial uma pequena aceleração em relação ao ano anterior, de 3,2% para 3,4%, mas cabe sublinhar que o otimismo com a retomada foi refreado recentemente.

Revisão de julho

A atualização de julho do relatório Perspectivas da Economia Mundial reviu para baixo a projeção de crescimento econômico para 2014, em relação às estimativas da edição anterior do relatório, em abril deste ano. 

Ainda que a piora das expectativas tenha abrangido tanto as economias avançadas quanto as economias ditas emergentes, a revisão das perspectivas do primeiro grupo de países, principalmente a situação dos Estados Unidos, explica a maior parcela da queda na projeção do crescimento do produto global para 2014. Diante do resultado pior do que o esperado no 1º trimestre do ano, quando recuou 2,1% em termos anualizados, o FMI reviu de 2,8% para 1,7% a expectativa de crescimento da economia norte-americana em 2014. Para o o conjunto das economias avançadas, a projeção para 2014 foi revista de 2,2% para 1,8%, e para as economias emergentes, de 4,8% para 4,6%.

Pela atual projeção do FMI, as economias avançadas deverão registrar uma aceleração em 2014, em comparação com 2013, de 1,3% para 1,8%, enquanto o conjunto, amplo e diversificado, dos países emergentes e em desenvolvimento, deverá apresentar pequeno de recuo na taxa de crescimento, de 4,7% para 4,6% (ver Gráfico).  O nível de atividade da economia da zona do euro permanece notavelmente débil. Apesar das melhorias reconhecidas pela instituição em relação aos riscos das dívidas de governos, empresas e famílias, ainda deverão demorar alguns anos para que elas se reduzam significativamente e a região volte a apresentar taxas de crescimento razoavelmente robustas.


Fonte: FMI. Perspectivas para a Economia Mundial. Julho de 2014.

OS BRICS

Entre as principais economias emergentes, apenas a Índia não teve a projeção de crescimento revista para baixo no relatório de julho. Os demais integrantes do BRICS (Brasil, Rússia, China e África do Sul) apresentaram pioras nas perspectivas desde abril.  Fora do grupo, mas uma das principais economias emergentes, o México também viu a projeção do seu crescimento revista para baixo.

O relatório do FMI, mais uma vez, esforça-se para transmitir otimismo. Indicadores antecedentes estariam apontando para o fortalecimento da recuperação no segundo trimestre, como veio a se confirmar com a divulgação do PIB dos EUA no segundo trimestre, que cresceu 4% em termos anualizados. Como já eram antevistos, os indícios de retomada devem ter sido considerados, pelo menos parcialmente, na revisão de julho.

O relatório reconhece que, apesar da melhoria relativa do nível de atividade no segundo trimestre, o ritmo de crescimento nas economias avançadas ainda é pouco robusto, não tendo emergido forte impulso de demanda, mesmo com a persistência de taxas de juros muito baixas. Por essa razão, presume que a política monetária continuará expansionista nos próximos trimestres. Nesse quesito específico, é necessário distinguir a evolução recente da economia norte-americana, relativamente mais favorável, com a ainda frágil recuperação da zona do euro. 

Diante dos números mais robustos do que os esperados para o nível de atividade e de geração de emprego no segundo trimestre de 2014, o banco central norte-americano anunciou o prosseguimento da retirada progressiva dos estímulos monetários, o que sinaliza que pode estar próximo o início de um ciclo elevação dos juros básicos. De outra parte, nos últimos meses, a escalada de conflitos bélicos no oriente médio e no leste e europeu e a situação financeira da Argentina tensionam o ambiente econômico.

Publicada no Jornal da Cidade, em 03/08/2014

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