Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Crédito e felicidade

Ricardo Lacerda


Economistas podem ser pessoas pretensiosas. Depois de se arvorarem em calcular o nível de bem-estar das comunidades agora se propõem a medir a Felicidade Interna Bruta- a FIB. São muitas as críticas feitas ao Produto Interno Bruto (PIB) como indicador de desenvolvimento. Ele mede a riqueza gerada, mesmo assim parte da riqueza gerada, muitas atividades não são consideradas; mas não necessariamente a riqueza a que as pessoas têm acesso. Entram no cálculo do PIB, essencialmente, fatos econômicos que geram dispêndio. Assim, o tempo dedicado pelos pais à educação dos filhos não é computado, ainda que essa atividade seja importante na formação deles.

Como medido hoje, penso que as variáveis de renda são sempre melhores do que as de produção, como o PIB, quando se trata de avaliar o desenvolvimento em âmbito subnacional. O PIB pode ser um indicador do estágio de desenvolvimento das forças produtivas em um estado ou região, e é importante por isso, mas pode também ser um fetiche, porque nem sempre expressa adequadamente o grau de desenvolvimento sócio-econômico.

Esforços estão sendo realizados pelos cientistas sociais, economistas inclusive, para incorporar na avaliação do desenvolvimento outras dimensões além do desempenho econômico, como as dimensões da qualidade de vida e a da sustentabilidade do crescimento. Alguns sugerem a inclusão de variáveis sobre percepção pela população da qualidade de vida nesse novo indicador. A intenção é boa, mas as dificuldades metodológicas envolvidas são imensas para compatibilizar, no mesmo cálculo, os dispêndios econômicos, as variáveis que não envolvem dispêndios, como as externalidades negativas e positivas da atividade econômica sobre os recursos ambientais, e as variáveis subjetivas, como a satisfação das pessoas com a vida que têm e a percepção de elevação ou queda do padrão de vida material.

Consumo e crédito

Retornando à medição mais tradicional, o acesso a bens e serviços, ainda que não seja tudo, é uma dimensão importante do desenvolvimento, principalmente em uma região como o Nordeste, em que cerca de 30% da população se encontram em situação de pobreza extrema. A expansão do mercado de consumo no Brasil tem cumprido um duplo papel nos últimos anos: de um lado, significa mais acesso das famílias a alimentação, eletrodomésticos, informações, transporte e lazer; de outro lado, consistiu no principal motor de crescimento do emprego e da renda, engendrando mecanismos virtuosos de auto-reforço sobre o crescimento do mercado interno.

A expansão do crédito foi um dos instrumentos mais importantes na ampliação do mercado do consumo da economia brasileira e cumpriu papel ainda maior nos estados nordestinos. Em um segundo momento, o crescimento do emprego e da massa de renda reforçou a expansão creditícia, tanto da oferta de crédito ao consumo das famílias, quanto da oferta de crédito às empresas.

Em dezembro de 2008, o saldo de operações de crédito na economia sergipana alcançou R$ 4,5 bilhões, equivalentes a 23% dos R$ 19,6 bilhões do PIB daquele ano. O gráfico 1 apresenta os saldos de operação de crédito na economia sergipana, classificando-os em Saldo de Operações de Pessoa Física e Saldos de Operações de Pessoal Jurídica. Em setembro de 2010, a soma dessas operações atingiu o montante de R$ 7,3 bilhões, dos quais cerca R$ 3,96 bilhões resultavam de operações com as famílias e R$ 3,32 bilhões, com empresas.

Quatro anos antes, em setembro de 2006, em valores corrigidos pelo IPCA do período, as operações com as famílias se limitavam a R$ 1,28 bilhão e as operações com as empresas, em 1,37 bilhões. Neste intervalo de tempo, o crédito às famílias mais do que triplicou (210%) e o crédito às empresas aumentou 2,4 vezes. O saldo total de operações em setembro de 2010 se apresentou 2,75 vezes superior ao resultado de setembro de 2006. (Ver gráfico 1).


Fonte: Banco Central do Brasil

Nordeste

Um fato significativo é que as operações de crédito se expandiram mais rápido no Nordeste do que nas demais regiões do país, tanto no que se refere às operações com as famílias quanto nas operações com as empresas. No Nordeste, entre setembro de 2007 e setembro de 2010, Sergipe foi o primeiro lugar em crescimento nas operações com pessoa física e o segundo lugar nas operações totais, atrás apenas de Pernambuco. O gráfico 2 apresenta as evoluções dos saldos totais de Sergipe, Nordeste e Sudeste, neste período.

O ciclo expansivo recente retirou milhões de brasileiros da pobreza extrema e formou um novo mercado de consumo de massa. O crescimento das operações de crédito foi um dos principais instrumentos do ciclo expansivo. Trouxe felicidade para milhões de lares brasileiros que, certamente, estão passando o melhor final de ano de suas vidas. Aumentou nossa Felicidade Interna Bruta, ainda que os economistas não tenham chegado a um consenso a respeito deste novo conceito. Feliz Natal para todos.



Fonte: Banco Central do Brasil


Publicado no Jornal da Cidade, em 26/12/2010

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (Final)

Ricardo Lacerda


A especialização dosterritórios de desenvolvimento é o tema desse quinto artigo, que encerra a série sobre especialização relativa da economia sergipana. Com ele, completa-se um ano, sem descontinuidade, que ocupamos semanalmente este espaço nobre do Jornal da Cidade para tratar de questões que julgamos relevantes para o desenvolvimento de Sergipe. Agradecemos à direção do jornal, pela oportunidade, e aos leitores, pela paciência.

Em 2007, o Governo de Sergipe, por meio da Secretaria do Planejamento, deu início à implantação de um Plano de Desenvolvimento Territorial Participativo- PDTP, a partir da constituição de territórios de desenvolvimento.Em linhas muito gerais, a proposta do desenvolvimento territorial visou mobilizar pessoas e recursos para reforçar vocações existentes e criar novas especializações no território sergipano.

A diferença em relação aos programas mais tradicionais de desenvolvimento local, é que o desenvolvimento territorial, além de participativo, tem como pressuposto o empoderamento das forças sociais e a mobilização da população residente em torno da proposta de desenvolvimento, pensadanão apenas em termos econômicos, mas, igualmente, em termos sociais ede sustentabilidade dos recursos naturais.

Os territórios

A proposta de territorialização do espaço sergipano conformou a constituição de oito territórios de desenvolvimento, o Agreste Central, o Alto Sertão, o Baixo São Francisco, o Centro Sul, a Grande Aracaju, o Leste, o Médio Sertão e o Sul, configurados a partir de características econômicas, sociais, ambientais, políticas e culturais (Ver figura).

Figura. Territórios Sergipanos

Fonte: SEPLAN-SE


Coordenados pela Seplan, foram elaborados estudos e planos detalhados para cada um dos territórios. No espaço limitado do presente artigo, são apresentadas,a seguir,algumas características mais gerais de suas especializações relativas. Em termos da riqueza gerada, apenas em três territórios sergipanos a agropecuária representou, em 2007, mais de 10% do total: o Médio Sertão, com 18,3%; o Baixo S. Francisco, com 14,2%; e o Centro-Sul, 11,5%. (Ver quadro).

Dois territórios são fortemente marcados pela presença de grandes unidades industriais que fazem com que os setores secundáriosdelas alcancem elevadas participações na riqueza gerada: o Leste Sergipano, em virtude da presença da extração de petróleo& gás natural e de sais de potássio, que explicam os 2/3 (66,1%) de riqueza gerada no setor secundário; e o Alto Sertão, por conta da operação da Usina Hidrelétrica de Xingó, que faz com que 58,9% da riqueza tenham sido provenientesdesse segmento.

O Agreste Central e a Grande Aracaju, com importantes centros urbanos, se destacam pelas elevadas presenças do setor de serviços, abrangendo as atividades de comércio e os serviços prestados às famílias e às empresas, ainda que a Grande Aracaju sedie, também, a maior parte da atividade industrial.

Agropecuária

No que tange às especializações agrícolas, o quadro a seguir resume as principais especializações dos territórios sergipanos: No Agreste Central as principais culturas são o milho, com 66% do valor da produção do setor, a mandioca, a banana e a batata-doce. O território respondia, também, por mais de 1/3 da produção de ovos do Estado.

No Alto Sertão destacam-se o milho, com 63% do valor da produção agrícola do território, o feijão, a goiaba e mandioca. Trata-se, também, do território de maior produção pecuária, com 51% da produção de leite, além de 48% do mel do Estado. O Baixo S. Francisco Sergipano é especializado na produção de coco, cana, arroz, mandioca e o cultivo de frutas, como banana e manga.

O Centro-Sul conta também com uma agricultura diversificada, em que se sobressaiam, em 2009, a laranja, com 27% do valor da produção agrícola do território, o milho (26%), a mandioca (20%), o maracujá (13%), além do fumo e do feijão. Esse território respondia, em 2009, por 7% da produção de leite e de ovos e 23% da produção estadual de mel.

No Leste Sergipano, com predomínio da cana, 78% do valor da produção, éimportante ainda o cultivo da banana (7%), além de 23% da produção estadual de mel, e 7% do leite e dos ovos produzidos.

