Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Informações básicas sobre municípios sergipanos em 2011





O IBGE publicou na semana passada o Perfil dos Municípios Brasileiros 2011, com informações sobre a gestão de todos os 5.565 municípios brasileiros.  As equipes dos prefeitos eleitos em outubro último deveriam consultar a base de dados produzida que disponibiliza um conjunto muito amplo de informações sobre as estruturas de cada prefeitura e que são organizadas em sete grandes temas: 1. Estrutura administrativa; 2. Articulações interinstitucionais; 3. Educação; 4. Saúde; 5. Habitação; 6.saneamento básico; e 7. Direitos humanos.

Por conta dos grandes desastres ambientais que rotineiramente se abatem sobre nossas cidades, a imprensa nacional deu destaque à informação de que apenas 6,2% dos municípios brasileiros tinham plano de redução de riscos para enfrentar situações de deslizamentos de encostas e enchentes etc,   e que outros 10,0% dos municípios estavam elaborando os seus.

Mas publicação trata de muito outros temas de grande importância para as gestões municipais. Informa quais são os municípios que têm cadastro das famílias interessadas em programas habitacionais, os que celebraram consórcios com outras prefeituras para lidar com problemas ambientais, como a gestão de resíduos sólidos, e de transportes, saúde e  educação. 

O relatório da publicação informa, por exemplo, que “de 2009 a 2011, o número de municípios que possuíam órgão responsável pela política de direitos humanos mais que dobrou”. O mais  relevante é que os gestores podem verificar a situação dos seus municípios em cada uma das temáticas, com informações sobre um amplo leque de questões.

Gestão

O Perfil dos Municípios Brasileiros 2011 cuida de esclarecer uma informação em torno da qual há muitas mistificações. Em 2011, do total de funcionários da administração direta das prefeituras sergipanas, 71% eram estatutários, 15% comissionados, 3% CLT, 2% de estagiários e 10%, sem vínculos (ver Gráfico).  Os quantitativos de comissionados e sem vínculos são realmente muito elevados, mas estão distantes de comentários usuais que os consideram maioria. Somente em seis dos municípios sergipanos os estatutários representam menos de 50% do quadro da administração direta. Em um deles, apenas 23% dos funcionários são estatutários. 

Trata-se de um município de pequeno porte em que a maior parte dos funcionários da administração direta não possuía vínculo ou era celetista.  Em outros vinte e três municípios, os estatutários participavam com mais de 50% e menos de 70% do quadro da administração direta. E nesses casos, não são necessariamente municípios pequenos.

Um dado colateral a essa questão é que vinte e nove entre os setenta e cinco municípios sergipanos haviam realizados concursos públicos nos vinte e quatro meses que antecederam à pesquisa, enquanto outros quarenta e seis deles não realizaram certames.  

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Fonte: IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros 2011.


domingo, 18 de novembro de 2012

O grande salto da UFS (2004-2012), por Ricardo Lacerda


Publicado no Jornal da Cidade, 18/12/2012
Ricardo Lacerda

A importância da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para o desenvolvimento social, econômico, cultural e político do estado sempre foi reconhecida por amplos setores da população, inclusive pelas lideranças políticas. A partir de sua criação, no final dos anos sessenta, e a consolidação de sua infraestrutura com a implantação do campus de São Cristóvão, na virada para os anos oitenta, a Universidade Federal de Sergipe foi peça determinante na formação de recursos humanos e no amadurecimento das reflexões sobre as questões mais relevantes para o desenvolvimento do estado de Sergipe, em suas diversas dimensões.

Modernização

Esse período de formação da UFS coincidiu com outras grandes transformações: a exploração intensiva das riquezas minerais, com a produção de petróleo e gás natural pela Petrobras e com a instalação de unidades de produção de amônia e uréia e de produção de potássio, que viriam impactar profundamente a estrutura ocupacional e de renda e acelerar o ritmo de crescimento econômico; o intenso processo de urbanização e a modernização da máquina administrativa pública; o florescimento de Aracaju como uma cidade moderna, com oferta diversificada de bens e serviços.

Esse conjunto de transformações correspondia ao movimento geral de modernização do Brasil com baixa inclusão social cujas referências centrais foram os períodos de intenso crescimento do milagre econômico e dos Planos Nacionais de Desenvolvimento, em um regime político fechado.

