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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (4)

Ricardo Lacerda

A análise da estrutura do setor de serviços guarda dificuldades não encontradas no exame dos setores agropecuário e industrial. O próprio caráter intangível,que está na essência da caracterização das atividades de serviços,torna menos exata amensuração das quantidades produzidas e da riqueza criada. Para alguns subsetores de serviços, a apuração do valor pelo IBGE é feita com base em indicadores indiretos.

Acrescente-se a isso, as dificuldades causadas na agregação de uma diversidade de atividades abrangidas por esse setor da economia, que inclui desde a renda gerada nas três esferas de governo, o pagamento de aposentadorias e pensões, a prestação de serviços às empresas, como consultorias e serviços de engenharia, a prestação de serviços às famílias, como cuidados de higiene e beleza, os serviços financeiros, o comércio, os serviços privados de saúde e educação, a alimentação fora de casa e a hospedagem, entre outros.

De maneira geral, a evolução do setor de serviços acompanha a expansão do processo de urbanização. As cidades são o local, por excelência, da prestação de serviços. A atividade tende a ganhar peso na riqueza gerada na medida em que a economia de um país ou de uma região cresce e a população urbana aumenta.

Com a abrangência citada, o setor de serviços, em 2008, respondia por 61,8% da riqueza gerada na economia sergipana, cerca de 7 pontos percentuais a menos do que na média da economia brasileira (66,7%) e da média da região Nordeste (66,8%).Como vimos no primeiro artigo dessa série voltada para a análise da especialização da economia sergipana, esta participação menor do setor serviços decorre do peso acima das médias nacional e regional que as atividades industriais apresentam no caso de Sergipe.

Administração Pública

Em 2008, o subsetor Administração Pública, incluindo a seguridade social, respondia por 24,5% da riqueza gerada em Sergipe. Ou seja, cerca de um em cada quatro reais gerados na economia sergipana são originados no setor público, contando com os gastos dos governos federal, estadual e dos municípios e as aposentadorias, pensões e outras transferências de recursos.

Se forem consideradas ainda as atividades de extração de petróleo e gás, 9,8% do Valor Adicionado Bruto, e parte expressiva dos Serviços Industriais de Utilidade Pública, como os serviços de fornecimento de água, saneamento e a energia gerada pela Usina Hidroelétrica de Xingó, 7,9% no total, pode-se inferir a importância das atividades da administração pública e do setor produtivo estatal para a economia sergipana. O gráfico a seguir apresenta os pesos do setor serviços e do subsetor administração pública nos estados do Nordeste e na média da região e do Brasil, sem considerar, nesse caso, a contribuição das empresas públicas na geração do Valor Adicionado Bruto.

Ainda que o peso das atividades da administração pública no Valor Adicionado da economia sergipana, 24,5%, se situe muito acima da média do Brasil, 15,8%, e um pouco superior à do Nordeste, 22,2%, ele não distoado resultado da maioria dos outros estados do Nordeste, em que a participação chega a alcançar 31,3%, no caso da Paraíba, e 28,3%, no Piauí. (Ver gráfico).
Fonte: IBGE-Contas regionais de 2008. Obs. A participação do Subsetor de Administração Pública abrange também a Saúde e Educação Públicas e a Seguridade Social.

As especializações

Excluindo a participação da administração pública, para evitar distorções na comparação com as médias do Nordeste e do Brasil, as atividades de maior peso no total do Valor Adicionado do setor de serviços sergipano, naquele ano,eramo comércio, com 30,6%, as atividades de aluguel e administração de imóveis, 20,4%, o subsetor de transporte, 11,8%, o subsetor financeiro, 9,4% e a prestação de serviços às empresas, 7,0%. A lista completa está apresentada na tabela. Essas participações não divergem muito dos resultados encontrados para o Nordeste, embora possam ser bastante diferentes dos obtidos para a média do Brasil.

Em relação à média do país, as atividades de comércio, de aluguel e administração de imóveis, de transporte e de alojamento e alimentação fora de casa, além dos serviços domésticos, apresentavam, em 2008, maiores pesos na economia sergipana. Por outro lado, os serviços financeiros, as atividades de prestação de serviços às empresas, os serviços de informação, os serviços financeiros e os serviços privados de saúde e educação tinham menor participação na economia sergipana do que na média do país.

Comparativamente ao Nordeste, Sergipe era relativamente especializado nas atividades de transporte, nos serviços financeiros e nas atividades de aluguel e administração de imóveis. Situava-se em posição próxima ou igual a do Nordeste nas atividades de serviços às empresas e nos serviços de informação. Nas atividades de saúde e educação mercantis, alojamento e alimentação e nos serviços às famílias e comércio, situava-se abaixo da média regional.

Ainda que as estatísticas sobre as atividades de serviços sejam menos precisas do que as dos demais setores, os indicadores de especialização relativa propiciam umavisão panorâmica dos segmentos em que Sergipe tem se destacado mais do que as médias do Nordeste e do Brasil.

Assim, chamam a atenção as atividades de aluguel e de administração de imóveis, de transporte e mesmo as do setor financeiro, estas últimas relativamente mais desenvolvidas em Sergipe do que na média regional.No próximo artigo, serão examinadas as especializações relativas dos territórios sergipanos, com o que será encerrada essa série sobre as especializações produtivas de Sergipe.

Fonte: IBGE-Contas regionais de 2008.
Obs. Participação calculada extraindo os valores da administração pública.
Publicado no Jornal da Cidade em 12/12/2010


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