Na Grande Aracaju, principal pólo industrial e de serviços do Estado, algumas atividades agropecuárias também são importantes, como os cultivos da cana e do coco, e a produção de ovos e de mel.

O Médio Sertão é marcado pela presença de novas unidades de processamento de cana. As principais culturas agrícolas, em 2009, eram o milho, com 48% do valor da produção do território, cana, 17%, mandioca, 10%, e feijão, 5%. Tratava-se, também, da segunda maior bacia leiteira estadual, representando 19% do total produzido.

Finalmente, a região Sul, que conta com um importante parque industrial nos segmentos de produção de alimentos, produtos têxteis, produtos metalúrgicos e distribuição de energia, é o território em que é maior a presença da citricultura, com 52 % do total do valor da produção da laranja do Estado.



A principal vantagem do desenvolvimento territorial é o de potencializar as vocações locais e agregar novas atividades à estratégia de desenvolvimento. Promove o desenvolvimento a partir da mobilização da população local. Além disso, permite conjugar os investimentos estruturantes de âmbito macro às iniciativas locais.

Publicado no Jornal da Cidade em 19/12/2010

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (4)

Ricardo Lacerda

A análise da estrutura do setor de serviços guarda dificuldades não encontradas no exame dos setores agropecuário e industrial. O próprio caráter intangível,que está na essência da caracterização das atividades de serviços,torna menos exata amensuração das quantidades produzidas e da riqueza criada. Para alguns subsetores de serviços, a apuração do valor pelo IBGE é feita com base em indicadores indiretos.

Acrescente-se a isso, as dificuldades causadas na agregação de uma diversidade de atividades abrangidas por esse setor da economia, que inclui desde a renda gerada nas três esferas de governo, o pagamento de aposentadorias e pensões, a prestação de serviços às empresas, como consultorias e serviços de engenharia, a prestação de serviços às famílias, como cuidados de higiene e beleza, os serviços financeiros, o comércio, os serviços privados de saúde e educação, a alimentação fora de casa e a hospedagem, entre outros.

De maneira geral, a evolução do setor de serviços acompanha a expansão do processo de urbanização. As cidades são o local, por excelência, da prestação de serviços. A atividade tende a ganhar peso na riqueza gerada na medida em que a economia de um país ou de uma região cresce e a população urbana aumenta.

Com a abrangência citada, o setor de serviços, em 2008, respondia por 61,8% da riqueza gerada na economia sergipana, cerca de 7 pontos percentuais a menos do que na média da economia brasileira (66,7%) e da média da região Nordeste (66,8%).Como vimos no primeiro artigo dessa série voltada para a análise da especialização da economia sergipana, esta participação menor do setor serviços decorre do peso acima das médias nacional e regional que as atividades industriais apresentam no caso de Sergipe.

Administração Pública

Em 2008, o subsetor Administração Pública, incluindo a seguridade social, respondia por 24,5% da riqueza gerada em Sergipe. Ou seja, cerca de um em cada quatro reais gerados na economia sergipana são originados no setor público, contando com os gastos dos governos federal, estadual e dos municípios e as aposentadorias, pensões e outras transferências de recursos.

Se forem consideradas ainda as atividades de extração de petróleo e gás, 9,8% do Valor Adicionado Bruto, e parte expressiva dos Serviços Industriais de Utilidade Pública, como os serviços de fornecimento de água, saneamento e a energia gerada pela Usina Hidroelétrica de Xingó, 7,9% no total, pode-se inferir a importância das atividades da administração pública e do setor produtivo estatal para a economia sergipana. O gráfico a seguir apresenta os pesos do setor serviços e do subsetor administração pública nos estados do Nordeste e na média da região e do Brasil, sem considerar, nesse caso, a contribuição das empresas públicas na geração do Valor Adicionado Bruto.

Ainda que o peso das atividades da administração pública no Valor Adicionado da economia sergipana, 24,5%, se situe muito acima da média do Brasil, 15,8%, e um pouco superior à do Nordeste, 22,2%, ele não distoado resultado da maioria dos outros estados do Nordeste, em que a participação chega a alcançar 31,3%, no caso da Paraíba, e 28,3%, no Piauí. (Ver gráfico).
Fonte: IBGE-Contas regionais de 2008. Obs. A participação do Subsetor de Administração Pública abrange também a Saúde e Educação Públicas e a Seguridade Social.

As especializações

Excluindo a participação da administração pública, para evitar distorções na comparação com as médias do Nordeste e do Brasil, as atividades de maior peso no total do Valor Adicionado do setor de serviços sergipano, naquele ano,eramo comércio, com 30,6%, as atividades de aluguel e administração de imóveis, 20,4%, o subsetor de transporte, 11,8%, o subsetor financeiro, 9,4% e a prestação de serviços às empresas, 7,0%. A lista completa está apresentada na tabela. Essas participações não divergem muito dos resultados encontrados para o Nordeste, embora possam ser bastante diferentes dos obtidos para a média do Brasil.

Em relação à média do país, as atividades de comércio, de aluguel e administração de imóveis, de transporte e de alojamento e alimentação fora de casa, além dos serviços domésticos, apresentavam, em 2008, maiores pesos na economia sergipana. Por outro lado, os serviços financeiros, as atividades de prestação de serviços às empresas, os serviços de informação, os serviços financeiros e os serviços privados de saúde e educação tinham menor participação na economia sergipana do que na média do país.

Comparativamente ao Nordeste, Sergipe era relativamente especializado nas atividades de transporte, nos serviços financeiros e nas atividades de aluguel e administração de imóveis. Situava-se em posição próxima ou igual a do Nordeste nas atividades de serviços às empresas e nos serviços de informação. Nas atividades de saúde e educação mercantis, alojamento e alimentação e nos serviços às famílias e comércio, situava-se abaixo da média regional.

Ainda que as estatísticas sobre as atividades de serviços sejam menos precisas do que as dos demais setores, os indicadores de especialização relativa propiciam umavisão panorâmica dos segmentos em que Sergipe tem se destacado mais do que as médias do Nordeste e do Brasil.

Assim, chamam a atenção as atividades de aluguel e de administração de imóveis, de transporte e mesmo as do setor financeiro, estas últimas relativamente mais desenvolvidas em Sergipe do que na média regional.No próximo artigo, serão examinadas as especializações relativas dos territórios sergipanos, com o que será encerrada essa série sobre as especializações produtivas de Sergipe.

Fonte: IBGE-Contas regionais de 2008.
Obs. Participação calculada extraindo os valores da administração pública.
Publicado no Jornal da Cidade em 12/12/2010


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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (3)

Ricardo Lacerda

Sergipe conta com uma estrutura industrial relativamente diversificada, na qual a indústria extrativa mineral e a indústria de transformação repartem, com peso similar, a geração do valor de transformação. Na indústria extrativa se destacam a exploração de petróleo e gás natural e a de minerais não-metálicos. Essas atividades de extração das riquezas minerais são as bases das cadeias produtivas de petróleo & gás e de fertilizantes no Estado. Tais atividades, como se sabe, ganharam expressão em Sergipe entre o final da década de setenta e o início dos anos oitenta, a partir de investimentos de empresas estatais.

Na indústria de transformação, as atividades mais importantes, em termos de Valor da Transformação Industrial (VTI), são as indústrias de alimentos e bebidas; a produção de minerais não metálicos, em que se destacam a produção de cimento e produtos cerâmicos; têxteis e confecção; calçados e couros; e a fabricação de produtos químicos, incluindo a produção de fertilizantes, cosméticos e de álcool.

Esse perfil diversificado da indústria de transformação inclui desde empreendimentos muito tradicionais, como os de fabricação de tecidos e de açúcar, aos de fabricação de concentrados de sucos, implantados nos anos setenta, a indústria de confecção, até outros segmentos, relativamente mais recentes, como os de torrefação de café, fabricação de calçados e a indústria de etanol. Atividades ainda mais recentes são a fabricação de materiais elétricos, de cosméticos, produtos metalúrgicos, máquinas e equipamentos e linhas variadas de produção de alimentos.

Estrutura Industrial

A Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, informa que o Valor da Transformação Industrial da Indústria Geral de Sergipe, abrangendo a indústria de transformação e a indústria extrativa, alcançou o montante de R$ 3,5 bilhões, em 2008, repartidos em 50% para cada uma das atividades. O VTI da indústria de transformação somou R$ 1,74 bilhão e o da Indústria Extrativa, R$ 1,72 bilhão.

Na indústria de transformação, destacam-se a produção de alimentos e a do setor de minerais não metálicos cujos VTIs alcançaram em 2008, respectivamente, R$ 392 milhões e R$ 387 milhões. No patamar seguinte encontravam-se a produção têxtil com R$ 218 milhões, e a de bebidas, com R$ 194 milhões. No terceiro pelotão, as atividades de produção de calçados e couros, produtos químicos e vestuário que registraram, em 2008, VTI acima de R$ 80 milhões e inferior a R$ 100 milhões. Entre as atividades de maior peso, caberia ainda destacar os segmentos de produção de máquinas e equipamentos, de material elétrico e o de fabricação de plásticos e borracha, cujos VTIs se situaram entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões. (Ver Gráfico)


Fonte: IBGE- Pesquisa Industrial Anual de 2008.