O Grande Salto

O sistema universitário público somente voltou a apresentar um novo ciclo de expansão de grande magnitude na gestão do Presidente Lula, quando a melhoria nas finanças e a decisão de ampliar a rede federal viabilizaram os recursos necessários.

Foi nessas circunstâncias que a gestão do Prof. Josué Modesto (2004-2012) empreendeu o grande salto da Universidade Federal de Sergipe, o período de transformações mais profundas da instituição, depois dos primeiros anos de formação. Impressionam não apenas os números alcançados, que são mesmo extraordinários e que sintetizam o tamanho que a instituição alcançou, como a transformação qualitativa, com o estabelecimento, pela primeira vez, de um sistema robusto de pesquisa e de pós-graduação, e de uma grade de cursos de graduação muito ampla, contemplando as mais importantes áreas de conhecimento e de formação profissional, fundamentais para o presente e para o futuro de Sergipe,

Os números

Em relação aos números, segue uma pequena amostra que sintetiza a transformação da UFS de uma universidade de porte relativamente pequeno no conjunto das universidades federais para uma instituição de médio porte: as vagas anuais para os cursos de graduação saltaram de duas mil, em 2004, para 5.490, em 2012; a quantidade de alunos matriculados na graduação multiplicou por 2,5, passando de 10.217 para 25.456; e o mais importante, a diversificação dos cursos de graduação com a criação de novas áreas de formação, completando o elenco dos cursos tecnológicos com formações na área de geologia, engenharia de petróleo, engenharia ambiental, entre muitas outras especialidades. A oferta de cursos de graduação pulou de 60, em 2004, para 117, em 2012 (Ver Figura).

O sistema de pós-graduação ganhou uma dimensão robusta, sem o que não há como cumprir os seus objetivos de disseminação de uma cultura de pesquisa e de promoção de desenvolvimento tecnológico. Os cursos de mestrado e doutorado se restringiam a nove, em 2004. Em 2012, a pós-graduação assume feição de gente grande, com 46 cursos.  A quantidade de aluno nesses cursos saltou de 357, em 2004, para 1.690, em 2012 (ver Figura).

Finalmente, um dado que reputamos como essencial para entender a transformação quantitativa e qualitativa da UFS; o número de professores passou de 461, em 2004, para 1.099, em 2012, com mais de 80% deles com títulos de doutor ou mestre.


