Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O emprego formal em 2011


Ricardo Lacerda

O Ministério do Trabalho e do Emprego apresentou os dados de geração de emprego celetistas de 2011, fornecidos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Foram criados no Brasil 1.944.560 empregos formais celetistas, sem considerar os vínculos do regime estatutário do setor público. Foi um bom resultado. Ainda que a criação de novos empregos tenha sido 23,5% inferior aos 2.543.177 de 2010, o ano de 2011 apresentou a segunda melhor geração de emprego da série histórica.

Formalização

O ciclo expansivo da economia brasileira, iniciado em 2004, promoveu melhoras substantivas na situação do mercado de trabalho, como demonstra a queda da taxa de desocupação nas regiões metropolitanas de 12,4%, em 2003, para 6%, em 2011, segundo a pesquisa mensal do emprego do IBGE. A melhoria no mercado de trabalho propiciou, entre outras coisas, que o percentual de empregados formais do setor privado nessas áreas tenha passado, nesse período, de 39,7% para 48,5%, mesmo considerando que a porcentagem ainda muito elevada de pessoas na informalidade denuncie a fragilidade estrutural da ocupação no Brasil.

O movimento em direção à maior formalização na atividade privada tem se refletido também em certo descolamento da taxa de crescimento do emprego formal em relação ao crescimento do PIB, em parte por conta da expansão maior de atividades mais intensivas em trabalho, como as do setor de serviços, comparativamente ao setor industrial (ver gráfico). Em 2011, o emprego formal celetista aumentou em 5,4%, frente ao crescimento estimado de 2,9% no PIB.


Fonte: IBGE e MTE-CAGED.
Obs*: Estimativa de mercado para o crescimento do PIB em 2011.

Sergipe

Nos últimos anos, o emprego formal em Sergipe também vem crescendo acima do PIB. Entre 2007 e 2011, o emprego formal celetista em Sergipe apresentou uma taxa anual de incremento de 7,9%, frente à média nacional de 6% e à média nordestina de 7%.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Índice de pobreza e vulnerabilidade das famílias

Ricardo Lacerda

 O IPEA publicou na semana passada o Índice de Vulnerabilidade das Famílias, com recortes por região, unidade da federação, rural/urbano e metropolitano/ não metropolitano. O objetivo do índice é o de tentar identificar os perfis das famílias brasileiras a partir do conceito de vulnerabilidade, que considera a pobreza como um fenômeno multidimensional, em que a carência de renda é apenas uma das dimensões. Também são consideradas as dimensões da própria estrutura da família, o acesso ao trabalho, o desenvolvimento infanto-juvenil e as condições habitacionais.

Os estudos sobre desenvolvimento e pobreza avançaram muito nas últimas décadas. Há muito tempo que a renda per capita e o PIB per capita deixaram de ser a expressão que sintetizava o grau de desenvolvimento econômico e social de um país ou de uma região. A simples troca de indicadores de rendimentos médios, que escondem as situações extremas (os muito ricos e os muito pobres), por indicadores que consideram a distribuição já permite identificar o quantitativo de pessoas em situação de pobreza e abre a possibilidade de localizar as famílias que deverão se constituir alvos prioritários das políticas públicas.

Laranjas e maçãs

Mas, até esse ponto, nosso índice conta apenas com uma variável (rendimento familiar per capita) e apenas uma dimensão (o rendimento). Mais complexo vai se tornando quando outras variáveis e outras dimensões vão sendo agregadas. É isso o que faz a medida de vulnerabilidade do IPEA; é um índice que sintetiza 6 dimensões, 26 componentes e 48 indicadores para caracterizar a situação de pobreza e vulnerabilidade das famílias (ver em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/120117_comunicadoipea131.pdf).

Quando aprendemos contabilidade social nas escolas de economia nos ensinam que não é possível somar maçãs com laranjas no cálculo do Produto Interno Bruto. É necessário reduzir todos os bens e serviços que o compõem a uma unidade comum para se obter o resultado agregado, o PIB, expresso em termos monetários. Como, então, agregar a estrutura das famílias, os seus rendimentos, as condições de habitação etc? Com o avanço dos métodos quantitativos, os economistas foram elaborando índices multivariados, somando maçãs, laranjas, presença de idosos e crianças na família e existência de esgotamento sanitário no domicílio em um único índice, por meio da padronização e da estipulação de peso para cada componente.