As especializações

Em 2008, cinco atividades industriais apresentavam mais do que o dobro da participação no VTI da indústria de transformação em Sergipe do que na média da região Nordeste: a fabricação de minerais não-metálicos, por conta da indústria de cimentos, cujo VTI pesava 4,9 vezes mais em Sergipe que na média da região; a indústria têxtil, 4,53 vezes; máquinas e equipamentos, 4,38; fabricação de móveis, 2,49, e a produção de bebidas, 2,24. (Ver Tabela). Dignas de menção são, também, as especialização relativas de Sergipe na produção de máquinas e equipamentos elétricos, vestuário, fumo e na produção de alimentos.

Na comparação com a média brasileira, as especializações relativas na produção de minerais não metálicos e na fabricação de produtos têxteis são ainda mais acentuadas. São significativas, também, as especializações relativas da indústria na produção de bebidas, calçados, vestuário, produtos alimentícios e móveis.


A especialização relativa da indústria de transformação sergipana nos segmentos destacados informa uma certa divisão de trabalho entre os estados da federação, em que Sergipe participa com mais peso naqueles segmentos do que na média da indústria de transformação. A especialização indica, desta forma, vantagens competitivas do presente ou do passado persistente. No próximo artigo, examinaremos a especialização relativa de Sergipe nas atividades de serviço.



Publicado no Jornal da Cidade em 05/12/2010

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domingo, 28 de novembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (2)

Ricardo Lacerda

A Pesquisa Agrícola Municipal- PAM, do IBGE, referente ao ano de 2009, trouxe alguns resultados muito positivos para a agricultura sergipana. A cultura do milho, que tem sido a principal atividade agrícola do semi-árido sergipano, manteve sua trajetória de crescimento dos anos anteriores, alcançando o montante de 784,4 mil toneladas, 20,3% acima da safra de 2008.

Entre as principais culturas sergipanas, cabe ainda destacar em 2009 o crescimento de 7,3% na produção da cana-de-açúcar, de 1,6% na da laranja e 27,5% na produção de feijão. A mandioca teve recuo de 3,6% e o arroz de 2,4%, enquanto a produção de coco da baía se manteve estabilizada, -0,8%.

Em uma perspectiva de tempo um pouco mais longa, entre 2001 e 2009, a produção de laranja cresceu 35%, a cana-de-açúcar, 96%, o coco da baía, 209%, e a produção de milho, simplesmente 1.405%, ou seja, ampliou-se 15 vezes no período. A produção de arroz cresceu 24% e a de feijão 64%. A expansão dessas culturas atesta a evolução favorável da agricultura de Sergipe ao longo da década.

Principais culturas

Em 2009, o valor da produção da agricultura sergipana alcançou a cifra de R$ 1,05 bilhão. Desse total, as culturas permanentes responderam por R$ 538,8 milhões, um pouco acima dos 507,4 milhões das culturas temporárias. (Ver gráfico). As principais culturas permanentes, que são praticadas na Mesorregião Leste Sergipano, eram a laranja, cujo valor de produção somou R$ 276,7 milhões, o coco da baía, com R$ 136,2 milhões, o maracujá, R$ 45,6 milhões e a banana, R$ 37,9 milhões. Novas culturas permanentes tem se desenvolvido no solo sergipano, como a produção de manga, mamão, goiaba, entre outras.

Dentre as culturas temporárias, em geral praticadas no semi-árido, com a notória exceção da cana-de-açúcar, as mais importantes são o milho, cujo valor de produção, em 2009, atingiu R$ 188,1 milhões, a cana-de-açúcar, 134,8 milhões, a mandioca, R$ 95,3 milhões, o feijão, o arroz, a batata-doce e o fumo. (Ver gráfico). As culturas permanentes respondiam por 51,5% do valor da produção agrícola estadual, frente aos 48,5% das culturas temporárias. Tal equilíbrio de participação dos dois tipos de cultura é uma característica muito específica do território sergipano.


Fonte: IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal de 2009.

As especializações
Sergipe é a segunda unidade da federação em termos de participação das culturas permanentes no valor da produção agrícola, somente superado pelo Estado do Espírito Santo, em que essa participação atinge 88,1% do total. Nos demais estados, as culturas temporárias superam as culturas permanentes. Em média, as culturas permanentes respondiam, em 2009, tão somente por 19% do valor da produção agrícola brasileira e por 31,8% da do Nordeste. A maior participação das culturas permanentes na economia agrícola sergipana deve-se, essencialmente, ao peso mais elevado da laranja e do coco da baía em sua estrutura agrícola do que nas médias do país e da região.

A tabela abaixo resume a participação das culturas no valor da produção agrícola de 2009. Entre as culturas permanentes, observa-se que a participação da laranja e do coco, alem de outras, é muito mais alta no valor da produção de Sergipe do que nas médias do Nordeste e do Brasil. Mais especificamente, o peso do valor da produção do coco em Sergipe é 24 vezes maior do que na média do Brasil e 5,29 vezes superior a média nordestina. No caso da laranja, o índice de especialização de Sergipe mostra que o seu peso no valor da produção é cerca de 8 vezes superior ao da média brasileira e 10 vezes superior à media nordestina.

Entre as culturas temporárias, Sergipe é relativamente especializado na cultura do milho, da mandioca, da batata-doce e do amendoim, tanto em relação à media brasileira quanto à média nordestina. Na comparação com o Nordeste, é ainda especializado na cultura do fumo.

Os resultados da Pesquisa Agrícola Municipal de 2009 confirmam a evolução favorável das principais culturas agrícolas em Sergipe. Revelam, também, uma especialização agrícola muito própria. No próximo artigo, examinaremos a especialização relativa da indústria de transformação sergipana.


Publicado no Jornal da Cidade em 29/11/2010

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (1)

Ricardo Lacerda

O conceito de especialização relativa procura captar quais são aquelas atividades que, comparativamente, têm um maior peso para aquele espaço determinado do que em outros, representando, assim, uma vantagem comparativa. O IBGE apresentou na semana que passou os resultados das contas regionais referentes ao ano de 2008. O Produto Interno Bruto- PIB de Sergipe alcançou, naquele ano, o montante de R$ 19,5 bilhões, equivalentes a 0,6% do total nacional e a 4,9% do PIB regional.

O PIB per capita, que representa a riqueza média gerada no ano por pessoa residente no Estado, somou R$ 9.778,96, em 2008. Sergipe manteve o 1º lugar no ranking do PIB per capita do Nordeste, seguido pelos estados da Bahia e de Pernambuco. O diferencial do PIB per capita de Sergipe em relação aos demais estados da região é muito significativo. Esse indicador, em 2008, se situou 30,6% acima dos R$ 7.487,55 anuais por habitantes da média regional.

Em relação aos R$ 8.378,41 da Bahia, o segundo da região, o PIB per capita de Sergipe era 16,7% superior. O PIB per capita de Sergipe ficou em 39% e o do Nordeste, em 53%, abaixo da média nacional, revelando o quanto é ainda necessário caminhar para reduzir as disparidades de renda no território brasileiro.

As especializações

As contas regionais permitem, também, medir a participação dos setores na riqueza e, assim, conhecer as especializações produtivas das unidades da federação. Em 2008, o setor agropecuário representou tão somente 5,9% do Valor Adicionado Bruto- VAB, conceito próximo ao do PIB, da economia brasileira. Essa baixa participação não diminui a importância da agropecuária no desenvolvimento do Brasil, posto que uma parcela expressiva da produção industrial utiliza como matéria-prima recursos provenientes da agricultura, mas a agregação trazida pela transformação desses produtos é caracterizada como riqueza industrial.

O setor industrial participou, em 2008, com 27,9% do PIB nacional e um amplo setor caracterizado como de serviços, abrangendo desde serviços financeiros, serviços pessoais, administração pública, saúde, educação, turismo e outras atividades, respondeu por cerca de 2/3 do total (66,2%).

Sergipe Industrial

Uma característica importante da economia sergipana é o elevado peso do setor industrial no sentido amplo, abrangendo a indústria extrativa mineral, a indústria de transformação, os serviços industriais de energia, gás e água, e a construção civil na geração do Valor Adicionado Bruto. Em 2008, essa participação atingiu 33% do total, a quinta maior porcentagem entre os estados brasileiros e um patamar bem superior ao da média nacional, de 27,9%. (Ver gráfico). O peso do setor industrial na economia sergipana é o mais elevado do Nordeste, situando-se cinco pontos percentuais acima do da Bahia, o segundo estado da região nesse quesito, e oito pp em relação ao Rio Grande do Norte, o terceiro lugar.


Fonte: IBGE- Contas Regionais

Participação tão expressiva do setor industrial na riqueza gerada em Sergipe deve-se, essencialmente, à presença de dois subsetores que têm peso muito maior no Estado do que na média do Brasil e, em particular, do que nos demais estados nordestinos: a indústria extrativa mineral, que conta com a produção de petróleo e gás e a extração de sais de potássio, e a produção e distribuição de energia, em que se inclui a Usina Hidroelétrica de Xingó. (Ver tabela).