Fonte: Cogeplan- UFS


O Percurso de Josué Modesto, por Ibarê Dantas


Publicado no Jornal da Cidade, em 18/11/2012
Ibarê Dantas

O assassinato do prefeito de Ribeirópolis, na varanda de sua casa em 1955, chocou os sergipanos e provocou revolta e comoção aos correligionários, amigos e familiares. No ano seguinte, o irmão Silvino Modesto dos Passos e sua esposa Maria Nunes dos Passos registraram o filho recém-nascido como Josué Modesto dos Passos Subrinho, em homenagem ao tio falecido. Não foi um bom presente para a criança que passou a carregar um nome que lembrava uma tragédia. Todavia, amenizou a situação o fato de a família deixar o Estado e criar o menino longe do ambiente conflituoso. Ao sair de Sergipe, o pequeno Josué esteve em povoações de Mato Grosso, depois se transferiu para o interior de São Paulo, mais especificamente para Santo Anastácio, onde começou seus estudos regulares, ao tempo em que revelava seu perfil introspectivo. Quando foi levado ao Colégio Estadual, descobriu a biblioteca do estabelecimento e aí contraiu o vício da leitura. Se já era menino de poucas conversas e brincadeiras, mais retraído ficou. Membro de uma família numerosa de parcos recursos, cedo Josué percebeu que seu futuro dependia de seus esforços e cuidou de sua formação com pertinaz disciplina e determinação como se preparasse para uma missão superior.
No início dos anos setenta, já adolescente, o jovem filho do senhor Silvino Passos retornou a Sergipe para cursar o científico no Colégio Castelo Branco em Aracaju. Sentava-se na última carteira e aí permanecia silencioso e atento. Quando se submetia à prova era o grande destaque. Concluído o curso secundário, foi aprovado no concurso de auxiliar administrativo e no vestibular de economia da UFS. Lotado como atendente na biblioteca, vivia lendo de tudo, até enciclopédia, construindo cedo uma vasta cultura geral sem deixar de inserir-se no mundo da política, participando da ala jovem do MDB.
Graduado com distinção, Josué Modesto cursou o mestrado na Unicamp e produziu o texto História Econômica de Sergipe (1850-1930), UFS, 1987, uma bela síntese que continua ajudando a compreender a vida material do pequeno Estado nordestino. Em seguida, exerceu alguns anos de magistério, voltou a Campinas e doutorou-se com a tese sobre o Reordenamento do Trabalho, tratando da transição do trabalho escravo para o trabalho livre 1850-1930, publicada pela Funcaju em 2000, obra das mais importantes da historiografia sergipana.
Como professor da UFS, Josué participou do Centro de Estudos e Investigação Sociais – CEIS que, na fase de abertura política, promovia palestras e debates acalorados com a presença de pessoas das mais variadas colorações político-ideológicas, quando havia grande motivação em construir o processo de democratização. Em todos esses encontros Josué demorava a falar, mas quando intervinha, impunha-se com a lucidez e a acuidade de suas colocações.
Na segunda metade dos anos oitenta, ajudou a criar o Núcleo de Pós-Gradução em Ciências Sociais. Em 1992, assumiu a coordenação da pós-graduação da UFS e quatro anos depois foi eleito vice-reitor. Neste cargo, ajudava o reitor José Fernandes de Lima, lia e refletia sobre a questão da Universidade, produzindo artigos sobre diversos temas, alguns dos quais desafiadores. São desse tempo suas análises sobre regime único, provão, evasão e tantos outros. Josué percebeu que a democratização da universidade tinha facetas bastante complexas e nem sempre perceptíveis. Tratando de uma organização burocrática composta de três categorias distintas, comportava especificidades que não deveriam ser mascaradas. De um lado, havia a propensão para sufocar a meritocracia com o fortalecimento do corporativismo, esquecendo as funções precípuas da universidade de formar quadros e produzir ciência. Foi nesse momento que o vice-reitor interveio com seus textos corajosos, mostrando que autonomia não significava adquirir irresponsabilidade e democratização não implicava abdicação da excelência no desempenho. Reagindo contra a tendência das instituições burocráticas de acomodação e impelido pelo seu espírito público, Josué alertava para a responsabilidade social, para a otimização dos recursos, insistindo inclusive sobre a necessidade de ampliar os cursos noturnos e olhar com mais atenção para a natureza dos investimentos, dos custos e assim sucessivamente. Ou seja, divulgou reflexões de alto nível que se tornaram mais acessíveis ao publicar parte dos escritos no livro Novos Desafios da Universidade Pública, UFS, 1999.
Quando Josué foi eleito Reitor da UFS, em 2004, já dispunha de uma visão esclarecida dos problemas da Universidade, dos objetivos a serem perseguidos e de alguns dos desafios que haveria de enfrentar. Continuou refletindo sobre os rumos da instituição, publicando artigos e se empenhando para que professores e funcionários cumprissem com regularidade seus deveres funcionais, mas as reações corporativas dificultaram melhores resultados. Foi mais bem sucedido nos convênios.  Com a UFRN, promoveu a modernização da gestão da UFS,  proporcionando maior agilidade no tratamento das questões administrativas e acadêmicas. Com a Petrobras, montou o Centro de Excelência em Tecnologia de Petróleo e Gás. Com o IHGSE, enriqueceu o acervo da Biblioteca da UFS com jornais de Sergipe digitalizados e várias obras de importância relevante que ajudou a publicar. Com o Tribunal de Justiça de Sergipe, que possibilitou a construção, dentro do Campus, de um fórum que atende alunos de Direito, Psicologia e Serviço Social. Preocupado com a inclusão social, conseguiu implementar o ensino à distância e aderiu ao controvertido sistema de cotas dentro da tendência nacional.
 Contudo, mais impressionante foi o resultado dos seus projetos de expansão da Universidade. Recorde-se que, na primeira década de sua existência, o corpo discente da UFS teve um crescimento razoável, passando de 663 alunos (1968) para 4.452 (1978). Entretanto, nos 26 anos subsequentes o aumento aconteceu de forma mais vagarosa. Em 2004, o alunato de graduação e pós-graduação não passava de 10.574 pessoas, quando a demanda dos inscritos para o vestibular aumentava desproporcionalmente. Enquanto o número de estudantes do ensino superior em outros Estados crescia significativamente, em Sergipe havia pouco empenho para ampliá-lo na UFS. Nos anos noventa, por exemplo, houve possibilidades, mas não foram aproveitadas.
Em 2004, quando a discussão aflorou no MEC e algumas instituições federais pleiteavam ampliar suas unidades e/ou criar novos campi próprios, o magnífico reitor Josué Modesto, contando com o entusiasmo de alguns assessores, apresentou seu primeiro projeto, articulou-se com parlamentares sensíveis e a primeira fase da expansão tornou-se realidade. O campus de São Cristóvão foi ampliado e o de Itabaiana, criado. Credenciado pela eficiência de sua gestão, conseguiu acrescentar o de Laranjeiras e, por fim, o de Lagarto, completando a grande transformação da UFS ocorrida nos últimos oito anos, de 2004 a 2012, quando seus indicadores se ampliaram consideravelmente. Nesse período, as vagas ofertadas no vestibular foram multiplicadas por 2,74; o alunado da Graduação foi triplicado; e o da pós-graduação foi multiplicado por cinco, enquanto a oferta desses cursos cresceu ainda mais. Para atender a esse corpo discente, o quadro de professores efetivos mais que dobrou, e o orçamento mais que triplicou.
 Depois de registrados os feitos, poucos recordam dos problemas enfrentados. As amolações em Brasília, a demora de algumas obras, inclusive pela desistência das construtoras, as dificuldades do governo federal em liberar os recursos prometidos, retardando os meios para a infraestrutura dos cursos e a abertura das vagas para novos professores, gerando críticas diversas e avaliações equivocadas, ocorrências comuns aos gestores da pública administração. Ao final, ninguém poderá acusá-lo de omisso por deixar as oportunidades passarem nem de se acovardar diante dos enormes desafios. Sóbrio, honesto e obstinado em seus objetivos, Josué reuniu forças e deixa um legado difícil de ser superado.
Agora que seu mandato chega ao seu termo e sua obra passará a ser analisada de forma mais criteriosa, Josué Modesto dos Passos Subrinho retomará a sala de aula e as pesquisas interrompidas com os mesmos hábitos de simplicidade e modéstia como se estivesse retornando de férias, convenhamos bastante afanosas. Independentemente disso, seu nome vai continuar lembrado pela sua produção acadêmica e pela grande transformação operada na UFS, deixando no esquecimento a motivação do seu nome em homenagem ao tio homônimo tragicamente morto.







