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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A economia brasileira em 2013

Ricardo Lacerda


O Brasil vai encerrar o ano de 2013 com crescimento modesto e alguns desajustes na economia.  O PIB brasileiro deverá crescer a uma taxa próxima de 2,5%. No início de janeiro, a expectativa de mercado era de que a expansão do PIB alcançasse 3,3%, deixando para trás o período de baixo crescimento iniciado em 2011. Em 2012, o PIB cresceu 1%, no resultado revisto recentemente e, em 2011, 2,7%.

É notória a dificuldade do país retomar o ritmo de crescimento econômico. Na semana passada o ministro da fazenda Guido Mantega apontou os dois fatores que para ele explicariam as dificuldade atuais, apesar de todas medidas de estímulo adotadas,"a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas: de um lado, o financiamento ao consumo, que está escasso, e, de outro lado, a crise internacional, que nos rouba uma parte da nossa possibilidade de crescimento".  

O PIB

A trajetória recente do PIB reflete a dificuldade de manter taxas de crescimento robustas em um cenário internacional muito adverso. No Gráfico apresentado, a linha que mostra a evolução da taxa de crescimento do PIB acumulado em quatro trimestres, em relação aos quatro trimestres anteriores, desenha uma desaceleração com declive mais acentuado entre o primeiro e o último trimestre de 2011 e uma progressiva atenuação da desaceleração a partir do inicio de 2012. No último trimestre de 2012, tem início uma recuperação muito suave, que permanece de forma consistente, nessa série, até o terceiro trimestre de 2013 e deverá assim se manter nesse final de ano, talvez com uma retomada ainda um pouco mais suave, se de fato fechar o período com crescimento de 2,5%.

A linha que representa a taxa de crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior capta o mau desempenho do terceiro trimestre de 2013, que se refletiu na queda de 0,5% do PIB em relação ao trimestre imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais (não apresentada).


Fonte: IBGE.

Dinâmica setorial

Em termos setoriais, a falta de competitividade do setor industrial é a questão central. Não há como retomar taxas de crescimento mais significativas no PIB enquanto a atividade industrial continuar se arrastando. Do ponto de vista das relações externas do país, não é sustentável um crescimento apoiado apenas nos setores agropecuário e de serviços.

Os problemas de competitividade são de duas ordens: de produtividade, abrangendo os aspectos da oferta, como estrangulamento da infraestrutura, defasagem tecnológica do parque industrial, de fragilidade dos grupos empresariais e de regulação inadequada dos mercados, e aspectos relacionados a preço, decorrentes do patamar câmbio e das mudanças recentes no custo do trabalho.

Em termos dos componentes da demanda, o quadro é de acúmulos de dificuldades: enquanto o consumo das famílias vem desacelerando, as exportações perderam fôlego e as importações de bens e serviços explodiram.

Inversão

O ano de 2013 marca também uma inversão importante na política econômica. No inicio do ano havia a expectativa de que a economia brasileira retomasse um patamar mais elevado de crescimento, impulsionada pela desvalorização do câmbio, pela redução dos juros e pelos estímulos direcionados ao consumo e aos investimentos em setores específicos. Como em episódios anteriores de nossa história econômica, ficou provada a dificuldade de navegar contra maré, ou seja, manter taxas de crescimento robustas em situações de cenários externos muito desfavoráveis. As medidas adotadas não alcançaram os resultados na magnitude desejada e deixaram seqüelas nas contas públicas e no comportamento dos preços e não se mostraram eficazes para reverter a deterioração nas contas externas. 

O governo fez uma aposta quando adotou medidas heterodoxas para se contrapor ao agravamento do cenário externo em meados de 2011 com medidas fiscais e monetárias expansivas e perdeu. O PIB não retomou no ritmo esperado e os impactos positivos sobre finanças públicas que acompanhariam uma recuperação mais vigorosa não aconteceram. Entendeu mais recentemente que não tinha mais fôlego para dobrar a aposta, e recuou.

Em 2014, mesmo sendo ano eleitoral, vai navegar com cautela, na expectativa que os trunfos acumulados nos anos favoráveis, expressos no colchão de reservas externas e no nível de ocupação no mercado de trabalho, produzam um ano aceitável, aguardando melhores ventos no cenário externo e que o êxito no plano de concessão em infraestrutura viária ajude a deslanchar os investimentos e eleve o grau de confiança no meio empresarial.


Publicado no Jornal da Cidade em 15 de dezembro de 2013

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