Fonte: IBGE- Contas Regionais

Os Índices

A última coluna da tabela apresenta o Índice de Especialização Relativa da economia sergipana, em 2008. Em todos os setores e subsetores cujos índices são maiores do que 1, a participação da atividade na economia sergipana é maior do que na média nacional. Esse indicador mostra que as mais fortes especializações sergipanas, em 2008, eram na indústria extrativa mineral (3,02), na produção e distribuição de energia elétrica (2,51), na administração pública (1,55), a exemplo da maioria dos estados do Norte e do Nordeste, e na construção civil (1,31). No próximo artigo, detalharemos a natureza da especialização nas principais atividades e procuraremos entender suas implicações para o desenvolvimento de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade, em 21/11/2010

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

O FPE em uma perspectiva de longo prazo

Ricardo Lacerda

O Fundo de Participação dos Estados- FPE- e o Fundo de Participação dos Municípios- FPM-são mecanismos cooperativos previstos na constituição Federal de 1988, com o objetivo de reduzir o desequilíbrio econômico e social no território brasileiro. Tais fundos são supridos por parte das receitas do Imposto de Renda de Qualquer Natureza - IR e do Imposto sobre Produtos Industrializados- IPI.

Atualmente, o FPE se constitui em uma importante fonte de receita para a maioria dos estados brasileiros, especificamente para os das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que recebem 85% do total dos recursos provenientes desse fundo.Em 2009, os recursos do FPE alcançaram, em todo o país, a soma de R$ 36,2 bilhões. Para o Estado de Sergipe, o repasse do FPE, em 2009, atingiu R$ 1,88 bilhão, equivalente a 41,5% da receita corrente e 39,1% da receita total do Governo do Estado de Sergipe.

O FPE é, com grande margem de diferença, a mais importante fonte individual de receita do Estado. Para efeitos de comparação, o Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços- ICMS, principal receita tributária de competência do Estado, somou, em 2009, o montante de R$ 1,43 bilhão, 31,5% da receita corrente daquele ano e valor 24% abaixo do resultado do FPE.

Com esse significado para as finanças estaduais, o comportamento do FPE, em 2009 e 2010, ficou muito abaixo das expectativas dos Estados, inclusive de Sergipe. Em 2009, em valores nominais, sem corrigir a inflação, o FPE destinado a Sergipe recuou 3,6%. Com a forte recuperação da economia brasileira em 2010, havia a expectativa dos estados de crescimento expressivo nas receitas desse fundo, o que, infelizmente, não vem ocorrendo.

Evolução

A evolução das receitas do FPE de Sergipe foi muito favorável no período 2004- 2008, quando registrou crescimento médio anual de 9,8% já descontada a inflação do período. (Ver gráfico 1). Depois de subir 3,4% em 2004, o FPE em termos reais aumentou 17%, em 2005, desacelerou a expansão em 2006, com taxa de crescimento de 6,3%, voltando a acelerar o ritmo de incremento em 2007, com taxa de 9,5%, e em 2008, com 13,5%.


Fonte: STN. Obs. Valores corrigidos pelo IPCA de outubro de 2010.

A crise financeira internacional impactou de forma profunda a provisão de recursos do Fundo, seja em função da queda do nível da atividade industrial e da adoção de isenções parciais ou totais do IPI sobre a arrecadação desse tributo, seja em função dos seus efeitos sobre a rentabilidade das empresas, afetando as receitas do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas.

Frente a essas dificuldades, a evolução do FPE de Sergipe, em 2009, foi muito desfavorável, com recuo real de 10% em relação ao resultado de 2008. Para o ano de 2010, havia expectativas de recuperação nos repasses do Fundo para os estados, em razão da forte recuperação do nível atividade econômica verificada desde o primeiro trimestre do ano.

2010

Essa expectativa, todavia, não se confirmou. Até setembro de 2010, o total do Imposto de Renda arrecadado pela Receita Federal, que responde por cerca de 85% dos recursos destinados constitucionalmente para o FPE, cresceu, em termos reais, apenas 3,88%, enquanto a receita tributária total, excluindo a previdência, aumentou 12,61 %. Esse comportamento ruim do IR decorre da queda da rentabilidade das empresas durante a crise e de posteriores compensações tributárias. Em termos práticos, isso significa que as receitas do governo federal vêm reagindo fortemente ao longo do ano, mas o mesmo não aconteceu com a principal fonte de recursos da ampla maioria das unidades da federação.

O gráfico 2 apresenta uma comparação entre o comportamento do FPE de Sergipe em 2010 e os resultados de 2009 e 2008, todos os valores corrigidos pelo IPCA de outubro de 2010. É possível perceber, a partir da observação das curvas apresentadas, como a recuperação do FPE de Sergipe vem ocorrendo em ritmo muito lento, frustrando a expectativa gerada pelo intenso crescimento do PIB em 2010.


Fonte: STN. Obs. Valores corrigidos pelo IPCA de outubro de 2010.

A linha descontínua, que representa a comparação entre o FPE de Sergipe acumulado ao longo de 2010 e o de 2009,mostra que o montante transferido para Sergipe até outubro de 2010 representa 101,9% do valor acumulado de outubro do ano anterior, equivalente a um incremento de apenas 1,9%, em termos reais. Observe-se também que até o mês de julho, o FPE de 2010 se situava abaixo, 99,4%, do resultado já bastante ruim de 2009.

A linha contínua, mais embaixo, apresenta a comparação entre os valores acumulados do FPE de 2010 e de 2008. Mostra, entre outras coisas, que a receita do FPE de Sergipe entre janeiro e outubro de 2010 ficou 9,9% abaixo do valor de 2009, para o mesmo período.

Em síntese, de um lado, ao longo de 2010 o FPE vem registrando uma recuperação ainda débil, não conseguindo se distanciar substancialmente, em temos reais,dos valores obtidos no ano de 2009, ainda que o comportamento do segundo semestre seja mais favorável do que o do primeiro semestre. De outro, as transferências do FPE de 2010 se mantêm muito abaixo do resultado de 2008, revelando que não se logrou ainda superar as perdas provocadas pela crise econômica.

Publicado no Jornal da Cidade em 14 de outubro de 2010
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Nível de atividade da economia sergipana no 3º trimestre de 2010

Ricardo Lacerda*

Depois de uma forte aceleração no primeiro trimestre de 2010, quando o PIB cresceu 2,7% em relação ao trimestre anterior, na série livre de efeitos sazonais, apontando para taxas anualizadas de 11%, o nível de atividade da economia brasileira sofreu uma desaceleração nos meses seguintes. No segundo trimestre do ano, a expansão do PIB foi de 1,2% em relação ao trimestre anterior, na série sem efeitos sazonais, equivalentes a 4,9% em termos anualizados. Na comparação entre o primeiro semestre de 2010 com o mesmo período de 2009, o crescimento do PIB brasileiro alcançou 8,8%.

A previsão das autoridades econômicas é de que o ano de 2010 deverá encerrar com uma expansão entre 7,5% e 8%, o melhor resultado nos últimos 24 anos.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador coincidente da atividade econômica, vem se mostrando estável nos últimos meses. A média do trimestre junho-agosto desse indicador é exatamente a mesma do trimestre anterior, março-maio, na série sem efeitos sazonais, apontando estabilidade no nível de atividade da economia brasileira. A desaceleração do crescimento nos últimos meses não se contrapõe ao fato de que a economia brasileira segue aquecida, com um nível de atividade elevado, apenas informa que ela tem crescido mais devagar.

No caso específico do setor industrial, a produção brasileira do setor no terceiro trimestre de 2010 cresceu 7,9% em relação ao mesmo período de 2009, mas o resultado foi negativo na comparação com o segundo trimestre (-0,5%) na série ajustada sazonalmente, conforme informou o IBGE.

Sergipe

Os indicadores disponíveis no nível de atividade da economia sergipana não são tão conclusivos a respeito da desaceleração do ritmo de crescimento nos últimos meses. No caso específico do setor industrial, os indicadores mais gerais apontam para uma manutenção do ritmo de expansão produtiva.

A soma do consumo industrial de energia elétrica e do consumo livre efetuado por grandes empresas comerciais e industriais na área de abastecimento da Energisa vem se mantendo em expansão, ampliando, inclusive, a diferença em relação aos mesmos meses dos anos anteriores. Apenas no mês de setembro, que costuma apresentar uma queda em relação a agosto, o recuo foi um pouco mais acentuado do que nos anos anteriores, mas apenas um evento não configura uma tendência. (Ver gráfico 1). Esse consumo no terceiro trimestre de 2010 ficou 16,2% acima do realizado no mesmo período de 2009, e 10,1% superior ao de 2008, antes do impacto da crise financeira internacional.















Fonte: Energisa

O consumo de gás natural pela indústria sergipana em 2010 também vem mantendo larga diferença na comparação com os mesmos meses de 2009. No terceiro trimestre de 2010, esse consumo se situou 16% acima do nível do mesmo período de 2009 e 3% acima do de 2008. (Ver gráfico 2).

