Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 26 de março de 2012

Densidade populacional e desenvolvimento

Ricardo Lacerda
É do senso comum que regiões e localidades com melhores recursos naturais atraem mais pessoas, formando maiores aglomerações populacionais e redes de cidades de malha mais estreita, com menores distâncias entre os centros urbanos. Não custa lembrar o contraste entre a elevada densidade populacional na Zona da Mata, com solos mais adequados para a agricultura e menos sujeita a estiagens, e a população relativamente rarefeita do semi-árido nordestino, com características climáticas mais inóspitas. 
Além da geografia, a história também conta. Uma vez criadas as aglomerações humanas, a partir de um evento inicial de motivação econômica, política ou religiosa, operam-se mecanismos de autorreforço que podem as fazer crescer cumulativamente. Novos eventos ao longo da história, como mudanças econômicas, tecnológicas ou institucionais (de caráter endógeno ou exógeno), a exemplo do efeito do surgimento da indústria de pneumáticos na virada para o século XX sobre a extração do látex das seringueiras da Amazônia, abrem possibilidades de mudar a distribuição espacial da população.
A evolução dos meios de transporte e as mudanças nas restrições legais à migração cumprem seu papel, o que deixa a nossa análise referenciada apenas a movimentações internas. Ficando posta a questão, passemos a observar os indicadores de densidade populacional dos estados brasileiros e dos territórios e municípios sergipanos.

domingo, 18 de março de 2012

O curto e o longo prazos

Ricardo Lacerda
O Brasil vive tempos extraordinários, com imensas oportunidades e algumas incertezas inquietantes. O ciclo expansivo recente, iniciado em 2004, incluiu 17 milhões de trabalhadores no mercado formal, retirou da pobreza extrema mais de 30 milhões de pessoas, elevou o rendimento médio do trabalho e mais do que duplicou o acesso das famílias ao crédito fatores que, no conjunto, propiciaram taxas de crescimento sustentadas que não se viam desde meados dos anos oitenta e que causaram forte ampliação do mercado do interno.
O aspecto inclusivo desse ciclo virtuoso, de sua essência mesmo, pode ser sintetizado no crescimento de maior intensidade nas regiões mais pobres e entre as pessoas de renda mais baixa, diferenciando-se dos ciclos de crescimento dos anos sessenta e setenta. Os programas de transferência de renda também foram importantes nesse aspecto.
Convergência
Levantamento do CPS/FGV, com base nos dados da PNAD, informa que o rendimento per capita domiciliar cresceu 24,4% no Brasil, entre 2001 e 2009, sendo que no Nordeste essa taxa alcançou 43,2%, e no Sudeste, a região mais rica, 16,4%. Ou seja, enquanto o rendimento per capita familiar na média nacional cresceu 2,7% ao ano, o do Nordeste aumentou 4,6%. Sergipe liderou o crescimento entre os estados, com expansão de 58,6%, no período, ou 5,9% ao ano (ver Gráfico 1).
Fonte: CPS/FGV,com dados da PNAD.
Esse ciclo é extraordinário, repito, porque ampliação tão intensa no mercado interno dá uma outra dimensão ao país e cria oportunidades de investimento na expansão e diversificação dos negócios, inclusive nas regiões mais pobres. São mais pessoas consumindo, com emprego mais estável e rendimentos mais elevados (Gráfico 2).
Fonte: Extraído de Ministério da Fazenda. Economia brasileira em perspectiva. 14.
 Ed. Especial de fevereiro de 2012, com dados da PNAD.

