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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 18 de novembro de 2012

Josué Passos: o administrador, por Afonso Nascimento


Publicado no Jornal da Cidade em 11/12/2011 
Afonso Nascimento - Professor do Departamento de Direito da UFS

Conheço Josué Modesto dos Passos Subrinho desde os anos 1970, quando éramos estudantes universitários, ele de Economia e eu de Direito. Acho que, nessa época, ele começou a trabalhar na Biblioteca do Instituto de Filosofia da UFS, na rua Campos, onde hoje está o prédio do IPES. Encontramo-nos também, muitas vezes, por conta do movimento estudantil. Depois de graduados, ele foi fazer mestrado em Campinas (é mais um "campineiro" da UFS), ao passo que eu desci até Florianópolis. No final da década de 1970, estive a visitá-lo na Unicamp nas férias de fim de ano, a caminho de Aracaju. Depois desses tempos de estudantes, acompanhei de longe os seus passos como professor da Escola de Economia. Nos anos 1990, voltamos a nos reencontrar com o meu ingresso na UFS, depois de uma trajetória errática pelo mundo.

Durante a administração do reitor José Fernandes de Lima, recebi o convite para ser pró-reitor de Assuntos Estudantis. Ao longo do período em que estive naquele cargo, oportunidade me foi dada de conhecer o Josué Passos administrador. O reitor Lima não poderia ter tido melhor vice. Por aí corre a lenda de que vice não serve para nada. Isso pode ser correto em relação às atribuições do vice - concordo. Todavia, se tiver um reitor ou um presidente tiver um vice-qualquer-coisa preparado, a estória é muito diferente. Esse era o caso do reitor Josué nascido em Ribeirópolis, Sergipe e não em São Paulo como uma vez escrevi.

Eu não estarei sendo injusto com nenhum membro daquela administração ao afirmar que o "seu Modesto" era a pessoa mais preparada em legislação universitária, que mais lia sobre universidades e estudava com afinco a máquina universitária da UFS. Quando havia reuniões da alta administração, ele sempre trazia alguma informação nova ou diferente ou ainda um documento, coisa que tinha a ver, suponho, com o seu faro de pesquisador da História Econômica de Sergipe. O reitor Lima o chamava de "contador de escravos", por conta de sua especialização no período em que o trabalho escravo vigorava em Sergipe. Por seu turno, Josué dizia sempre que Lima tinha "nascido com uma estrela na testa" em virtude do sucesso de sua administração universitária que dava, com certeza, uma sacudida boa em toda a UFS e na sua imagem social. O "seu Modesto" não tinha idéia do que ainda estava por vir quando ele fosse tornado também reitor anos depois.

Muito bem. Ao final do seu penúltimo ano de reitor (esse é o seu segundo mandato), qual o balanço que pode ser feito de sua administração da UFS? Gozando do prestígio e do respeito de toda a comunidade universitária como intelectual e grande administrador (mesmo quem lhe faz oposição admite essas duas características dele), Josué simplesmente ampliou, duplicou, renovou e aumentou todos os indicadores da instituição. O leitor quer exemplos? Os campi do interior (Itabaiana, Lagarto, etc.), o número de matrículas, o número de cursos de graduação e de pós-graduação, reforma da legislação da UFS etc.

Enquanto especialista da economia escravista sergipana, mais do que ninguém compreendia, há muito tempo, a importância de introduzir as cotas sociais e raciais e foi peça decisiva no processo de sua implantação dessa forma de ingresso na UFS - a qual, com os resultados que em breve virão, promoverá uma relevante mudança social na direção de uma sociedade sergipana menos desigualitária. Com todas as suas realizações, Josué tem ajudado - com seu competente vice Ângelo Antoniolli - a alavancar o PIB da economia sergipana - já que a UFS tem sido, nesses sete anos, um verdadeiro canteiro de obras. Para o leitor interessado - mas em dúvida - sobre o que estou afirmando, seria muito boa a idéia de fazer só uma visita ao campus de São Cristóvão e contar o grande número de instalações erguidas pelo reitor Passos. A última por ora foi o novo prédio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) no qual está lotada a Escola de Direito da UFS.

Antes de sua lotação atual, a Escola de Direito da UFS funcionou no belo prédio da Avenida Ivo do Prado. Em 1981, a escola foi transferida para o campus de São Cristóvão, espaço em que tem prestado serviços à sociedade sergipana. Há não mais de duas semanas, foi inaugurado pelo reitor Passos o novo prédio administrativo do CCSA, uma obra solicitada pelos membros da velha escola que reclamava da falta de espaço para a sua graduação e a sua pós-graduação, sala para os seus professores etc. Agora o curso de Direito da UFS passará a funcionar com as melhores condições de trabalho, salas com ar condicionado etc. O atual chefe do DDI, José Anderson Nascimento, teve a excelente idéia de destinar uma sala exclusivamente para o Memorial da Escola de Direito da UFS, onde serão expostos quadros de professores, placas de graduados, livros de fotografias etc.

Antes da inauguração do novo prédio do CCSA, o mesmo diretor fez a proposta - que foi aprovada - de uma "medalha ao mérito" para aqueles que prestem grandes serviços ao DDI e a membros destacados de seu quadro e de outras instituições. Parece mais do que justo que a primeira medalha vá para o reitor Passos. A despeito de não ter procuração de nenhum docente de minha instituição, não tenho dúvida de que meu pensamento traduz opinião generalizada.

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Professor do Departamento de Direito da UFS
Coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Estado e a Democracia - NEED
Coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Estado e a Democracia - NEED


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