A arrecadação do Imposto sobre Produto Industrial – IPI, na economia sergipana também confirma o aquecimento do setor, pulando de R$ 14,9 milhões no terceiro trimestre de 2009 para R$ 22,2 milhões no mesmo período de 2010, incremento de 48,7% em termos nominais.













Fonte: Abegas

Crédito e vendas

As evoluções do volume de crédito e de vendas no varejo não têm registrado desaceleração nos últimos meses na economia sergipana. O volume de vendas nos últimos 12 meses encerrados em agosto se situou 13,52% superior ao montante dos 12 meses anteriores. Ao longo do ano, essa série tem se mantido relativamente estável, revelando a robustez da expansão das vendas no mercado local.

A trajetória do crédito total em Sergipe tem se mostrado ainda mais favorável. O saldo total de crédito em poder do público, em agosto de 2010, estava 28,22% acima do montante de agosto de 2009. A expansão das operações de crédito tem se mostrado sustentável ao longo do ano e não sinaliza para uma desaceleração nos últimos meses, mesmo considerando que a base de comparação tenha crescido a cada mês. (Ver gráfico 3)















Fonte: IBGE- PMC. Banco Central.

A economia sergipana, diferentemente da média nacional, não tem mostrado sinais claros de desaceleração nos últimos meses. Indicadores de produção, consumo e crédito sinalizam para a persistência de um mercado aquecido e em forte expansão. É necessário aguardar a evolução dos indicadores nos próximos meses para avaliar se os efeitos da perda de ritmo no âmbito nacional se refletirão na mesma proporção internamente.

Publicado no Jornal da Cidade 07 de novembro de 2010


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terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Petróleo na economia sergipana

Ricardo Lacerda

Na última quarta-feira, 27 de outubro, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, apresentou palestra em Seminário sobre o Petróleo do Pré-Sal no auditório da reitoria da Universidade Federal de Sergipe. Na ocasião, Gabrielli fez importante anúncio sobre a descoberta de uma nova área de exploração na bacia de Sergipe e Alagoas, destacando ser o evento muito relevante, por abrir “uma enorme perspectiva para a exploração e desenvolvimento da produção em áreas de Sergipe". Os primeiros testes indicaram a presença de petróleo leve, de qualidade semelhante ao da bacia de Campos.

Águas ultraprofundas

Além da qualidade da descoberta, chamou a atenção o fato de que o bloco exploratório anunciado, o SEAL-M-426, situado a 58 quilômetros da costa de Sergipe, possui lâmina d’água de 2,34 mil metros, portanto, maior do que a do campo de Tupi, na Bacia de Santos, que gira em torno dos 2,1 mil metros. Piranema, nosso único campo produtor em águas profundas, apresenta lâmina d’água de 800 metros.

Ainda que o dimensionamento das reservas dependa de pesquisas adicionais, os dirigentes da empresa asseveram que as informações já obtidas atestam a descoberta de uma nova província petrolífera na região, a primeira em águas ultraprofundas.

Petróleo em Sergipe

Desde a entrada em operação, em 1963, do campo terrestre de Carmópolis, a exploração do petróleo tem sido um dos principais vetores de desenvolvimento da economia sergipana. Os investimentos na cadeia produtiva de petróleo e gás têm se constituído, nos últimos 40 anos, em um dos fatores de diferenciação da economia sergipana em relação à média dos estados nordestinos e são um dos responsáveis (ao lado da maior taxa de urbanização, da menor faixa de semiárido e da menor concentração relativa de terra), por Sergipe apresentar indicadores sociais e econômicos significativamente superiores à maioria dos estados da região.













Fonte. Petrobras e Agência Nacional de Petróleo.

A evolução da produção do petróleo em Sergipe nos anos setenta foi extremamente favorável, com a descoberta de novas reservas na plataforma continental, impulsionada pelo inicio da exploração do campo de Guaricema em 1968.

Nesse ciclo expansivo, a produção alcançou seu ponto de máximo em 1984, a partir do qual entrou em preocupante trajetória declinante, fazendo com que a produção de 1997 se situasse cerca de 1/3 abaixo do resultado daquele ano. Entre meados dos anos oitenta até 2002,com algumas oscilações, a exploração de petróleo em Sergipe se manteve rebaixada. (Ver gráfico 1).

Com isso, ainda que permanecesse como uma importante atividade econômica, responsável por parcela significativa da renda gerada no Estado, o petróleo perdeu, durante esse período, seu poder impulsionador do crescimento da economia sergipana.

Novo ciclo em 2003

Somente em 2003, em parte por conta da recuperação dos preços internacionais do petróleo, que viabilizou a retomada da exploração de campos maduros e a realização de investimentos em novos campos, em parte em função de mudança de estratégia por parte da empresa em direção à retomada de um papel mais atuante no desenvolvimento brasileiro, a produção de petróleo em Sergipe iniciou um novo ciclo de expansão. (Ver gráfico 1)

Peso no PIB

Em 2007, último ano com dados disponíveis para as contas regionais, a indústria extrativa mineral, que abrange a atividade de exploração de petróleo e gás, respondia por 6,22 % do PIB sergipano. O peso da cadeia de petróleo e gás ultrapassa muito essa porcentagem, considerando-se os efeitos multiplicadores da massa de salário paga e dos contratos de fornecimentos de bens e serviços e dos tributos e royalties.

A forte presença dessa atividade em Sergipe faz com que a participação do setor extrativo mineral no PIB seja a quinta maior dentre as unidades da federação, abaixo apenas do peso que apresenta no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Pará (esta por conta da extração do minério de ferro). A participação dessa atividade na economia sergipana é 2,6 vezes superior ao da média do Brasil. (Ver gráfico 2).





















Fonte. IBGE: Contas regionais.

A retomada atual do crescimento da produção petrolífera em Sergipe se deveu especialmente a um novo ciclo de exploração petrolífera inaugurado com a exploração do campo de Piranema, em águas profundas, secundada pela retomada dos investimentos nos campos maduros. A descoberta da nova fronteira de exploração em águas profundas, anunciada essa semana, abre um novo capítulo da história do petróleo em Sergipe e confirma o papel determinante que a atividade deverá continuar a representar na economia estadual.

Publicado no Jornal da Cidade em 31/10/2010


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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Expectativas e projeções para 2011

Com a aproximação do final de 2010, as expectativas e as projeções em relação ao cenário econômico para 2011 passam a receber maior atenção dos agentes econômicos. A revisão de outubro do relatório Perspectivas da Economia Mundial, do Fundo Monetário Internacional, apresenta um cenário ainda de saúde debilitada para a economia mundial no próximo ano. Em relação à projeção anterior, realizada no mês de julho, a instituição reviu ligeiramente para cima a estimativa da taxa de crescimento do PIB mundial em 2010 e para baixo a previsão para 2011.

Para o FMI, o quadro não é alarmante. A recuperação da economia mundial, após o período mais agudo da crise entre o final de 2008 e o primeiro semestre de 2009, continua evoluindo dentro do quadro esperado, ainda que estejam presentes importantes riscos, que podem comprometer essa trajetória. A preocupação da instituição é com os níveis elevados de dívida pública na maioria dos países avançados e em algumas economias emergentes que limitam a adoção de políticas expansionistas por parte dos governos dessas nações.

Desatar o nó do endividamento público crescente em um quadro econômico de baixo crescimento, com receitas em queda, não é trivial, por conta dos riscos de retorno da recessão e de agravamento da situação de um mercado de trabalho que não tem reagido. O fato é que a recuperação econômica americana perdeu fôlego no segundo trimestre de 2010, com o PIB registrando menor crescimento na comparação com o primeiro trimestre do ano.

Projeções

O nível de atividade da economia mundial no primeiro semestre de 2010 ficou acima da projeção anterior da instituição. A previsão de julho era de crescimento de 4,75% do PIB no primeiro semestre de 2010, em termos anualizados, quando, de fato, ela teria crescido 5,25%, portanto, 0,5 pontos percentuais acima do projetado.

Com isso, a projeção para o crescimento do PIB mundial em 2010 foi revista de 4,6% para 4,8%, principalmente por conta das novas estimativas para cima do desempenho dos PIBs dos países emergentes. Para o FMI, em 2010, as economias avançadas, depois de amargarem uma retração de 3,2% em 2009, deverão crescer 2,7%, com a economia americana se expandindo 2,6% e a Zona do Euro, apenas 1,7%. (Ver gráfico 1). O desempenho dos países ditos emergentes tem sido muito superior, o que tem contribuído decisivamente para a recuperação da economia mundial.













Fonte: FMI. World Economic Outlook, Outubro de 2010.

A projeção de crescimento para os países emergentes em 2010 foi revista para 7,1%, frente aos 6,8% estimados no mês de julho. A China e a Índia, com taxa de 10,5% e 9,7%, respectivamente, lideram a expansão, mas o Brasil não aparece mal na fotografia, com 7,5%.
2011

O FMI prevê uma desaceleração na taxa de crescimento mundial no segundo semestre de 2010 e no primeiro semestre de 2011, em grande parte associada ao baixo nível de confiança dos consumidores e os altos níveis de desemprego nos países mais ricos que inibem os gastos das famílias. A instituição reconhece que a produção industrial e o comércio internacional apresentaram forte recuperação no primeiro semestre de 2010, mas as economias avançadas ainda se mantêm com crescimento muito moderado.

