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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A rizicultura do Baixo São Francisco (2)

Ricardo Lacerda

Um aspecto positivo da expansão da produção de arroz no Baixo São Francisco Sergipano nos últimos anos decorre do fato que ela se deveu mais ao crescimento da produtividade do que da expansão da área cultivada.

Entre 2000 e 2008, a área plantada com arroz em Sergipe, fortemente concentrada na região, teve um incremento de 14,8%, passando de 10.030 hectares para 11.510 hectares. O rendimento da cultura, nesse mesmo período, aumentou de 3.838 toneladas por hectare para 5.089 toneladas por hectare, incremento de 32,6%, o que significa que cerca de 2/3 do aumento da produção se deveu ao ganho de produtividade e 1/3 à ampliação da área.

Ainda que no ranking estadual a rizicultura apareça, em 2008, como a quinta cultura temporária em termos de área plantada e de valor da produção, atrás do milho, da mandioca, cana de açúcar e feijão, na região do Baixo São Francisco ela se constitui na principal atividade.

Valor de produção

Em 2008, o cultivo de arroz na região do Baixo São Francisco Sergipano alcançou o valor de produção de R$ 34,3 milhões, equivalente a 78,3% das culturas temporárias e a 42,1% do total da atividade agrícola da região. A segunda cultura em termos de geração de valor da produção, o coco-da-baia, somou R$ 15,8 milhões, menos da metade do resultado do cultivo do arroz. O plantio de banana, manga, mandioca, cana de açúcar e laranja são outras culturas importantes na região (Ver gráfico 1).




















Fonte. IBGE. Pesquisa Agricola Municipal

Produtores

O número de estabelecimentos produtores de arroz de Sergipe não tem a mesma dimensão dos dedicados às culturas do milho, mandioca ou do feijão. O Censo Agropecuário de 2006 contou apenas 649 estabelecimentos voltados à produção de arroz, frente aos 31.412 estabelecimentos produtores de milho, 23.338 produtores de mandioca e 6.328 de feijão.

Os estabelecimentos dedicados à rizicultura, em sua quase totalidade, são de pequeno porte, com cerca de 95% deles não atingindo a extensão de 20 hectares de área total. Em sua ampla maioria, cerca de 2/3 dos estabelecimentos, contam com área entre 3 e 5 hectares. Os estabelecimentos entre 3 a 10 hectares respondiam por 82% do total e por 71% da produção naquele ano. ( Ver Gráfico 2)
















Fonte. IBGE. Censo Agropecuário de 2006.

Segundo o Censo Agropecuário, a quase totalidade dos rizicultores é de proprietários dos seus estabelecimentos, com um número pouco expressivo de arrendatários e ocupantes. A produção de arroz é destinada principalmente ao mercado, com apenas 3% voltados ao autoconsumo familiar. Parcela expressiva da produção, 52%, é vendida diretamente à indústria e outros 45% a intermediários.

Esse breve e incompleto perfil da rizicultura sergipana, concentrada na região do Baixo São Francisco, mostra uma atividade agrícola desenvolvida em pequenas propriedades rurais, cujos indicadores de produção e rendimento agrícola têm evoluído satisfatoriamente. O valor de produção por hectare colhido, em 2008, era significativamente maior do que as culturas de sequeiro, como milho, feijão e mandioca, e mesmo acima do resultado da cana-de-açúcar e da citricultura.

Os dados apresentados pela Pesquisa Agrícola Municipal não autorizam perspectivas mais pessimistas sobre a viabilidade da cultura na região do Baixo São Francisco. Aguardemos os dados sobre os indicadores sociais do censo populacional de 2010 para comparar os rendimentos e qualidade de vida das pessoas dedicadas a essa atividade em relação às pessoas dedicadas a outras culturas. Isso não significa, todavia, que não seja desejável buscar uma diversificação da atividade agropecuária na região, com o incentivo à aqüicultura e a agregação de valor à produção agrícola. A aplicação de pesquisas específicas na região rizícola seria desejável, no intuito de avaliar as suas condições tecnológicas e de rentabilidade.

Publicado no Jornal da Cidade em 17 de outubro de 2010.

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