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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

terça-feira, 4 de junho de 2013

Indústria e serviços nas cidades sergipanas em 1970


Ricardo Lacerda

A expansão urbana nos anos sessenta e setenta transformou a estrutura ocupacional das cidades sergipanas. Se o crescimento acelerado de Aracaju foi o evento mais marcante no período, os demais municípios também se urbanizaram em ritmo intenso. As atividades agrícolas, até então majoritárias em termos da ocupação na ampla maioria dos municípios, vão perder espaço rapidamente para as ocupações tipicamente urbanas, vinculadas a indústria de transformação, construção civil e principalmente para as atividades de serviço, sejam aquelas realizadas pelo setor privado, como o comércio e a prestação de serviços pessoais, de conservação e manutenção e de serviços técnico-profissionais, sejam as vinculadas ao setor público.

Um aspecto que deve ser levado em conta é que, nos anos sessenta, muitas fábricas têxteis no interior do estado, assim como no interior de todo o Nordeste, encerraram a atividade ou reduziram fortemente o emprego em virtude da rápida conquista do mercado regional pelos produtos oriundos das unidades produtivas das regiões Sudeste e Sul. Algumas dessas fábricas eram os principais empregadores nos municípios e a perda do emprego decorrente do estrangulamento do setor trouxe graves impactos econômicos.

Municípios como São Cristóvão, Estância, Laranjeiras, Propriá, Neópolis e Simão Dias, por diferentes motivos, perderam espaço na ocupação do setor secundário sergipano na década de sessenta. Entre todos eles, São Cristóvão foi o que mais foi atingido pela crise no seu setor industrial. Em todos eles, entretanto, as atividades do setor terciário avançaram fortemente e ampliaram suas participações na População Economicamente Ativa (PEA).

Anos setenta

Nos anos setenta, a estrutura ocupacional nos municípios sergipanos continuou apresentando uma redução expressiva da parcela População Economicamente Ativa que se dedicava a atividades agropecuárias. Apesar do avanço da urbanização na década anterior, o censo demográfico de 1970 ainda constatava que, entre dez dos municípios de base econômica mais ampla, seis deles (Lagarto, Simão Dias, Tobias Barreto, Itabaiana e Neópolis) possuíam sessenta por cento ou mais da PEA vinculada ao setor agrícola (ver Tabela).

Ao longo dos anos setenta a PEA agrícola perdeu participação nos dez municípios selecionados, enquanto a participação da PEA do setor serviços aumentou em todos eles. A atividade industrial também elevou o peso na estrutura ocupacional de quase todos.

Mesmo municípios em que a indústria tinha sofrido importante queda na PEA nos anos sessenta, nos anos setenta essa participação voltou a aumentar por conta da ampliação dos investimentos realizados na modernização e na ampliação do parque produtivo já existente e da instalação de novos empreendimentos industriais. A expansão da construção civil, associada tanto aos investimentos em infraestrutura como aos programas habitacionais, concorreu para ampliar a participação da PEA industrial.


Tabela. Sergipe. Municípios selecionados. Participação dos Setores na População Economicamente Ativa (PEA) em 1970 e 1980. (%)
MUNICÍPIOS SELECIONADOS

AGROPECUÁRIA
INDÚSTRIA
SERVIÇOS
1970
(%)
1980
(%)
1970
(%)
1980
(%)
1970
(%)
1980
(%)
ARACAJU
3,9
1,4
26,2
26,8
69,9
71,8
ESTÂNCIA
34,6
21,7
24,7
33,0
40,7
45,3
ITABAIANA
62,5
49,4
14,5
12,6
23,0
38,1
LAGARTO
78,3
57,7
5,4
10,6
16,3
31,8
LARANJEIRAS
55,3
34,3
19,8
34,3
25,0
31,3
NEÓPOLIS*
59,8
46,9
21,5
28,1
18,7
25,0
PROPRIÁ
21,7
14,2
21,7
25,1
56,5
60,7
SÃO CRISTÓVÃO
49,5
27,7
24,8
29,6
25,7
42,6
SIMÃO DIAS
71,1
48,0
8,4
12,4
20,5
39,6
TOBIAS BARRETO
66,5
47,7
8,1
7,5
25,4
44,8
Fonte: IBGE. Censos demográficos de 1970 e 1980.  Obs. Em 1970 e 1980 o território do município de Santana de São Francisco ainda integrava o município de Neópolis.

Ao final dos anos setenta, apenas em Lagarto, entre os municípios selecionados, as atividades agropecuárias ainda representavam mais da metade da PEA. Em todos os demais, a ocupação tipicamente urbana superava a agrícola. Em Laranjeiras e Estância, a PEA industrial saltara para mais de 30% da PEA total, e em seis dos dez municípios a PEA industrial já representava mais de 20%.
Mais são as atividades de serviço as que mais avançam. Em 1980, somente em Neópolis elas participam com menos de 30% da PEA. Em Aracaju, já representavam 71,8%, em Propriá, 60%, em Estância, 45,3% e em Tobias Barreto, 44,8%.

Publicado no Jornal da Cidade em 02/06/2013

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