Para 2011, a projeção do FMI é de crescimento de 4,2% na economia mundial e de desaceleração do já pífio incremento do PIB das economias centrais de 2,7%, em 2010, para 2,2%, em 2011, enquanto os países emergentes deverão crescer 6,4%. Para o Brasil, a projeção seria de 4,1% de crescimento em 2011, ligeira retração em relação à projeção de 4,2% de julho.

A título de curiosidade, a previsão do FMI em outubro de 2009 para o crescimento do PIB brasileiro em 2010 era de 3,5%. Como vimos, um ano depois ajustou a previsão para 7,5%. Para a economia mundial, em outubro de 2009, o relatório do FMI projetou crescimento de 3,5% em 2010, frente aos 4,8% calculados um ano depois.

Revisões


As projeções de crescimento anual do PIB das principais economias do mundo são refeitas trimestralmente pelo FMI, cujos analistas vão ajustando suas previsões à medida que os resultados parciais são computados. Cada projeção tende a supervalorizar a situação econômica do último trimestre e pode ser substancialmente revista ao longo do ano. As projeções efetuadas semanalmente pelo relatório Focus do Banco Central do Brasil, a partir de levantamento junto a consultorias especializadas, podem ilustrar como as previsões podem sofrer alterações de grande monta.

Há um ano, o relatório Focus projetava crescimento de 4,69% no PIB brasileiro de 2010. As revisões semanais saltaram a partir do mês de maio, com o anúncio do PIB do 1º trimestre muito acima do esperado e no inicio de outubro corrente já apontam para 7,5%. As projeções do Focus para 2011 apresentam até o momento uma curva comportada, mas, provavelmente, no início do ano que vem, sofrerão importantes ajustes. (Ver gráfico 2).














Fonte: Banco Central do Brasil. Relatório Focus.

Ricardo Lacerda
Publicado no Jornal da Cidade em 24 de outubro de 2010


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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A rizicultura do Baixo São Francisco (2)

Ricardo Lacerda

Um aspecto positivo da expansão da produção de arroz no Baixo São Francisco Sergipano nos últimos anos decorre do fato que ela se deveu mais ao crescimento da produtividade do que da expansão da área cultivada.

Entre 2000 e 2008, a área plantada com arroz em Sergipe, fortemente concentrada na região, teve um incremento de 14,8%, passando de 10.030 hectares para 11.510 hectares. O rendimento da cultura, nesse mesmo período, aumentou de 3.838 toneladas por hectare para 5.089 toneladas por hectare, incremento de 32,6%, o que significa que cerca de 2/3 do aumento da produção se deveu ao ganho de produtividade e 1/3 à ampliação da área.

Ainda que no ranking estadual a rizicultura apareça, em 2008, como a quinta cultura temporária em termos de área plantada e de valor da produção, atrás do milho, da mandioca, cana de açúcar e feijão, na região do Baixo São Francisco ela se constitui na principal atividade.

Valor de produção

Em 2008, o cultivo de arroz na região do Baixo São Francisco Sergipano alcançou o valor de produção de R$ 34,3 milhões, equivalente a 78,3% das culturas temporárias e a 42,1% do total da atividade agrícola da região. A segunda cultura em termos de geração de valor da produção, o coco-da-baia, somou R$ 15,8 milhões, menos da metade do resultado do cultivo do arroz. O plantio de banana, manga, mandioca, cana de açúcar e laranja são outras culturas importantes na região (Ver gráfico 1).




















Fonte. IBGE. Pesquisa Agricola Municipal

Produtores

O número de estabelecimentos produtores de arroz de Sergipe não tem a mesma dimensão dos dedicados às culturas do milho, mandioca ou do feijão. O Censo Agropecuário de 2006 contou apenas 649 estabelecimentos voltados à produção de arroz, frente aos 31.412 estabelecimentos produtores de milho, 23.338 produtores de mandioca e 6.328 de feijão.

Os estabelecimentos dedicados à rizicultura, em sua quase totalidade, são de pequeno porte, com cerca de 95% deles não atingindo a extensão de 20 hectares de área total. Em sua ampla maioria, cerca de 2/3 dos estabelecimentos, contam com área entre 3 e 5 hectares. Os estabelecimentos entre 3 a 10 hectares respondiam por 82% do total e por 71% da produção naquele ano. ( Ver Gráfico 2)
















Fonte. IBGE. Censo Agropecuário de 2006.

Segundo o Censo Agropecuário, a quase totalidade dos rizicultores é de proprietários dos seus estabelecimentos, com um número pouco expressivo de arrendatários e ocupantes. A produção de arroz é destinada principalmente ao mercado, com apenas 3% voltados ao autoconsumo familiar. Parcela expressiva da produção, 52%, é vendida diretamente à indústria e outros 45% a intermediários.

Esse breve e incompleto perfil da rizicultura sergipana, concentrada na região do Baixo São Francisco, mostra uma atividade agrícola desenvolvida em pequenas propriedades rurais, cujos indicadores de produção e rendimento agrícola têm evoluído satisfatoriamente. O valor de produção por hectare colhido, em 2008, era significativamente maior do que as culturas de sequeiro, como milho, feijão e mandioca, e mesmo acima do resultado da cana-de-açúcar e da citricultura.

Os dados apresentados pela Pesquisa Agrícola Municipal não autorizam perspectivas mais pessimistas sobre a viabilidade da cultura na região do Baixo São Francisco. Aguardemos os dados sobre os indicadores sociais do censo populacional de 2010 para comparar os rendimentos e qualidade de vida das pessoas dedicadas a essa atividade em relação às pessoas dedicadas a outras culturas. Isso não significa, todavia, que não seja desejável buscar uma diversificação da atividade agropecuária na região, com o incentivo à aqüicultura e a agregação de valor à produção agrícola. A aplicação de pesquisas específicas na região rizícola seria desejável, no intuito de avaliar as suas condições tecnológicas e de rentabilidade.

Publicado no Jornal da Cidade em 17 de outubro de 2010.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A rizicultura do Baixo São Francisco (1)

Ricardo Lacerda

O cultivo de arroz na região do Baixo São Francisco Sergipano é costumeiramente visto com pessimismo por parcela expressiva dos técnicos especializados em desenvolvimento rural. Persiste, em certos círculos, um tipo de descrença sobre a viabilidade econômica da atividade e muitos chegam a indicar a necessidade da região, uma das mais pobres do Estado, buscar novas vocações produtivas em complementação ou substituição à atividade.

Quando os dados do censo populacional de 2010 estiverem disponíveis, será possível ter um quadro mais amplo da situação das pessoas que se dedicam àquela atividade. Do ponto de vista produtivo, todavia, é patente o avanço que a cultura do arroz vem obtendo nos últimos anos. É possível, fica como hipótese, que parcela do pessimismo em relação a atividade decorra do difícil período por que ela passou na segunda metade dos anos noventa, especificamente entre 1995 e 1997, que cristalizou uma visão desalentada sobre sua viabilidade.

Produção

A produção de arroz em casca de Sergipe, fortemente concentrada no território do Baixo São Francisco, somou 19, 5 mil toneladas no ano de 1990. Dez anos depois, em 2000, a produção já se situava em 32,8 mil toneladas, 68,6% superior. Os anos de 1995 a 1997, todavia, foram de crise acentuada na rizicultura sergipana.
Depois de atingir a produção de 28,1 mil toneladas em 1994, a quantidade produzida despencou para 14,0 mil toneladas em 1995, com nova queda acentuada em 1996, 8,7 mil toneladas, e recuperação parcial em 1997, com 24,2 mil toneladas. Apenas em 1998, a produção de arroz de Sergipe superou o patamar de 1994.
Em 2008, último ano disponível na série da Pesquisa Agropecuária Municipal do IBGE, a quantidade produzida alcançou 58,6 mil toneladas, 78,1% acima da produção de 2000 e, simplesmente, 201% superior ao resultado de 1990. Não é possível considerar um mau desempenho. (Ver gráfico 1).













Fonte: IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal

Diversa foi a trajetória do outro lado do rio. A produção de arroz no vizinho Estado de Alagoas, em 1990, alcançou 26,3 mil toneladas, 35% a mais do que a de Sergipe. Passou também por uma crise intensa em meados dos anos noventa, entre 1994 e 1996. Depois de um ciclo de recuperação nos anos finais da década de noventa e nos anos iniciais da primeira década do novo século, mergulhou em uma crise de produção em 2002, da qual não mais saiu.

Em 2000, a produção de arroz de Alagoas somou 40,7 mil toneladas, 54,4% acima do resultado de 1990 e ainda 24% superior a de Sergipe. Em 2008, a produção já havia se retraído para 14,0 mil toneladas, 65,6% abaixo do patamar de 2000 e 76% inferior à produção sergipana. (Ver gráfico 1).

A área plantada de arroz em Alagoas caiu de 8.460 hectares, em 2000, para menos da metade, 3.386 hectares em 2008. Em Sergipe, por sua vez, a área plantada continuou se ampliando entre 2000 e 2008, passando de 10.030 hectares para 11.510 hectares.