O Magnífico Reitor Josué Modesto, por Oliveira Júnior

Publicado no Jornal da Cidade em 13/11/2012 
José de Oliveira Júnior  - Economista, Secretário de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Talvez não adivinhassem, aqueles que o batizaram, que Josué Modesto faria do sobrenome um atributo da sua personalidade. A modéstia lhe é inata, virtude exercitada com a simplicidade de uma alma nobre. Mas o que confere valor a esse homem, além das suas virtudes de simplicidade e modéstia? Aqui já precisamos entender um pouco da sua trajetória, que resumo.


Creio que a paixão que primeiro o moveu foi a do saber. Quis a fortuna que seu primeiro posto na UFS fosse o de servidor administrativo, e a biblioteca seu mais notável local de trabalho. Como num roteiro borgiano, a biblioteca operou nele a magia do deslumbramento: era a razão que estava naqueles velhos livros, e sua vocação para o saber descobriu nele conteúdos apaixonantes.


Daí a ser professor, foi só um passo. A diferença entre aprender e ensinar as vezes é só um linha tênue que a humildade reverencia: são dois lados da mesma moeda. A aprender e ensinar o Professor Josué dedicou-se com afinco, discutindo com seus alunos de Sergipe aquilo que era novidade entre os doutores da Unicamp, escola referência para a teoria econômica no Brasil.