As oportunidades estão relacionadas, também, à exploração de recursos naturais para a expansão da produção de commodities agrícolas e minerais cujas demandas passam por um longo ciclo de aquecimento associado ao crescimento dos países emergentes puxado, principalmente, pela economia chinesa.
Incertezas
Incertezas relativas a questões externas e internas podem perturbar o ciclo de crescimento, algumas delas mais associadas ao curto prazo e outras a aspectos mais estruturais. No curto prazo, o desafio é manter o crescimento da economia e a inflação sob controle em um cenário de crise prolongada na Europa e de recuperação ainda titubeante da economia americana.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O PIB e os juros

Ricardo Lacerda
O IBGE anunciou durante a semana o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2011. A modesta taxa de crescimento, de 2,7%, na comparação com o ano anterior confirma as piores estimativas de desaceleração do nível de atividade econômica no segundo semestre de 2011. Foram dois trimestres de economia estagnada: retração de 0,07% no 3º trimestre, no dado revisado, e crescimento de 0,34% no 4º trimestre (ver Gráfico 1).
Ainda que alguns analistas tenham assinalado que o resultado de 2011já não refletiria o ritmo de atividade atual e que o país já teria reencontrado a trajetória de recuperação nos primeiros meses de 2012, com projeção de crescimento de até 5% ao longo do ano, as autoridades econômicas não parecem tão confiantes, a julgar pelo conjunto de medidas que vêm sendo adotadas para reanimar o nível de atividade. É importante ter em mente que o crescimento pífio do último trimestre de 2011 resulta em uma taxa anualizada de apenas 1,36%.
Fonte: Contas trimestrais. IBGE

segunda-feira, 5 de março de 2012

A desaceleração do nível de atividade no 2º semestre de 2011



Ricardo Lacerda

Foi intensa a desaceleração do nível de atividade da economia brasileira no segundo semestre de 2011, na esteira das medidas restritivas adotadas pelo governo para fazer frente à pressão nos preços, associada, em parte, ao excessivo aquecimento do ano anterior. Com a piora do cenário externo, a desaceleração foi mais forte do que a pretendida, provocando uma reversão na política monetária a partir de meados de 2011 para reanimar o nível de atividade, e levando à adoção de uma série de medidas defensivas, de espectro relativamente amplo, voltadas para o setor industrial, que simplesmente parara de crescer.

Depois de atingir 4,2% no 1º trimestre do ano, a taxa de crescimento do PIB passou a apresentar uma trajetória fortemente declinante, até atingir 2,1% no 3º trimestre de 2011, em relação ao mesmo período do ano anterior. Para a média do ano, as estimativas apontam para uma expansão do PIB de 2,8%, portanto, um pouco abaixo do patamar de 3% que, informalmente, o governo considera necessário para sinalizar, interna e externamente, que terá continuidade o ciclo pujante de transformações econômicas e sociais pelo qual vem se notabilizando o país desde 2004.

Nordeste

A evolução do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que busca antecipar os resultados do PIB, sintetiza o desaquecimento da economia brasileira no segundo semestre de 2011.

Depois de iniciar o ano de 2011 com taxa de crescimento de 4,81%, o IBC-BR, já livre de efeitos sazonais, desacelerou fortemente a partir de agosto (situação agravada por problemas de estoque na indústria automobilística), atingindo o fundo do poço no mês de outubro, quando o crescimento em relação ao mesmo mês do ano anterior se limitou a 0,4% (ver Gráfico 1). Nos meses de novembro e dezembro, já como resposta aos estímulos da política monetária, o IBC-BR ensaiou uma retomada moderada.

A desaceleração do nível de atividade também atingiu a economia dos estados nordestinos. As medidas de restrições ao crédito, a elevação na taxa de juros, a moderação na expansão dos gastos federais, o crescimento mais modesto do salário mínimo e a piora nas expectativas levaram a que a economia da região tivesse, também, uma forte desaceleração, que foi agudizada pelo impacto do aumento das importações de têxteis e de calçados sobre a sua produção industrial.

Ainda assim, durante todo o ano, a taxa de crescimento do IBC-NE se manteve acima do IBC-BR, como mostra o Gráfico 1, o que antecipa para 2011 uma taxa de expansão do PIB também superior para o Nordeste.

Fonte: Banco Central

sexta-feira, 2 de março de 2012

Visitação

Talvez pela vigencia da Lei da acumulação de clientela, a visitação ao blog Cenarios de Desenvolviimento vem em trajetória crescente. Atingiu o pico de 255 visitas no dia 28 de fevereiro. Ao longo do mês de fevereiro o blog recebeu 4.285 visitas. O recorde é do mês de novembro, com 5.521.