Municípios

Ao longo da década verificaram-se algumas mudanças importantes na distribuição geográfica do cultivo de arroz entre os municípios sergipanos. Propriá, que em 2000 aparecia como o 3º município produtor com 6,1 mil toneladas, assumiu a liderança e em 2008 alcançou a produção de 17,5 mil toneladas, crescimento de 189,6% no período, representando 30% da produção estadual. Ilha das Flores manteve o segundo lugar no ranking, ampliando a produção de 7 mil toneladas para 11,3 mil toneladas. O município de Neópolis subiu da 4ª para a 3ª posição, com crescimento de 98,1% no período, enquanto Brejo Grande, o maior produtor em 2000, perdeu posição, caindo para o 4º lugar em 2008, registrando ligeira retração, de 1,3%( Ver gráfico 2)




















Fonte: IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal

Não há, portanto, como se referir à crise de produção na cultura do arroz em Sergipe. Mesmo pelo critério de produtividade os avanços são significativos, segundo a pesquisa do IBGE. O rendimento por hectare pulou de 3,8 mil em 2000 para 5,1 mil, em 2008, incremento de 33%. Destaque-se que a produtividade da rizicultura em Sergipe, em 2008, se situava 20% acima da média brasileira e 201% superior à media nordestina. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pam/2008/pam2008.pdf. No próximo artigo, examinaremos outros aspectos da rizicultura do Baixo São Francisco Sergipano.

Publicado no Jornal da Cidade em 10 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Criação de emprego industrial em Sergipe no ano de 2010

Ricardo Lacerda

A evolução recente do emprego industrial em Sergipe tem se destacado da média brasileira e vale a pena examiná-la. Entre janeiro e agosto de 2010, foram criados 1.947 empregos com carteira de trabalho na indústria de transformação em Sergipe, o melhor resultado da série iniciada em 1999. Observando a série acumulada em 12 meses, no período entre setembro de 2009 e agosto de 2010, foram criados 4.861 empregos no setor. A vantagem de se observar a série em doze meses acumulados é que são eliminados os efeitos sazonais, posto que todos os meses do ano são considerados na análise.

Nessa série de doze meses, o emprego formal na indústria de transformação apresentou, em agosto, taxa de crescimento de 13,82%, quase o dobro da média brasileira, de 7,87%. Foi o terceiro mês subseqüente em que Sergipe registrou o melhor resultado do país. Cabe, então, examinar, quais setores, localidades e portes de empresas têm apresentado os melhores desempenhos.

Emprego setorial

Um primeiro dado que chama a atenção é que o crescimento do emprego industrial nos doze meses encerrados em agosto foi abrangente, verificando-se em todos subsetores de atividade da indústria de transformação. Cabe destacar, todavia, o desempenho de quatro segmentos: calçados, com a geração de 1.783 empregos formais; alimentos e bebidas, 755 empregos; têxtil-vestuário, 707 empregos e minerais não metálicos, que inclui a produção das fábricas de cimento e das cerâmicas, com 475 empregos.

Por diferentes motivos, o setor de calçados e a cadeia têxtil-confecção merecem uma menção especial. Sergipe vem se constituindo em um importante pólo calçadista, a partir da atração de empresas com sedes nas regiões Sul e Sudeste. O crescimento do emprego na cadeia têxtil-confecção carrega um significado especial para a economia sergipana. Afinal, a própria história da industrialização do Estado se confunde com a implantação da sua indústria têxtil, ainda no final do século XIX. Nos anos recentes, a agressividade da China no comércio internacional de produtos têxteis, ao lado da valorização do Real, impactou negativamente as atividades têxteis brasileiras, inclusive em nosso Estado. Desde janeiro de 2010, todavia, o emprego na cadeia têxtil-confecção sergipana tem apresentado recuperação, com a chegada de novos empreendimentos, além da ampliação das contratações nas empresas já instaladas.

Interiorização

Um aspecto importante do perfil da expansão industrial recente em Sergipe tem sido a implantação de indústrias no interior do Estado. Nos últimos 12 meses, dos 4.861 novos empregos industriais, 3.187 ou cerca de 2/3 foram gerados em empresas localizadas no interior do Estado, frente a 1.674 empregos (34%), na Grande Aracaju. (Ver gráfico 1).

Os municípios que mais criaram emprego industrial nesse período foram, além de Aracaju, Frei Paulo, Simão Dias, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, Estância, Aparecida, Carmópolis, Salgado, Ribeirópolis e Carira, com mais de cem novos empregos industriais, cada um, nos últimos doze meses. Os municípios de Nossa Senhora da Glória, Rosário do Catete, Itabaianinha, Itaporanga D’ajuda, Riachuelo, Barra dos Coqueiros, São Cristovão e Capela também tiveram importante incremento do emprego industrial no período. Esse movimento da indústria em direção ao interior do Estado é um dos aspectos mais benéficos do crescimento recente da economia sergipana, pois concorre para a desconcentração produtiva no Estado e pode reforçar vocações produtivas locais.













Fonte: MTE-CAGED

Porte das Empresas

Parte expressiva dos novos empregos industriais no período analisado foi criada em estabelecimento com até 19 funcionários, classificados como microempreendimentos. As empresas desse porte geraram 1.717 empregos nos últimos doze meses, o que corresponde a 35% do saldo do emprego industrial no período. Mas a atração de novos empreendimentos nos segmentos já mencionados fez com que os agrupamentos de estabelecimentos de médio e grande portes também conhecessem uma expansão expressiva no emprego. As empresas com mais de 500 empregados, em sua quase totalidade no setor de calçados, criaram 1.409 novos postos de trabalho, 29% do total da indústria de transformação. E as empresas de médio porte, entre 100 e 499 empregados, criaram outros 1.240 empregos, 26% do total do setor industrial.












Fonte: MTE-CAGED

A expansão recente do emprego industrial de Sergipe, muito acima da média nacional, revela, sobretudo, o interesse de empresas em aumentar a presença no mercado de consumo da região Nordeste, que vem se expandindo a taxas significativamente mais elevadas do que a média brasileira. Parte expressiva desse crescimento é recuperação de postos perdidos durante o período mais agudo da crise financeira internacional, mas outra parte reflete o ciclo expansivo da economia brasileira.



Publicado no Jornal da Cidade em 03/10/2010

Os pequenos empreendimentos e o desenvolvimento (3)

Ricardo Lacerda

No presente artigo, serão examinadas algumas linhas de políticas de apoio aos micros e pequenos empreendimentos implementadas no Brasil e em Sergipe. Com ele, encerra-se a série de três artigos sobre a importância dos pequenos empreendimentos no desenvolvimento econômico.

As políticas de apoio para os pequenos empreendimentos podem abranger uma diversidade de linhas de ações que buscam, de um lado, contrabalançar as desvantagens desses empreendimentos frente às grandes empresas e, de outro lado, fortalecer as suas vantagens competitivas. Mas, sobretudo, essas políticas assumem como pressuposto que a competitividade de um sistema produtivo depende do bom funcionamento das empresas de diferentes portes. O entendimento é de que o fortalecimento dos pequenos empreendimentos é importante não apenas para elas próprias ou por conta do peso expressivo na geração de ocupação e, sim, por que concorre para conferir competitividade às cadeias produtivas.

As políticas de apoio

As políticas de apoio aos pequenos empreendimentos abrangem a capacitação profissional e empresarial, simplificação e desoneração tributária, apoio à formalização, acesso a incentivo locacional, estímulo a formação de redes de cooperação, dentre muitas outras. Três linhas de ação, todavia, são especialmente significativas e sobre elas o presente artigo pretende concentrar seu foco: o acesso ao crédito, o uso do poder de compra e as políticas de extensão tecnológica.

A restrição de acesso ao crédito ou as condições desvantajosas desse acesso constituem importantes desvantagens dos pequenos empreendimentos. A ausência de garantias aceitáveis por parte do sistema financeiro e o custo de gerenciamento de operações creditícias de pequeno montante unitário limitam ou simplesmente podem tornar proibitivos o acesso desses empreendimentos aos recursos do sistema bancário. Frente à limitação de recursos próprios ou de crédito para expandir suas atividades, os pequenos empreendimentos, muitas vezes, utilizam o próprio capital de giro para expandir suas instalações ou ampliar o estoque de insumos e mercadorias, impondo-se condições inadequadas de prazos e custos que podem levar ao insucesso boas oportunidades de investimentos.

O uso do poder de compra consiste em uma das políticas de apoio de maior alcance para os pequenos empreendimentos. Contrariamente ao senso comum, as políticas de uso do poder de compra não se limitam à aquisição pelo setor público de bens e serviços fornecidos pelas pequenas empresas, ainda que essa seja uma das principais linhas de atuação. Empresas de maior porte podem formar redes de pequenos fornecedores por meio do uso do seu poder de compra e construir a partir desse relacionamento importante fonte de competitividade para si e para as empresas parceiras. Podem ser construídas vantagens mútuas na formação dessas redes: para o grande empreendimento é muito bem vinda a formação de um conjunto de fornecedores qualificados situados próximos a ela, capazes de assegurar o suprimento de bens serviços de forma regular e adequada e com capacidade de atender necessidades específicas do seu negócio. Para os empreendimentos de menor porte, a política do uso do poder compra pode assegurar mercado estável e, muitas vezes, formas de acesso ao crédito tanto para o giro quanto para o crescimento da empresa. Uma das questões mais sensíveis nessas redes é a de encontrar uma boa governança na sua formação como forma de garantir o equilíbrio no relacionamento entre os parceiros.

