Ricardo
Lacerda
A expansão das nossas exportações
a partir de 2003 foi um dos principais vetores do recente crescimento econômico
brasileiro. Entre 2003 e 2007, o valor das exportações brasileiras cresceu notáveis
166%, equivalentes a taxas anuais de 21,6%. Nesse período, dois fatores
favoreceram a rápida evolução das vendas externas do Brasil: a elevação das
cotações internacionais das principais commodities agrícolas e minerais
brasileiras e o novo patamar estabelecido para o câmbio, após o fim do regime
de câmbio fixo no início de 1999 e a forte desvalorização ocorrida entre 2002 e
2003.
Com o advento da crise
financeira em 2008, o ritmo de expansão de nossas exportações desacelerou, apresentando
taxas anuais de crescimento bem inferiores, mas ainda elevadas, 12,4% entre
2008 e 2011.
À medida que a economia
brasileira foi se consolidando entre 2003 e 2006, com a ampliação do mercado interno,
as importações de bens de consumo para as famílias e de insumos e de
componentes para as empresas também aceleraram, de tal forma que, entre 2006 e
2008, o ritmo de crescimento das importações se apresentou mais rápido do que o
da expansão das exportações. A
revalorização do câmbio nesse período também foi importante, na medida em que
elevou a competitividade do produto importado no mercado interno.
Já sob a influência da crise
financeira, de 2008 em diante, as importações também desaceleraram, mas se
mantiveram com expansão superior a das exportações. O movimento, portanto, foi
de saltos anuais no saldo da balança comercial entre 2003 e 2006, e de encolhimento
desde lá, em um primeiro momento em função do forte aquecimento do mercado
interno e, a partir de 2009, por conta do diferencial entre o ritmo de
desaceleração do crescimento das exportações e o das importações, em favor
dessas últimas que caíram mais lentamente.
2012
Em 2012, o comércio exterior
não ajudou o crescimento da economia brasileira. Pelo contrário. Exportações e
importações se retraíram. Todavia, enquanto as primeiras caíram 5,3%, as
últimas apresentaram perdas menores, de 1,4%, mesmo considerando a
contabilização retardada das compras externas de combustíveis.
Com isso, o saldo comercial de
2012 apresentou um recuo de impressionantes US$ 10,4 bilhões em relação ao ano
anterior, caindo de US$ 29,8 bilhões para US$ 19,4 bilhões. Definitivamente,
não foi um bom desempenho (ver Gráfico).
A retração das exportações de
2012 em US 13,5 bilhões, em relação ao ano anterior, se deveu essencialmente à
redução das compras de alguns dos nossos principais parceiros comerciais. As
exportações para a Argentina caíram quase 9%, para a Alemanha, 46%, para a
Espanha, 25% e para a China 9%. Em
termos de grupos de produtos, as principais quedas em 2012 atingiram as
exportações de minérios, café, açúcar, metais e veículos.
Fatores
Para as sucessivas retrações
no saldo comercial desde o pico de 2006, quando atingiu US$ 46,5 bilhões, para
os atuais US$ 19,4 bilhões, muitos fatores concorreram. Considerando o conjunto
do período, os principais estão relacionados ao forte incremento da demanda por
importações, mesmo quando a economia interna desacelerou após 2008, e a redução
mais intensa do ritmo de crescimento das exportações. Os dois processos indicam
a perda relativa de competitividade de nossos produtos, seja no mercado
doméstico, seja no mercado externo.
Parte desse fenômeno se deve
à valorização cambial em um cenário de comércio mundial desaquecido, parte se
deve aos efeitos do forte incremento da renda interna sobre a nossa estrutura
de custos. Para ambos os casos, somente uma mudança de preços relativos
induzida pela desvalorização cambial pode se contrapor.
Fonte: MDIC-SECEX
Publicado no Jornal da Cidade , em 17/02/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário