Ricardo Lacerda
Os investimentos públicos
cumprem papel destacado nas estratégias de desenvolvimento econômico e social. No
ciclo desenvolvimentista iniciado no pós-guerra, a determinação de
industrializar o Brasil fez com os investimentos públicos assumissem novas
responsabilidades, contemplando desde a construção do chamado capital social
básico (transporte, energia e telecomunicações), sem a qual o país não poderia
avançar, até a atividade produtiva. Tratava-se, pois, de acelerar as condições de
transformação das bases produtivas nacionais para além do que se poderia
esperar pelo frio cálculo do retorno privado.
A compreensão sobre o
alcance dos investimentos públicos sofreu importante inflexão nas últimas décadas,
enfatizando-se o seu papel de provedor de infraestrutura para o desenvolvimento
econômico sustentado e ambientalmente responsável e de promoção de políticas
sociais nas áreas de educação, formação profissional, emprego e renda, saúde e habitação,
destinadas à melhoria da qualidade de vida da população e que também repercutem
no potencial produtivo.
A base de justificativa para
a realização dos investimentos públicos é o fato de que eles podem gerar um
resultado, direto e indireto, para o conjunto da economia muito superior mesmo ao
da taxa de retorno financeiro do empreendimento em si. Como costumam assinalar
os especialistas, em tais situações o retorno social supera o retorno privado
do investimento, no sentido de que os projetos empreendidos viabilizam a
aceleração do crescimento, melhoram a qualidade de vida da população, promovem
mudanças estruturais e abrem oportunidade para o desenvolvimento de outras
atividades.
Investimentos
O Proinveste foi concebido
pelo governo federal como uma estratégia para acelerar os investimentos
públicos dos estados. Foram colocados à disposição das unidades da federação
recursos da ordem de R$ 20 bilhões com o propósito de ampliar o potencial de
crescimento da economia brasileira, na medida em que, de um lado, os investimentos
vão propiciar a ampliação da infraestrutura produtiva e urbana em todo o
território nacional e, de outro lado, injetarão recursos expressivos que
fomentarão a atividade econômica interna.
O Proinveste em Sergipe
prevê recursos da ordem de R$ 727,3 milhões, considerados os aportes para as
contrapartidas das obras do PAC, a partir de quatro componentes fundamentais:
1 –
Desenvolvimento da infraestrutura urbana e de transporte, possibilitando os
meios adequados para que as aglomerações urbanas continuem crescendo de forma
ordenada e permitindo a implantação de novas rodovias para promover a
integração das regiões do Estado;
2 –
Desenvolvimento da infraestrutura produtiva dos perímetros irrigados e
distritos industriais;
3 –
Desenvolvimento da infraestrutura social, com foco nas políticas de saúde,
educação, segurança pública, cultura e habitação de interesse social.
4 - Abertura
de espaço fiscal, permitindo a amortização de operações de crédito já
contratadas, em condições financeiras mais favoráveis.
Impactos
A execução desses componentes
vai gerar muitos benefícios para Sergipe. Serão novas rodovias que propiciarão
a integração mais rápida e com custos mais baixos da produção aos mercados,
fortalecendo a economia dos munícipios, e o deslocamento mais adequado das
pessoas.
As melhorias dos perímetros
irrigados e dos distritos industriais concorrerão para o desenvolvimento das
atividades produtivas, impulsionando a geração de emprego e a elevação da renda
e do bem estar da população. Muitos investimentos se destinarão à melhoria da
mobilidade e do ordenamento mais adequado dos centros urbanos, na região
metropolitana e em cidades do interior.
O fato é que esses
investimentos em infraestrutura e na formação profissional vão criar condições
mais favoráveis para a economia sergipana, concorrendo para a elevação da produtividade
agrícola e industrial, influenciando positivamente na sua competitividade.
Apenas para ilustrar, a
estimativa feita com base na matriz de insumo-produto do Banco do Nordeste indica
que cada R$ 1 investido em infraestrutura resulta em R$ 1,64 que é injetado na
economia sergipana (já descontados os vazamentos para outros estados). Ainda
devem ser somados a esses, outros benefícios derivados dos impactos
do Proinveste nos estados vizinhos, que estimularão também a produção
sergipana.
Com base nesta mesma
metodologia, foram projetados 27 mil empregos criados direta e indiretamente
pelo Proinveste. Sinceramente, não acredito que serão negados tais benefícios
ao povo sergipano, em condições de crédito tão favoráveis.
Publicado no Jornal da 28/10/2012