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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O PIB do segundo semestre de 2013


Ricardo Lacerda

Na quinta-feira da semana que se inicia, dia 27 de fevereiro, a poucos dias do feriado de carnaval, quem acompanha conjuntura econômica direcionará suas expectativas para eventos menos lúdicos. Nesta data, o IBGE anunciará o PIB do último trimestre de 2013 e, por conseguinte, o resultado do PIB anual.

A estimativa mais recente do relatório Focus (de 14/02/2014) cravou crescimento de 2,2% para o PIB de 2013.

Mais importante do que a taxa anual de 2013, em qualquer hipótese bem superior ao 1% de 2012, o resultado a ser anunciado vai confirmar que a retomada do crescimento da economia brasileira que se iniciara em meados de 2012 foi interrompida, ou mesmo sofreu uma reversão no segundo semestre do ano passado.

IBC-BR

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), publicado duas semanas atrás, estimou crescimento de 2,5% para 2013. O Gráfico 1 apresenta a evolução da taxa de crescimento do IBC-BR em doze meses e da taxa semestral, em relação ao mesmo período do ano anterior. Na série de doze meses, o IBC-BR de dezembro de 2013 apresentou o mesmo resultado de setembro, indicando que a retomada do crescimento do nível de atividade da economia brasileira, que vinha ocorrendo desde o primeiro trimestre de 2013, foi interrompida no final do ano passado.  

A evolução da taxa de crescimento semestral (apresentada na linha dupla sem marcador), em relação ao mesmo semestre do ano anterior, revela não apenas a interrupção da retomada, como um fenômeno mais preocupante, a desaceleração do crescimento no final do ano, revertendo uma trajetória de recuperação que havia se iniciado em meados de 2012.





Fonte: Banco Central do Brasil



O PIB

O Gráfico 2 apresenta séries similares às do gráfico anterior, agora para as taxas de crescimento do PIB semestral e em doze meses. Os resultados do 4ª trimestre de 2013 são estimativas do relatório Focus, que poderão ou não ser confirmados na próxima quinta-feira.

As séries semestral e em doze meses do PIB indicam piora um pouco mais acentuada do que as correspondentes do IBC-BR. Em doze meses acumulados, o PIB de dezembro deverá apresentar taxa de crescimento ligeiramente inferior a de setembro passado, mas a série semestral apontará a continuidade de desaceleração muito acentuada no crescimento desde o início do segundo semestre de 2013.

Perspectivas

Frente à desaceleração/estagnação do nível de atividade no segundo semestre de 2013, as expectativas de mercado não estão muito otimistas em relação ao crescimento de 2014, projetando-se taxa de 1,79%. Para efeitos de orçamento, o governo federal reviu a projeção de 2014 para 2,5%.

A evolução ruim no segundo semestre de 2013 dissipou todas as dúvidas de que a economia brasileira enfrenta dificuldades em sua dinâmica de crescimento e de que é muito difícil remar contra maré, quando a economia mundial encontra-se submergida na grande recessão. Recorrentemente, em tais situações, o aumento das restrições externas e a desaceleração da arrecadação pública, limitam a adoção de medidas anticíclicas. É difícil discordar que o patamar atual de consumo não cabe no PIB brasileiro, como demonstram os crescentes saldos negativos na conta corrente com o exterior. 



Fonte: IBGE. Contas Nacionais Trimestrais.
Obs: * As taxas de 2013IV são estimativas do Relatório Focus, do Banco Central, de 14/02/2014

Muito se discute sobre os erros na condução da política econômica. O mercado exige, além de transparência, ajuste nas contas públicas, entendendo que o ciclo de elevação de juros está se aproximando do fim. O governo cede, mas entrega ao mercado o mínimo que lhe é facultado, receoso dos efeitos recessivos de tais medidas e de suas implicações políticas. Aposta que, reconquistada a confiança dos investidores, é possível fazer a travessia da crise financeira internacional com menos custo social e que os investimentos retomarão gradualmente, diante das imensas oportunidades que o Brasil oferece. 

Publicado no Jornal da Cidade, em 23/02/2014

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