Dos livros, da experiência docente e discente, sucedeu a paixão pela Universidade. Mas não qualquer uma: dos saberes, a história lhe foi mais exigente e obrigou-o a voltar-se ao passado, a entender o Brasil, o nordeste, Sergipe e Ribeiropólis. O economista que estudou a formação do capitalismo, a macroeconomia de Marx, Keynes e Kalescki, percebeu que devia compreender o Brasil e sua aldeia. Das aulas sobre a formação da economia industrial em São Paulo seguiria a compreender Sergipe, quiçá Ribeiropólis, e a formação da mão-deobra, as desigualdades da escravidão, a economia e a história mediando o entendimento de uma realidade social e econômica que lhe foi tão próxima.


Dessa plena vida acadêmica, o Modesto não se deu por satisfeito. Afastou a modéstia da sua vida pública, e enfrentou o desafio de ser reitor, de acrescer à experiência da academia os desafios do executivo público.


Revelou-se sobretudo empreendedor arrojado, mas também planejador cuidadoso e obstinado gestor. Aprendeu que cultivar o saber intelectual não destoa das exigências da gestão disciplinada: nada de cabeça nas nuvens, e sim persistente cobrança de resultados, estabelecimento de metas, avaliação, valorização dos colaboradore. A tudo isso somou o velho rigor intelectual para compreender o novo fenômeno da universidade em expansão, adequada às novas exigências sociais, tributária de um povo e um governante que exigiam novo e mais dinâmico papel para a difusão do conhecimento. Se o homem trouxe as virtudes, as circunstâncias lhe trouxeram a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Sob seu comando, a UFS viveu uma expansão inédita, memorável, até inimaginável alguns anos atrás. O reitor Modesto continuou simples, mas fez da UFS um canteiro de ambições: cobrou de Brasília verbas, dos professores e servidores, empenho; elaborou projetos de visão e, onde surgiu oportunidades, soube aproveitá-las com eficiência impar.


Não deixou de lado suas pretensões de intelectual da casa: cuidou das bibliotecas, da produção acadêmica, da pesquisa e da extensão. A UFS saiu da metrópole, foi à Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto, expandiu-se ainda mais com o ensino à distância. O apego aos livros não o privou da compreensão sobre a importância da nova faceta digital da produção de conhecimento, e sob seu comando as bibliotecas da UFS começaram a ter obras de versão digital para consulta de alunos e professores. Enfim, a modéstia do nome e da personalidade fortaleceu sua missão. Não precisou de holofotes sobre sí, mas sobre a sua universidade, sobre a obra coletiva que empreendia para ampliar nossa coletiva capacidade de produzir saber.


É impressionante, mas compreensível, que a sociedade ainda não tenha clara percepção da grandeza do seu trabalho. Mal compreendemos que esta nova UFS é outra, tão maior e mais moderna. Mal compreendemos que a visão do presidente operário sobre a importância do ensino superior foi em vários momentos muito mais arrojada que as expectativas da própria comunidade universitária. Professor Modesto, a simplicidade do seu caráter só valoriza a importância da sua obra. Gerações de sergipanos serão tributários da sua capacidade empreendedora e do seu descortínio intelectual.


Parabéns.

Homenagem ao Reitor Josué, por José Manuel Alvelos



Publicado no Jornal da Cidade em 28/10/2012 

Alvelos, José Manuel Pinto  - PROAD_UFS_Economia


O senhor “K” personagem de Franz Kafka no romance “O castelo”, busca para o exercício da sua atividade de agrimensor na suposta aldeia, as relações e a estrutura de poderes estabelecidos dentro do Castelo e deste com o mundo exterior.

Recheado de personagens desde o “Conde”, aldeões, aos serviçais da hospedaria, entre acertos e desacertos, tramas e vitórias, ética e valores, vencido a teia das relações humanas e de poder, o senhor “K” dá por findo o seu trabalho, delimitando toda a área, das mais longínquas às do entorno do “Castelo” e quando, à porta da morte lhe é permitido habitar a aldeia à beira do aparentemente impenetrável “Castelo” ele se sente herói. Ou anti-herói?

Este é um belo enredo de como a ficção pode dar conta da realidade do mundo objetivo.

