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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 1 de agosto de 2010

Parte 2- A geração de emprego na economia sergipana em 2010

Ricardo Lacerda*

Em março, estudo do IPEA estimou para 2010 a criação de 14.993 empregos formais na economia sergipana ao longo do ano. Para o setor industrial, incluindo a indústria extrativa mineral e a indústria de transformação, a projeção do IPEA era de geração de 2.966 novas vagas no mercado formal.
A estimativa do IPEA foi feita com base na relação entre PIB e emprego entre 2004 e 2008 e supunha, para 2010, um incremento do PIB de 5,5%. A estimativa, se confirmada, já configuraria resultados recordes para Sergipe, tanto na criação do emprego total, quanto no emprego industrial. (Ver em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/100310_comunicadoipea41.pdf).
Com a aceleração do crescimento econômico no Brasil no 1º trimestre de 2010, foram refeitas as estimativas de expansão do PIB para 2010, hoje projetada para um pouco acima de 7%. Com isso, os números, já muito favoráveis da análise do IPEA para a geração do emprego formal em Sergipe e certamente para outros estados da federação, se mostraram defasados. No período de 12 meses (jul/09 a jun/10) foram criados 18.860 empregos formais na economia sergipana, 25,8% acima da estimativa do IPEA.

Emprego Industrial

Os resultados do emprego industrial de Sergipe vêm superando com larga margem a projeção do IPEA. Entre julho de 2009 e junho de 2010, foram criados 4.282 empregos formais na indústria de transformação, além das 250 vagas na indústria extrativa mineral.
Assim, os resultados dos últimos 12 meses já se revelaram 52,8% superiores à estimativa para o agregado chamado de Indústria Geral. Como já foi assinalado no artigo anterior, nesse período, o emprego da indústria de transformação de Sergipe cresceu 12,42%, a mais elevada taxa de expansão entre os estados brasileiros. No gráfico 1, é possível observar a força da retomada na geração de emprego industrial de Sergipe, depois do momento mais difícil da crise financeira internacional.

A partir de junho de 2009, a série anualizada assumiu uma trajetória fortemente ascendente até culminar com os 4.282 empregos criados nos 12 meses encerrados em junho de 2010.

Subsetores

A expansão do emprego formal na indústria sergipana tem sido motivada por um conjunto de fatores, dentre os quais três se destacam: forte ciclo expansivo da economia brasileira, o crescimento diferenciado da economia do Nordeste em função da incorporação de novas faixas da população ao mercado de consumo e a instalação de novas indústrias no Estado, atraídas pela expansão do mercado regional e local.
Um dos aspectos mais favoráveis do crescimento do emprego do setor industrial de Sergipe nos últimos 12 meses tem sido a sua disseminação nos vários subsetores da atividade, estendendo-se, inclusive, a alguns segmentos que enfrentaram dificuldades no passado recente, como a cadeia têxtil-confecção que, no período, criou 597 novos postos de trabalho. Entre os 12 subsetores abrangidos, apenas o de papel e editorial não teve saldo positivo. Todos os 11 demais segmentos apresentaram taxas de crescimento de 7% ou mais nos últimos 12 meses, registrando, portanto, taxas superiores à media da indústria brasileira no período, de 6,7%. Ver gráfico 2.


O grande destaque, tanto em termos do número de empregos criados quanto da taxa de crescimento, foi a indústria de calçados que nos últimos 12 meses encerrados em junho, gerou 1.618 empregos, taxa de crescimento de 50,2%. Hoje Sergipe já conta com um polo calçadista expressivo, com unidades fabris em várias cidades do interior.

A expansão foi expressiva também na indústria de alimentos e bebidas, 690 novos empregos; minerais não metálicos, que inclui as cerâmicas e as fábricas de cimento, 320 empregos; química, farmacêuticos e plásticos, 300 empregos; couros, borracha e fumo, 199 empregos; indústrias mecânicas, 198 empregos; madeira e mobiliário, 189 empregos; e metalúrgicas, 130 empregos, além dos segmentos têxtil e de confecção, que viram a instalação de novas empresas no Estado. Ver gráfico 2.

A aceleração do crescimento industrial em Sergipe tem aberto novas oportunidades de criação de empregos, mas aumenta proporcionalmente os desafios de formação profissional para a indústria, em 2010 e nos próximos anos.

* Professor do Departamento de Economia da UFS
** Publicado no Jornal da Cidade em 01 de agosto de 2010

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