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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Renda e desenvolvimento regional



Ricardo Lacerda*

O IBGE publicou na última quinta-feira a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) de 2013. A pesquisa é estruturada em sete grandes grupos de informações socioeconômicas: dados gerais da população; migração; educação, trabalho; fecundidade; famílias; e domicílios.

A publicação dos dados da PNAD é muito aguardada pelos pesquisadores e pelos meios de comunicação por conta do amplo quadro de indicadores sociais e econômicos que apresenta, que permite inferir em que dimensões o país e os estados avançaram mais, em que outras avançaram menos e quais as carências que permanecem elevadas.

As flutuações de um ano para outro, em geral, não guardam muito significado porque os indicadores de melhoria econômica e social das famílias não mudam em em período de tempo tão curto. Mais importante é acompanhar as transformações que estão correndo em um horizonte de tempo um pouco mais largo.

2013

Na variação entre 2012 e 2013, os resultados mais expressivos, em termos de melhoria da população,  foram o crescimento real da renda do trabalho em 5,7%, a redução do trabalho infantil e a queda da taxa de analfabetismo. A PNAD de 2013 mostra também que o acesso a alguns bens de conteúdo tecnológico, como computador e telefone, vem se disseminando celeremente mesmo entre os lares da população de rendimento mais baixo, ainda que no caso de acesso à internet a imprescindível universalização tenha um longo caminho a percorrer.

O rendimento familiar per capita das famílias sergipanas cresceu 13,7% em termos nominais no período, frente aos 10,7% da média do país. Ajustados pelo IPCA do período (setembro de cada ano), o crescimento do rendimento médio familiar per capita, de todas as rendas, alcançou 4,5% para o Brasil e 7,4%, para Sergipe.

Rendas regionais

Em uma perspectiva temporal um pouco mais ampla, são notáveis os avanços alcançados nas diversas dimensões, não menosprezando o tamanho do desafio e as enormes carências que persistem em um país ainda muito injusto e desigual. Considero de especial significado social e econômico o que vem ocorrendo em termos de redução das diferenças regionais nos rendimentos das famílias.

Em 2001, ano em que se inicia a atual série dos indicadores básicos da PNAD, o rendimento médio familar per capita (ou seja, o rendimento familiar dividido pelo número de residentes, com ou sem renda) no Nordeste era equivalente a 54,3% do vigente na média das famílias brasileiras. No caso de Sergipe, o indicador era um pouco melhor, o rendimento médio familiar per capita em Sergipe em 2001 correspondia a 57,3% da média da família brasileira (ver Gráfico 1).

Doze anos depois, são significativas as reduções nas disparidades regionais de renda. Mesmo levando em conta que o rendimento médio familiar apresentou crescimento importante em todas os estados do país, o incremento foi mais acentuado nas regiões pobres e, entre elas, no Nordeste, a de menor renda per capita. Em 2013, o rendimento médio familiar per capita da região Nordeste passou a corresponder a 63,7% da média brasileira, e o de Sergipe se situava em 73,7%.


Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar.

A melhoria do rendimento das famílias nordestinas, tanto em termos de rendimentos absolutos quanto em termos relativos, diminuindo a diferença em relação à média do país, é uma das dimensões mais importantes do recente desenvolvimento econômico e social do país. Indica como o Brasil vem trilhando o caminho de um desenvolvimento mais justo, mais equitativo em termos sociais e territoriais.

Tamanho de mercado

O Gráfico 2 apresenta a participação de cada região brasileira na massa de rendimentos das familias em 2004 e em 2013 (adotou-se 2004 para comparação porque nos anos anteriores os dados para alguns estados da região Norte abrangiam apenas as populações urbanas). Entre 2004 e 2013, a região Sudeste perdeu 1,9% e a região Sul 0,4% de participação na massa de rendimentos familiares, parcelas que foram redistribuídas para as regiões mais pobres. A participação do Nordeste na massa de rendimentos familiares passou de 16,1% para 17,7%, da mesma ordem de magnitude da região Sul, que em 2003 apresentava 2,1 pontos percentuais a mais.

O fato de o mercado de consumo das famílias nordestinas vir crescendo a taxas anuais mais elevadas do que a média do país tem atraído para os estados da região um número significativo de empresas, tanto diretamente no segmento de consumo, quanto no fornecimento de insumos para as algumas das principais cadeias produtivas, como vem acontecendo com a produção de cimento para atender a expansão do mercado habitacional.   A expansão do poder de compra tem sido um das principais fontes, mas não a única, do crescimento da região.


Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar.


Publicado no Jornal da Cidade, 21/09/2014

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