A gestão da UFS sob o comando do Reitor Josué entre os anos de 2004_2012, apresentou os seguintes avanços:

2004
2011/2012
Alunos Graduação
10.217
31.018
Cursos de Graduação
60
115
Alunos de pós-graduação
357
1.908
Cursos de Mestrado
8
38
Cursos de Doutorado
1
8
Grupos Pesquisa_CNPq
76
223
Orçamento_UFS
123.784.429,00
471.143.456,28
Campi
São Cristóvão
Aracaju - HU
Itabaiana
Laranjeiras
Lagarto
Professores Efetivos
461
1136

Foram muitos os embates, propostas, avaliações, alicerçadas na visão de planejamento, para se alcançar os resultados citados nos dois mandatos. Mas estes são os números.

Há fatos qualitativos que transcendem os números: reformas; portarias; projetos pedagógicos; atos normativos; sistemas de gestão (administrativo, acadêmico, de recursos humanos, RNP, etc.) ; projetos arquitetônicos; licitações; empenhos; contratos; órgãos e entidades (NUPEG, CISE, CINTEC, etc.). Enfim a lista é longa.

Mas, sob a firme liderança do Reitor Josué, mediando divergências decorrentes de pessoas com variadas formação culturais, posições políticas/ideológicas e de ciência e tecnologia, muitos colegas há seu tempo e mérito, contribuíram para serem alcançados os números.

Vale citar os Pro Reitores que participaram deste processo:

Arivaldo Montalvão (In-memória)/ Mário Resende, na PROEST; Ricardo Gurgel/ Cláudio Macedo, na POSGRAP; Ponciano/ Sandro/ Paulo Heimar, na PROGRAD; Ruy Belém/ Conceição Vasconcelos, na PROEX; Jenny/ Luiz Marcos, na COGEPLAN; Abel/ Alvelos, na PROAD; Firmo/ Djalma, na PREFCAMP; Roberto Rodrigues/ Teresa Lins, na GRH.

E nas figuras de Juviano e Antônio Alves (Sr. Antônio da Copa) referenciar todos os técnicos administrativos de nível superior e médio que contribuíram para o deslanche da empreitada do Reitor Josué.

Mas será que está finda a obra, como a terra agrimessada pelo Senhor “K” de Kafka?

Ensina Schumpeter no livro “Capitalismo, socialismo e democracia”, que a economia opera em ciclos de expansão, auge e recessão, combinando fases econômicas, políticas e tecnológicas. Portanto, a trajetória nem sempre é ascendente, cabe, sobretudo às pessoas e as Instituições, desenhar a perspectiva do futuro e fazê-la cumprir no tempo datado.

Isto, espelhado nos números, nos atos e fatos o Reitor Josué e seus pares o fizeram.

O tempo presente permite olhar e avaliar o tempo passado e a partir daí prospectar o tempo futuro. Valendo-me mais uma fez do Schumpeter, agora o da “Teoria do Desenvolvimento Econômico” o cito:

“O capitalismo é um processo de destruição criadora”

Portanto, ao futuro cabe o tempo de inovação, avanço, reestruturação, com destruição do velho, tempo de mutação de construir o novo, de novo.

Assim, que no tempo futuro a trajetória seja de ascendência, para a UFS e a sociedade sergipana a partir do legado dos números expostos e de suas variantes qualitativas a exemplo dos Projetos dos Campi de “Engenharias de Estância” e de “Agrárias” em Glória, cobrindo a partir de então todo o interior de Sergipe com a educação pública superior.

Combinemos então assim: deixemos em paz o senhor “K”e sua teia kafkiana e apostemos na “destruição criadora”, porque o legado do Reitor Josué é muito bom. OK?

Josué Passos: o administrador, por Afonso Nascimento


Publicado no Jornal da Cidade em 11/12/2011 
Afonso Nascimento - Professor do Departamento de Direito da UFS

Conheço Josué Modesto dos Passos Subrinho desde os anos 1970, quando éramos estudantes universitários, ele de Economia e eu de Direito. Acho que, nessa época, ele começou a trabalhar na Biblioteca do Instituto de Filosofia da UFS, na rua Campos, onde hoje está o prédio do IPES. Encontramo-nos também, muitas vezes, por conta do movimento estudantil. Depois de graduados, ele foi fazer mestrado em Campinas (é mais um "campineiro" da UFS), ao passo que eu desci até Florianópolis. No final da década de 1970, estive a visitá-lo na Unicamp nas férias de fim de ano, a caminho de Aracaju. Depois desses tempos de estudantes, acompanhei de longe os seus passos como professor da Escola de Economia. Nos anos 1990, voltamos a nos reencontrar com o meu ingresso na UFS, depois de uma trajetória errática pelo mundo.