Finalmente, a extensão tecnológica tem sido uma modalidade de política de apoio que ainda não ganhou a robustez desejada, embora já seja praticada há algum tempo. A extensão tecnológica surge de fato como ‘assistência técnica’ ao produtor rural, como forma de disseminar práticas mais modernas de produção e gestão. Em grande parte impulsionada pelo avanço das tecnologias da informação e pelas perspectivas abertas para os pequenos empreendimentos a partir da reestruturação produtiva dos anos noventa, governos e instituições despertaram para necessidade de fortalecer as ações de extensão tecnológicas nas principais cadeias produtivas brasileiras, que se ressentiam de uma maior aproximação entre o setor produtivo e instituições de ciência e tecnologia.

Brasil e Sergipe

As políticas de apoio aos pequenos empreendimentos vêm ganhando consistência no Brasil e em Sergipe como um fruto do amadurecimento das instituições em torno de pontos amplamente debatidos e do fortalecimento do compromisso com esse segmento. A implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas que delimita condições diferenciadas para esse segmento é o melhor dos certificados desse compromisso. Vêm sendo promovidos avanços relativos a desonerações e simplificação tributária, estímulo a formalização das empresas e iniciou-se um importante processo de desburocratização, que ainda requer, reconheça-se, muitos passos até se aproximar dos padrões de países de maior cultura empresarial.

No que tange às três linhas de ação destacadas nesse artigo, muito tem se avançado no Brasil e em Sergipe. A conquista de um ambiente macroeconômico benigno, ao lado da atuação mais incisiva dos bancos públicos, tem propiciado nos últimos anos importante redução nas taxas de juros e no acesso ao crédito por parte dos pequenos empreendimentos. Pesquisas junto a empresas de algumas cadeias produtivas sergipanas já vêm revelando nos últimos anos que o alto custo do acesso ao crédito deixou de ser o principal entrave à expansão dos negócios, como costumava ser apontado até o inicio dos anos 2000. A expansão das operações de microcrédito e condições diferenciadas de taxas de juros para os pequenos empreendimentos são práticas dos bancos oficiais, ainda que haja largo campo para avançar em termos de simplificação nas operações.

Digna de destaque tem sido a política de uso do poder de compra do governo de Sergipe. No âmbito da implantação da Lei Geral, a administração estadual estabeleceu condições muito favoráveis para o acesso dos pequenos empreendimentos às compras públicas, o que teve o efeito de mudar radicalmente o perfil dessas aquisições, com o incremento substancial da participação desse segmento. Grandes empresas, como a Petrobras e algumas empresas privadas situadas no estado, contam com programas de qualificação de fornecedores, que resultam em importantes ganhos para ambas as partes, fortalecendo a competitividade das cadeias produtivas, ainda que o escopo dessas ações possa ser ainda ampliado substancialmente.

Finalmente, a extensão tecnológica é necessariamente uma linha de ação cujos benefícios são essencialmente de médio e longo prazos, mas de grande potencial para o desenvolvimento do Estado. Nesse capítulo, importantes programas e ações estão sendo implementados. Cabe destacar o programa de apoio aos Arranjos Produtivos Locais, a implantação do Núcleo de Excelência de Petróleo e Gás na Universidade Federal de Sergipe e a nova estruturação do SergipeTec. Reconheça-se o esforço da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação de Sergipe- FAPITEC com o lançamento de editais públicos direcionados a superação de gargalos tecnológicos de pequenos empreendimentos do estado, a exemplo do que já vinha sendo executado nacionalmente pelo SEBRAE em associação com a FINEP. A extensão tecnológica deve ser fortemente impulsionada com a plena implantação do Sistema Brasileiro de Tecnologia- SIBRATEC, rede que abrange universidades, centros e institutos tecnológicos com o objetivo de aproximar as instituições de ciências e tecnologias das efetivas necessidades do setor produtivo.

O apoio aos pequenos empreendimentos é essencial para o desenvolvimento mais equilibrado do sistema produtivo brasileiro. A quebra de preconceito em relação ao segmento e novas linhas ação voltadas para o seu fortalecimento apontam para uma nova postura em relação ao seu papel no desenvolvimento.
Publiado no Jornal da Cdade em 25/04/2010.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Crédito e inadimplência em Sergipe

Ricardo Lacerda

Em artigo publicado no domingo passado na Folha de São Paulo, intitulado “A história e seus ardis. O lulismo posto à prova em 2010”,o jornalista e professor de ciências políticas da USP, André Singer, sintetiza o tripé de medidas voltadas para o aumento do consumo popularque teria sido responsável pela hoje forte identificação entre o presidente da república e a população:o Bolsa Família, o crédito consignado e o forte aumento real salário mínimo, a partir de 2004. O autor assinala que “os três aportes juntos começaram a surtir um efeito tão poderoso quanto subestimado: o mercado interno de massa se mexia, apesar do conservadorismo macroeconômico.(Ver em http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36445”).

A expansão do crédito na economia brasileira decorreu de uma série de mudanças institucionais, em que o crédito consignado para as pessoas físicas foi uma das modalidades mais percebidas. Quando o mercado financeiro internacional sucumbiu ao final de 2008, a resistência e a rápida recuperação da economia brasileira deixaram surpresos muitos analistas econômicos.

Pessoas Físicas

Ao longo do governo Lula, inovações institucionais que reduziam os riscos e a queda paulatina da taxa de juros impulsionaram a expansão do crédito para pessoa física, cujo saldo de operações passou de 5,7% do Produto Interno Bruto- PIB, em agosto de 2003, para 12,8% em agosto de 2008, imediatamente antes da deflagração da crise de crédito no mercado financeiro internacional. Ao longo de 2009, mesmo diante das dificuldades econômicas, o saldo de crédito para pessoas físicas continuou se expandindo e se constituiu em uma das principais forças que se contrapuseram à influência recessiva que vinha de fora do país. Em agosto de 2009, esse saldo alcançou 14,3% do PIB, e, em agosto próximo passado, montou 15,3%. (Ver gráfico 1)









Fonte: Banco Central do Brasil


Sergipe

Desde 2004, as operações de crédito para pessoa física também conheceram forte expansão em Sergipe, com taxa média de crescimento nominal (sem descontar a inflação no período) de 39% ao ano, entre junho daquele ano e junho de 2010. A expansão deste crédito, ao lado do aumento do emprego e dos rendimentos da população, foi determinante na expansão do comércio sergipano no período. Em termos reais, descontado pelo IPCA do período, entre junho de 2004 e junho de 2010, o saldo de operações de crédito na economia sergipana cresceu 456%.

A expansão do crédito para pessoa física pode, de fato, levar a excessos, quando as famílias não observam os limites da capacidade de endividamento. Entretanto, é curioso observar que o forte incremento das operações de crédito às famílias, o crédito para pessoa física, não foi acompanhado pela elevação da taxa de inadimplência. Pelo contrário, levantamento do Banco Central do Brasil informa que a taxa de inadimplência do crédito de pessoa física vem caindo ao longo dos últimos anos na maioria das regiões brasileiras. A exceção é a região Sul, em que se manteve relativamente estável, com alguns picos em 2009.

Em junho de 2004, a taxa de inadimplência dessa modalidade de crédito foi de 8,8% na região Nordeste, 7,8% em Sergipe, 5,1% na região Sudeste. Desde então, as taxas de inadimplência do crédito de pessoa física não apenas vêm convergindo entre essas três áreas como a de Sergipe passou a se situar abaixo da média da região Sudeste. Na verdade, desde julho de 2009, a taxa de inadimplência do crédito de pessoa física tem sido menor em Sergipe do que naquela região.

As inovações institucionais, o crescimento do emprego formal e a melhoria de renda das famílias certamente explicam a maior parte da redução da inadimplência nas operações de crédito de pessoas físicas em Sergipe e na região Nordeste, como um todo. É possível observar no gráfico 2, que informa a taxa média móvel trimestral de inadimplência do crédito de pessoa física, que em meados 2009 houve um repique da taxa de inadimplência nos três agregados analisados, como rescaldo da crise financeira internacional. Com a retomada do nível de atividade e com a forte expansão do emprego a partir do segundo semestre de 2009, a taxa de inadimplência voltou a cair. No caso de Sergipe, a taxa inadimplência do crédito de pessoa física em junho de 2010 se reduziu a menos da metade em relação ao início de 2004.










Fonte: Banco Central do Brasil

Emprego, crédito, transferências sociais e elevação do rendimento são os principais vetores da formação do mercado de consumo de massa no Brasil nos últimos anos. Os dados de inadimplência, para o bem de todos, se comportaram muito bem, notadamente no Nordeste e em Sergipe.

Publicado no Jornal da Cidade em 26 de setembro de 2010