Fiz este longo percurso explicativo para situar o leitor em relação aos diversos índices que pululam no nosso cotidiano, desde os mais reconhecidos, como o IDH, até os índices de desenvolvimento municipal, de transparência pública, de qualidade de vida, de ambiente favorável de negócios, de competitividade e de atratividade de países e regiões etc.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Composição etária e razão de dependência em Sergipe



Ricardo Lacerda

Com a queda da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida tem havido importantes mudanças na composição da população brasileira, com a elevação da participação das faixas etárias mais elevadas e a redução nas faixas de menor idade. Muitos especialistas têm destacado o significado econômico do período de bônus demográfico que o país atravessa por conta da redução, em termos absolutos e relativos, da população de menos de 15 anos, enquanto engrossa a fatia da população que se encontra em idade ativa. O período de bônus se encerra quando o incremento no contingente de pessoas idosas superar a redução da população inativa mais jovem, como proporção da população total.

Demógrafos e economistas entendem que o bônus demográfico é uma força poderosa na elevação dos níveis médios de renda da população, na medida em que significa diminuição na faixa de população que depende de renda gerada por outros grupos etários. Convencionou-se chamar de razão de dependência o peso da população considerada inativa (0 a 14 anos e 65 anos e mais de idade) sobre a população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade).

Sergipe

A distribuição etária da população sergipana também tem passado por transformações estruturais, com importantes implicações econômicas. Em 2010, residiam em Sergipe 556.222 pessoas com menos de 15 anos de idade, representando 27% da população total de 2.068.017. No ano de 2000, o contingente de pessoas com menos de 15 anos era de 595.327 e representava 33% da população total (ver Gráfico). Ou seja, essa faixa etária encolheu, ao longo da década, o equivalente a 39.105 pessoas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A recuperação das exportações sergipanas em 2011

Ricardo Lacerda
Qualquer avaliação do comportamento do comércio exterior sergipano não deve desconhecer o peso pouco expressivo que tem o setor externo na dinâmica de crescimento da economia estadual. Considerando a soma das exportações e das importações (a chamada corrente de comércio) e comparando-a com o PIB, é possível afirmar que o comércio exterior é cerca de sete vezes menos importante para Sergipe do que para a média do país (calculando com o PIB de 2009 e o comércio exterior de 2011).
Isso se deve ao fato de que os segmentos mais importantes da economia sergipana, vinculados à sua base de recursos minerais, foram erigidos ao longo das últimas quatro décadas visando o atendimento do mercado nacional.  Se o coeficiente de abertura da economia brasileira é relativamente restrito, a economia sergipana depende ainda mais do comportamento do mercado interno brasileiro para crescer.  
Ainda assim, algumas atividades da economia sergipana, como a citricultura, a fabricação de calçados e a fabricação de açúcar são muito dependentes do mercado externo, de forma que, quando as exportações dos seus produtos vão mal, as áreas que concentram tais atividades perdem ocupação e renda, e quando as exportações retomam a trajetória de crescimento, o emprego e renda tendem a reagir positivamente nas economias locais.
É nesse sentido, que devemos comemorar a continuidade da recuperação das exportações sergipanas em 2011, notadamente a expansão nas vendas do suco concentrado de laranja.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

As perspectivas econômicas para 2012



Ricardo Lacerda

A economia brasileira deverá apresentar uma aceleração moderada do crescimento em 2012, na comparação com 2011, mesmo enfrentando um cenário de deterioração do setor externo.

A economia mundial terminou o ano de 2011 pior do que começou. No relatório de abril sobre as perspectivas econômicas do ano, o FMI assinalava que estava em curso uma recuperação do nível de atividade, ainda que de forma débil e desequilibrada, mais forte nas economias em desenvolvimento e menos intensa nas economias avançadas.

Ao longo do ano o quadro foi se tornando mais difícil. Com a deterioração da situação econômica europeia e a emergência da crise das dívidas soberanas no segundo semestre, o relatório de setembro destacava a desaceleração do crescimento e o aumento dos riscos sistêmicos na economia mundial. Na retrospectiva de 2011, em 21 de dezembro, o economista-chefe Olivier Blanchard resume o cenário em termos nada otimistas: “a recuperação de muitas economias avançadas está estancada e alguns investidores contemplam as implicações de uma possível ruptura da Zona do Euro, sendo real a possibilidade de as condições se tornarem piores que as de 2008”.

Além de as condições na Europa virem se deteriorando mês a mês por meio do contágio da crise de confiança, há muita incerteza sobre quais vão ser os seus desdobramentos no futuro próximo, tornando ainda mais frágeis as projeções para a economia mundial em 2012.