A primeira década do século XXI foi marcada pelo forte incremento das exportações brasileiras, favorecidas pela expansão da demanda mundial por alimentos e minérios. O Nordeste registrou, no período, o terceiro maior crescimento das vendas externas entre as regiões brasileiras, superando as regiões Sul e Sudeste, mas abaixo do desempenho do Centro-Oeste e do Norte
As exportações nordestinas saltaram de US$ 4,0 bilhões, em 2000, para US$ 15,9 bilhões em 2010, fechando a década com crescimento 10% acima da média do país. (Ver gráfico). Com a exceção do Rio Grande do Norte, os estados da região aumentaram as exportações em mais de 100% no período. O grande destaque, todavia, é o estado da Bahia, que já representava 48% das exportações regionais, em 2000, e passou a responder por 56% do total, em 2010.
Fonte: MDIC-SECEX
Orientação externa
Desde os anos setenta, com a implantação de grandes projetos industriais produtores de bens intermediários das indústrias química, petroquímica e de minerais não metálicos, a maioria dos estados nordestinos voltou-se para o mercado nacional, deixando para trás a especialização exportadora em produtos agrícolas como algodão, babaçu, açúcar e cacau. Nas últimas décadas, três estados têm se distinguido dos demais quanto à orientação para o exterior por diferentes fatores: o Maranhão, a Bahia e Alagoas. O Maranhão, por conta das exportações de produtos metalúrgicos e de grãos, a Bahia, com uma pauta exportadora mais diversificada, com destaque para minérios, químicos, celulose e grãos, e o estado de Alagoas, com as exportações de açúcar.Em todos os demais estados da região, as participações nas exportações regionais são menores do que no Produto Interno Bruto regional. Sergipe, inclusive, em razão do peso dos grandes empreendimentos nos setores de petróleo e gás, minerais não metálicos, fertilizantes e energia, é entre os estados da região, o mais voltado para o mercado nacional.
Pauta exportadora
Em 2010, os principais produtos da pauta exportadora do Nordeste eram, por ordem, óleo combustível, celulose, açúcar, soja, minério de ferro, automóveis, alumínio, produtos de algodão, metais preciosos, castanha de caju, produtos químicos e calçados. Ou seja, ao lado de tradicionais produtos de exportação regional, como açúcares, tecidos de algodão e castanha de caju, sobressaem-se os setores produtores de bens intermediários como minérios de ferro, alumínio, celulose e produtos químicos, e produtos que entraram mais recentemente na pauta exportadora da região, como soja e automóveis. Alguns bens de consumo não duráveis também ganharam participação, na pauta exportadora, como os calçados, enquanto outros perderam peso, como os produtos têxteis.
Alguns desses setores foram fortemente favorecidos pela elevação dos preços das commodities alimentícias e minerais no mercado internacional. A tonelada do açúcar bruto, por exemplo, cotada a US$ 216 em 2000, registrou preço médio de US$ 496, em 2010, mais do que o dobro, e o óleo combustível, principal produto da pauta exportadora, saltou de US$ 150, em 2000, para US$ 456, em 2010.
Na tabela a seguir, resumem-se as participações dos setores nas exportações nordestinas de 2010 e suas participações no aumento das vendas externas entre 2000 e 2010.Os produtos minerais responderam por 18,6% das exportações regionais de 2010 e por quase ¼ do seu crescimento na década. As exportações de alimentos e bebidas representavam 14,2%, com grande destaque para o açúcar, 7,1% do total. Responderam, ainda, por uma fatia superior a 10% das exportações regionais, os segmentos de produtos químicos, uma ampla seção denominada produtos do reino vegetal e as atividades de papel e celulose.
Fonte: MDIC-SECEX
A última coluna da tabela apresenta, entre as seções de maior peso na pauta exportadora, aquelas que cresceram mais do que a média da região e, portanto, aumentaram suas participações, e aquelas seções cujos crescimentos ficaram abaixo dessa média. Além dos produtos minerais, o grande destaque, cabe mencionar positivamente o crescimento do segmento de papel e celulose, de material de transporte, por conta da implantação da Ford, de calçados, de produtos vegetais, em razão do crescimento das exportações de soja, e curiosamente, de metais preciosos.
As seções que apresentaram as maiores perdas de participação no período foram os metais comuns e os produtos têxteis.
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Publicado no Jornal da Cidade em 17/04/2011
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Muito bom o artigo Prof. Ricardo Lacerda.Farei minha monografia neste assunto de comércio exterior (relacionado a Sergipe).Gostaria que conhecesse meu blog:
ResponderExcluirhttp://feitoparaeconomistas.blogspot.com/
abraço
Vou acessar André. É um bom tema de estudo.
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