Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O comercio exterior brasileiro em 2012




Ricardo Lacerda

A expansão das nossas exportações a partir de 2003 foi um dos principais vetores do recente crescimento econômico brasileiro. Entre 2003 e 2007, o valor das exportações brasileiras cresceu notáveis 166%, equivalentes a taxas anuais de 21,6%. Nesse período, dois fatores favoreceram a rápida evolução das vendas externas do Brasil: a elevação das cotações internacionais das principais commodities agrícolas e minerais brasileiras e o novo patamar estabelecido para o câmbio, após o fim do regime de câmbio fixo no início de 1999 e a forte desvalorização ocorrida entre 2002 e 2003.

Com o advento da crise financeira em 2008, o ritmo de expansão de nossas exportações desacelerou, apresentando taxas anuais de crescimento bem inferiores, mas ainda elevadas, 12,4% entre 2008 e 2011.

À medida que a economia brasileira foi se consolidando entre 2003 e 2006, com a ampliação do mercado interno, as importações de bens de consumo para as famílias e de insumos e de componentes para as empresas também aceleraram, de tal forma que, entre 2006 e 2008, o ritmo de crescimento das importações se apresentou mais rápido do que o da expansão das exportações.  A revalorização do câmbio nesse período também foi importante, na medida em que elevou a competitividade do produto importado no mercado interno.

Já sob a influência da crise financeira, de 2008 em diante, as importações também desaceleraram, mas se mantiveram com expansão superior a das exportações. O movimento, portanto, foi de saltos anuais no saldo da balança comercial entre 2003 e 2006, e de encolhimento desde lá, em um primeiro momento em função do forte aquecimento do mercado interno e, a partir de 2009, por conta do diferencial entre o ritmo de desaceleração do crescimento das exportações e o das importações, em favor dessas últimas que caíram mais lentamente.

2012

Em 2012, o comércio exterior não ajudou o crescimento da economia brasileira. Pelo contrário. Exportações e importações se retraíram. Todavia, enquanto as primeiras caíram 5,3%, as últimas apresentaram perdas menores, de 1,4%, mesmo considerando a contabilização retardada das compras externas de combustíveis.

Com isso, o saldo comercial de 2012 apresentou um recuo de impressionantes US$ 10,4 bilhões em relação ao ano anterior, caindo de US$ 29,8 bilhões para US$ 19,4 bilhões. Definitivamente, não foi um bom desempenho (ver Gráfico). 

A retração das exportações de 2012 em US 13,5 bilhões, em relação ao ano anterior, se deveu essencialmente à redução das compras de alguns dos nossos principais parceiros comerciais. As exportações para a Argentina caíram quase 9%, para a Alemanha, 46%, para a Espanha, 25% e para a China 9%.  Em termos de grupos de produtos, as principais quedas em 2012 atingiram as exportações de minérios, café, açúcar, metais e veículos.

Fatores

Para as sucessivas retrações no saldo comercial desde o pico de 2006, quando atingiu US$ 46,5 bilhões, para os atuais US$ 19,4 bilhões, muitos fatores concorreram. Considerando o conjunto do período, os principais estão relacionados ao forte incremento da demanda por importações, mesmo quando a economia interna desacelerou após 2008, e a redução mais intensa do ritmo de crescimento das exportações. Os dois processos indicam a perda relativa de competitividade de nossos produtos, seja no mercado doméstico, seja no mercado externo.  

Parte desse fenômeno se deve à valorização cambial em um cenário de comércio mundial desaquecido, parte se deve aos efeitos do forte incremento da renda interna sobre a nossa estrutura de custos. Para ambos os casos, somente uma mudança de preços relativos induzida pela desvalorização cambial pode se contrapor.

 

Fonte: MDIC-SECEX

Publicado no Jornal   da Cidade , em 17/02/2013 

Nenhum comentário:

Postar um comentário