Durante a administração do reitor José Fernandes de Lima, recebi o convite para ser pró-reitor de Assuntos Estudantis. Ao longo do período em que estive naquele cargo, oportunidade me foi dada de conhecer o Josué Passos administrador. O reitor Lima não poderia ter tido melhor vice. Por aí corre a lenda de que vice não serve para nada. Isso pode ser correto em relação às atribuições do vice - concordo. Todavia, se tiver um reitor ou um presidente tiver um vice-qualquer-coisa preparado, a estória é muito diferente. Esse era o caso do reitor Josué nascido em Ribeirópolis, Sergipe e não em São Paulo como uma vez escrevi.

Eu não estarei sendo injusto com nenhum membro daquela administração ao afirmar que o "seu Modesto" era a pessoa mais preparada em legislação universitária, que mais lia sobre universidades e estudava com afinco a máquina universitária da UFS. Quando havia reuniões da alta administração, ele sempre trazia alguma informação nova ou diferente ou ainda um documento, coisa que tinha a ver, suponho, com o seu faro de pesquisador da História Econômica de Sergipe. O reitor Lima o chamava de "contador de escravos", por conta de sua especialização no período em que o trabalho escravo vigorava em Sergipe. Por seu turno, Josué dizia sempre que Lima tinha "nascido com uma estrela na testa" em virtude do sucesso de sua administração universitária que dava, com certeza, uma sacudida boa em toda a UFS e na sua imagem social. O "seu Modesto" não tinha idéia do que ainda estava por vir quando ele fosse tornado também reitor anos depois.

Muito bem. Ao final do seu penúltimo ano de reitor (esse é o seu segundo mandato), qual o balanço que pode ser feito de sua administração da UFS? Gozando do prestígio e do respeito de toda a comunidade universitária como intelectual e grande administrador (mesmo quem lhe faz oposição admite essas duas características dele), Josué simplesmente ampliou, duplicou, renovou e aumentou todos os indicadores da instituição. O leitor quer exemplos? Os campi do interior (Itabaiana, Lagarto, etc.), o número de matrículas, o número de cursos de graduação e de pós-graduação, reforma da legislação da UFS etc.

Enquanto especialista da economia escravista sergipana, mais do que ninguém compreendia, há muito tempo, a importância de introduzir as cotas sociais e raciais e foi peça decisiva no processo de sua implantação dessa forma de ingresso na UFS - a qual, com os resultados que em breve virão, promoverá uma relevante mudança social na direção de uma sociedade sergipana menos desigualitária. Com todas as suas realizações, Josué tem ajudado - com seu competente vice Ângelo Antoniolli - a alavancar o PIB da economia sergipana - já que a UFS tem sido, nesses sete anos, um verdadeiro canteiro de obras. Para o leitor interessado - mas em dúvida - sobre o que estou afirmando, seria muito boa a idéia de fazer só uma visita ao campus de São Cristóvão e contar o grande número de instalações erguidas pelo reitor Passos. A última por ora foi o novo prédio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) no qual está lotada a Escola de Direito da UFS.

Antes de sua lotação atual, a Escola de Direito da UFS funcionou no belo prédio da Avenida Ivo do Prado. Em 1981, a escola foi transferida para o campus de São Cristóvão, espaço em que tem prestado serviços à sociedade sergipana. Há não mais de duas semanas, foi inaugurado pelo reitor Passos o novo prédio administrativo do CCSA, uma obra solicitada pelos membros da velha escola que reclamava da falta de espaço para a sua graduação e a sua pós-graduação, sala para os seus professores etc. Agora o curso de Direito da UFS passará a funcionar com as melhores condições de trabalho, salas com ar condicionado etc. O atual chefe do DDI, José Anderson Nascimento, teve a excelente idéia de destinar uma sala exclusivamente para o Memorial da Escola de Direito da UFS, onde serão expostos quadros de professores, placas de graduados, livros de fotografias etc.

