terça-feira, 25 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
O Nordeste e a Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional
Ricardo
Lacerda
Nos próximos dias 26 e
27 realizar-se-á no auditório da Didática V da UFS a rodada de Sergipe da I
Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional. O evento é promovido pela
Secretaria Nacional de Desenvolvimento Regional (SNDR), do Ministério da
Integração, com o objetivo de levantar subsídios para reformular a Política
Nacional de Desenvolvimento Regional.
Segundo o
texto de referência, elaborado pela SNDR, a proposta de construção da política
regional está norteada pelo duplo objetivo de “i. Sustentar uma trajetória de
reversão das desigualdades inter e intrarregionais, valorizando os recursos
endógenos e as especificidades culturais, sociais, econômicas e ambientais; ii.
Criar condições de acesso mais justo e equilibrado aos bens e serviços públicos
no território brasileiro, reduzindo as desigualdades de oportunidades
vinculadas ao local de nascimento e moradia.”
O primeiro
eixo diz respeito ao fato de que, apesar dos progressos apresentados pelas
regiões mais pobres e de menor densidade econômica que têm logrado reduzir a
distância em relação às regiões mais desenvolvidas, as desigualdades entre as
regiões brasileiras e internamente a elas se mantêm muito acentuadas em
praticamente todas as dimensões relevantes. As regiões Norte, Nordeste e, em
menor grau, Centro-Oeste continuam apresentando amplas desvantagens em termos
infraestrutura, base produtiva, renda, escolaridade, ciência & tecnologia e
nos indicadores de educação e saúde. As desigualdades entre os estados de uma
mesmo região também são muito acentuadas.
O segundo
eixo trata das desigualdades de acesso a políticas públicas que penalizam as
populações residentes nas áreas mais pobres.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Crescimento e convergência no desenvolvimento regional
Ricardo
Lacerda
As
desigualdades de níveis de desenvolvimento entre as regiões permanecem muito
amplas no Brasil. Em 2009, o Nordeste respondia por apenas 13,9% do Produto
Interno Bruto (PIB) quando contava com 27,8% da população nacional de 2010,
enquanto a região Sudeste, com 42,1% da população, produzia 54,4% da riqueza.
Entre
1995 e 2009, o Sudeste apresentou o crescimento mais lento entre as regiões
brasileiras, 39,2%, equivalente a uma taxa anual de 2,4%. As regiões Norte,
Centro-Oeste e Nordeste registraram, por ordem, as taxas mais elevadas do
período: 81,3%, 77,8% e 53,4%. A região Sul cresceu 43,7%. Assim, a taxa média
anual do Nordeste atingiu 3,1%, superior às apresentadas pelas regiões mais industrializadas,
Sudeste e Sul, mas inferior às conhecidas pelas regiões que vêm expandindo a
exploração da base de recursos naturais, Norte e Centro-Oeste.
Convergência
Diante
desse diferencial de ritmo médio de crescimento durante um período
relativamente longo, a região Sudeste perdeu 3,7 pontos de participação no
Produto Interno Bruto brasileiro que foram redistribuídos entre as demais
regiões, dos quais 1,6 para o Nordeste, 0,9 para o Centro-Oeste e 0,4 para o
Norte.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
A Independência e a economia
Ricardo
Lacerda
Quando
refletimos sobre os percalços que o Brasil enfrentou e superou ou vem superando
desde o final do regime militar em 1985 encontramos razões substantivas para
acreditar no país. Não é difícil elencar as áreas em que o país avançou e os principais
desafios e as tarefas que são inadiáveis.
Em
1982 o Brasil estava quebrado financeiramente e foi constrangido a assinar o
primeiro dos acordos de resgate com o Fundo Monetário Internacional, da série cuja
vigência se estendeu até 2005. Guardadas as especificidades geográficas e de
período, a situação do Brasil nos anos oitenta e boa parte dos anos noventa não
era muito diversa da que se encontram hoje alguns países do sul europeu, com a
gestão de economia sendo operada, na prática, sob a tutela das agências
internacionais.
A
necessidade de fazer frente ao serviço da dívida externa, contratada nas duas
décadas anteriores, desorganizou a economia brasileira, provocou o descontrole
inflacionário, desestabilizou as finanças públicas e interditou por duas
décadas o crescimento mais vigoroso e sustentado (ver Gráfico sobre a evolução
da dívida externa líquida como proporção do PIB). Não apenas o desenvolvimento econômico
desandou como não se conseguia avançar na área social.