Antes da inauguração do novo prédio do CCSA, o mesmo diretor fez a proposta - que foi aprovada - de uma "medalha ao mérito" para aqueles que prestem grandes serviços ao DDI e a membros destacados de seu quadro e de outras instituições. Parece mais do que justo que a primeira medalha vá para o reitor Passos. A despeito de não ter procuração de nenhum docente de minha instituição, não tenho dúvida de que meu pensamento traduz opinião generalizada.

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Professor do Departamento de Direito da UFS
Coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Estado e a Democracia - NEED
Coordenador do Núcleo de Estudos sobre o Estado e a Democracia - NEED


Série - Balanço da administração do Prof. Josué Modesto à frente da Universidade Federal de Sergipe

Cinco artigos foram publicados no Jornal da Cidade fazendo o balanço da administração do Professor Josué Modesto dos Passos Subrinho à frente da reitoria da Universidade Federal de Sergipe.

Os  próximos posts trazem esses artigos na sequencia em que foram publicados. Os artigos foram originalmente postados pelo jornalista Eugênio Nascimento no blog Primeira Mão (http://www.primeiramao.blog.br).


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O duplo efeito do investimento




Ricardo Lacerda

Dentre os componentes do crescimento da riqueza nacional, o investimento se não é o de maior peso, tem grande influência na sua evolução, na medida em que está sujeito a fortes flutuações que têm o poder de afetar o resultado global. O comportamento nervoso do investimento, que mergulha em cada momento em que motivações econômicas e políticas, de origens externas ou internas, deprimem as expectativas sobre a evolução da economia brasileira, pode ser observado no Gráfico 1, com base nas taxas acumuladas em quatro trimestres.

O volume de investimentos no Brasil despencou na esteira de cada um dos episódios turbulentos listados a seguir: em 1998, com a crise de insolvência externa do Brasil, seguida pela mudança do regime cambial no início de 1999; entre 2001 e 2003, pela combinação do apagão de energia elétrica, do temor do empresariado em relação à eleição de Lula e da instabilidade política causada pelos atentados terrorista nos EUA; e com a crise financeira internacional no final de 2008. 

Atualmente, o comportamento do investimento está sob a influência da nova crise de confiança instalada na Zona do Euro em 2011, que levou a economia mundial ao segundo mergulho, como desdobramento dos episódios de 2008 e 2009 (ver Gráfico).

Obs. Os dados de 2012 referem-se ao acumulado em quatro trimestres em no 2º trimestre de 2012.
Fonte: IBGE- Contas Trimestrais.


domingo, 4 de novembro de 2012

Infraestrutura e desenvolvimento regional




Ricardo Lacerda

Dissemina-se o sentimento de urgência em relação à necessidade de expansão dos investimentos em infraestrutura para ampliar o potencial de crescimento da economia brasileira. Depois de duas décadas de baixo dinamismo, o ciclo de crescimento iniciado em 2004 intensificou o uso das envelhecidas redes de transporte e de energia, pressionou a base instalada de telecomunicações e revelou o completo esgotamento da infraestrutura dos centros urbanos. Para o Nordeste, que sempre contou com recursos logísticos muito inferiores aos das regiões Sudeste e Sul, é ainda maior a premência em superar os gargalos e preparar a economia para um novo ciclo expansivo.

Nesse sentido, vem em boa hora o estudo encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no âmbito do Projeto Nordeste Competitivo, que buscou identificar os investimentos prioritários em transporte e logística para os próximos oito anos. 

Partindo da constatação de que a infraestrutura de transporte do Nordeste se encontra no limite de sua capacidade, o documento Planejamento Estratégico da Infraestrutura de Transporte de Cargas da Região Nordeste prevê a necessidade de realização de investimentos da ordem de R$ 25,8 bilhões voltados para a integração dos principais sistemas produtivos da região.  O sumário executivo do relatório pode ser acessado em

Integração regional 

O planejamento do setor de transporte e logística da região tem como objetivo central integrar fisicamente os nove estados da região, com vistas a potencializar o seu desenvolvimento econômico. A iniciativa almeja ainda delimitar eixos integrados de desenvolvimento prioritários para a região. É um estudo estruturado e ambicioso, que vale a pena ser lido por quem se interessa pelas questões de desenvolvimento do Nordeste.