Fonte: Banco Central
Pacto pela
cidadania
A
promulgação da Constituição de 1988 selou um novo pacto nacional e estabeleceu
compromissos sociais para nortear a atuação dos governos.
É
notável o preâmbulo da
Constituição de 1988 em que se afirma a determinação de “...instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos individuais
e sociais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida na ordem interna e
internacional com a solução pacífica das controvérsias...”.
Estabilização e
desenvolvimento
Nos
anos noventa, a estabilização da inflação e o posterior estabelecimento dos marcos
da gestão macroeconômica foram conquistas fundamentais para os progressos
subseqüentes, ainda que tenham sido acompanhados por concessões e opções que causaram
impactos desestruturantes na matriz industrial e que limitaram a retomada de
taxas de crescimento mais expressivas.
Foi
na primeira década do novo século que o Brasil fez as pazes com o crescimento
econômico, agora em nova feição, compatibilizando prosperidade econômica e
inclusão social. Fatores externos e internos se combinaram para promover o mais
vigoroso período crescimento econômico desde os anos setenta, incorporando ao
mercado de consumo mais de 30 milhões de brasileiros que emergiram para a
chamada Classe C. O Nordeste e Sergipe, especificamente, foram muito
beneficiados no novo ciclo virtuoso de crescimento.
Desafios
Em
meados de 2011, o ciclo expansivo da economia brasileira foi atropelado pelo
agravamento da crise internacional. A resposta do governo brasileiro focou dois
objetivos: impulsionar a demanda interna de modo a assegurar o crescimento nos
próximos semestres a taxas superiores a 3% ao ano para enfrentar com menor dano
possível os efeitos da crise prolongada; estimular as forças de oferta para
tornar a economia Brasileira mais competitiva no longo prazo.
Nessa
última agenda, formou-se quase um consenso a respeito das tarefas fundamentais,
que são custosas e vão demandar tempo e inventividade política: destravar os
investimentos em infraestrutura produtiva; simplificar o sistema tributário e
desonerar o investimento e a produção; reduzir de forma sustentada o patamar
dos juros praticados e desvalorizar o câmbio; fazer valer mecanismos regulatórios
que induzam a redução das tarifas de serviços que afetam os custos industriais;
avançar na desindexação dos preços e tarifas; multiplicar os esforços na
capacitação de recursos humanos com ênfase na área tecnológica e elevar o nível
geral de escolaridade e a qualidade do sistema educacional, sem o que é não é
possível explorar as oportunidades para desenvolver os setores intensivos em
conhecimento.
Na
área social, apesar dos avanços promovidos e da importância de ter focalizado as
ações nos segmentos mais pobres da população, estamos ainda entre os campeões de
desigualdade de renda.
Há
sempre a opção de não se deter nos resultados positivos alcançados, sempre
imperfeitos e muitas vezes inacabados, e prestar mais atenção em nossas mazelas
mais endêmicas, que não são poucas, ou destacar retrocessos incorridos. Essa
posição de questionamento crítico certamente contribui para minimizar
imperfeições e avançar, desde que não se perca a capacidade de reconhecer as
conquistas, pois configuraria um passo em direção a abrir mão delas.
Publicado
no Jornal da Cidade em 09/09/2012
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
A economia dos juros baixos.
Ricardo
Lacerda
Com
a redução da taxa Selic para 7,5% ao ano na reunião da semana passada do
Conselho de Política Monetária do Banco Central, a taxa de juros real ex-ante atingiu
patamar inferior a 2% ao ano, quando em agosto de 2011 se situava em torno de 7%,
também em termos reais. Foram nove rodadas seguidas que reduziram em 5 p.p. a taxa
básica que remunera o financiamento no mercado interbancário brasileiro
(ver Gráfico).
Ainda
que o custo das operações de crédito para as famílias e empresas não tenha
caído proporcionalmente e se mantenha absurdamente elevado por conta dos spreads bancários praticados, o novo
patamar da taxa básica de juros, muito mais baixo do que em qualquer período posterior
à estabilização da inflação em meados dos anos noventa, trará importantes
implicações para a economia brasileira dos próximos anos.
Fonte:
Banco Central. Extraído da exposição do Ministro da Fazenda na reunião do CDES
de 30/08/2012.
*
Em relação a SWAP –DI de 360 dias.
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